terça-feira, 12 de outubro de 2010

TRIBUTO À MEMÓRIA CURTA

Sons,
Ruídos,
Tudo em um segundo.

Explosões,
Ruínas,
Tudo em um minuto.

Sangue,
De tudo que é gente jorra,
Em menos de uma hora.

Guerra e atentados,
Mortes e tudo o que é insano,
No intervalo de um ano.

Tempo!
Dias a fora,
Em apenas uma década tudo vira história.

2006

II

Morcegos negros                                                                                                          
 “Citação ao livro morcegos negros de Lucas Figueiredo”.

O cigarro queimava no cinzeiro,
A sensação de leseira lhe tomava o corpo,
Seu copo de uísque Já ao meio,
Generosas gramas de pó no espelho;
E os seus pensamentos, ainda que lentos, vigoravam.

A reunião passou para um estado lânguido e tenso,
Os olhares avermelhados de cansaço e as vozes hora graves tornaram-se roucas.
Às vezes o silêncio bradava ao esquecimento.

Linhas e linhas são escritas em ata sublime,
Registro longo em uma tortura árdua,
Nos bastidores do poder conspiravam ao crime,
Gente graúda de cara limpa deixava pendurada as suas mascaras.

Dinheiro e poder,
Combinação perigosa,
Drogas,
Lavagens,
Esconderijos fiscais,
Viagens,
Propina!

Não era um mero factoide desnecessário,
Mesmo que muito se abafava.
Era algo além e aquém do que a corrupção que rolava,
Eram indícios de controle de pura máfia.
(Ingenuidade era só dos caras pintadas)
  
Houve assassinatos,
Queima de arquivos,
Muita sujeira no país do carnaval!
Vistas grossas no reino do futebol.

Você já se pôs a questionar,
o quanto não sabemos?
Você já tirou alguma estimativa
Do quanto nos foram roubados
Em todos estes anos?

Nos bastidores é que estão os verdadeiros donos,
Enquanto não passamos de números.
É por de baixo dos panos!
Sempre será.

Cultura às avessas,
Eterna inversão de valores,
Éticas desonrosas,
Ignorância pouca?

A reunião então chegara ao fim,
Com uma farta partilha de um nobre queijo de dólares.

2006

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