sábado, 2 de outubro de 2010

APNÉICO (APNÉIA DO SONO)


Todos os sonhos professam manhã,
Sob a noite o poeta deflora
Lirismo alecrim sobre a luz diuturna,
Vencida nessa que é dulcíssima pugna”
Michael Meison, trecho de Prelúdio
(O andor das estrelas)

Forjaram a nossa cela
Para que nós não nos sentíssemos livres;
Nos cantos havia os candelabros e as velas
E no chão mil cacos de vidro.

Havia dor, eu sei.
Havia pouca luz e muitos sons e gritos.
Ao fim, um corredor,
E debaixo dos pés,
O abismo.

A inquietação de tudo o que há.
Naquela pequena e escura sala não havia saída,
Dialoguei com a própria morte,
Para entender um pouco da vida.

Senti bem perto, sussurros de demônios meus,
Estático, consciente e ao mesmo tempo adormecido,
Gritei por ajuda, talvez de Deus,
Achando que já tinham me esquecido.

Perdi a respiração!

Ai então acordei... Havia silêncio,
E uma grande sensação de alívio,
No lugar das celas havia as janelas,
E em vez da prisão havia um abrigo.

28/08/2005

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