Atracado estava, num cais do porto,
Um náufrago navio, um corpo semimorto,
Um morto vivo, tal qual um zumbi, estava ali,
Carregado de algas num casco tosco.
Enfileiravam-se para o desembarque,
todos de olhos fundos,
Seminus, imundos,
todos só pele e osso,
Um alvoroço, de defunto perdido,
Procuravam atentos,
alguém talvez,
que os tivessem perdidos,
na imensidão daquele oceano
Um amor partido, um parente amigo,
um pai, uma mãe;
Nos escombros de uma embarcação sumida em tempos findos,
Erguiam-se capitães e marujos, do mais luxuoso barco,
nunca antes visto,
agora, um cemitério flutuante.
Havia caveiras amantes,
com taça de champanhe nas mãos,
Brindando o que ali se findava,
uma longa jornada,
para o fim daquela viajem.
05/07/2006
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