E você que só fez de mais – valia o nosso amor,
Esqueceu-se que além de nós existe um outro mundo
Esperando-nos, e esperando a passagem da
nova estrela guia
Como uma Condor, voa a procura de abrigo,
De um canto de paz.
Procurando um novo ninho,
Para muito além do porto e do caís,
debaixo da mais alta Jaqueira, lá bem dentro do Jângal.
Onde o homem faz parte do caminho, Por que
É também ponte para o outro lado do saber.
E muito mais além ainda do simples querer, és o equilíbrio,
Entre Deus e o Jurupari, O Inferno e os Céus:
É o senhor da Terra, aquele que tem consciência
Dentre todos os animais, mas que ainda não aprendeu
A trilhar sozinho, sem desrespeitar a natureza...
Contrariando a virtude de ser humano.
30/08/2003
II
Para o meu primeiro amor
Acordei com uma preguiça,
destas boas de ficar na cama debaixo das cobertas,
de esvaziar a mente,
de poder não pensar em coisas importantes.
Sou feita de ternura, saudades
e frustrações,
só sei do que é importante pra mim,
e não me interessa o que os outros pensam.
Sinto falta muitas vezes
do que não vivi e do que vivi também,
sinto falta dos cuidados maternos,
dos abraços sinceros.
Falta da pequena grande mulher
que me ensina até hoje,
como as grandes mulheres devem ser,
fortes como mãe:
Como a minha mãe.
12/09/03
III
Outros invernos
Que este inverno frio e impiedoso,
Que nos entristeceu ainda mais
do que noutros invernos,
Vá logo embora.
Que este clima sem vigor e vil,
Que nos gelaram a alma e
Nos fizeram esquecer do amor
Se vá, e não volte nunca mais.
Porque algum tempo a traz
Guardávamos no peito,
Uma tocha acesa que nos queimava
A carne.
E nos esquentávamos do inverno
Em nosso leito terno, coberto com
As chamas de uma paixão, que este
Frio todo não conseguia apagar.
Transformando em gotas todo o gelo,
Tão pequenas gotas, que não de lágrimas,
E muito menos de rancor;
Sim, gotas de faísca, que nos queimavam
Tudo ao redor, feito brasa, que soprava.
Da fogueira do nosso amor.
29/08/03
IV
Sensação
Da Poesia clara são ditas palavras raras,
Que só os que amam podem dizer,
Na rua cai a chuva rala, e inunda a valeta imunda,
Enquanto o pensamento voa,
A voz já não se escuta,
E o amor é uma cilada,
Onde a gente se entrega,
Pedimos auxílio em plena queda.
A traição é uma facada que não nos fura, nos corta,
Nos faz sangrar para sempre,
É a morte, que nos leva lentamente.
Sinto o meu suor pingar em minhas pernas dormentes,
No labirinto onde vivo existem setas e um punhado de gente;
A minha voz grave é imponente,
Na constante procura da minha cura, deste ser tão dependente,
Fogem o tom, o som e os acordes que ela própria não compreende.
E as poesias em meus ouvidos tocam e me soam como música,
Uma força bruta que me arremessa contra a parede
E me invade o peito com todo o sentimento.
Com tudo aquilo que não se vê não se toca, não se ouve,
Apenas se sente.
2005
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