Quero cantar-te ó noite fúnebre;
Saudações de seu discípulo noturno!
De seu mais célebre e soturno,
Entre a minha sordidez, meus pensamentos pagos,
Por migalhas deixadas por escravos vagos.
Quero sucumbir-me entrelaçado em sua brisa fina,
Vagar nas calçadas da cidade fantasma,
Espantar dos telhados seus gatos sádicos,
E ter nos becos, sabedoria, com os teus ratos.
Quero ver-te ó lua meia, ontem, ainda cheia,
Agora um buraco no vácuo.
Quero ver-te estrelas guia,
A cidade baixa se ilumina,
Com as suas luzes cintilantes.
Quero não sonhar esta noite,
Não ter com os seus pesadelos.
Ouvir o murmúrio de mendicância ecoando de teus
guetos, desvendar aos poucos os teus segredos.
Quero ver minha sombra de subúrbio,
Assustando, pichadores surdos,
Assaltantes burros,
Atrás de cada poste.
À meretriz vou dedicar um soneto,
Para a cafetina um café pequeno.
Para o guarda um cachorro quente,
E ao mendigo, um gole de aguardente.
2005
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