quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

GLENN HUGHES E RONNIE VON

Dias atrás estava sapiando a TV e me deparei com nada menos que Glenn Hughes fazendo um som ao vivo no programa Todo Seu de Ronnie Von, o príncicipe da jovem guarda e a voz do rock juntos. A simpatia e a cumplicidade entre os dois me chamou a atenção, que Ronnie Von tem bom gosto para música eu já sabia mas que um músico deste cacife era seu amigo eu nem imaginava. Ronnie falou da primeira vez que Hughes foi ao seu programa então pesquisei no YouTube e encontrei os vídeos deste outro programa onde Hughes faz uma apresentação fantástica tocando clássicos de sua época de Deep Purple e Trapeze no formato acústico.
Além de tocar com os maiores nomes do Rock Internacional dos anos 70 Hughes também possui um trabalho solo o qual está escursionando aqui por estas bandas. Hughes fez parcerias com David Coverdale no Purple, tocou no Black Sabbath e lançou dois ótimos discos com Tony Iommi, Sessions de 1994 e Fused de 2005 tenho os dois e recomendo, heard rock puro, outra grande parceria foi com o também ex-vocalista do Purple e Raimbow, Joe Lynn Turner, onde gravaram Hughes Turner Project - On the Ledge outra aula de Rock de 2002.  Hoje, como postei anteriormente, Glenn Hughes formou uma super e nova banda o Black Cuntry Communion junto com Jason Bohan filho do lendário baterista do Led Zeppelin, Jonh Bohan.  Rock de qualidade em um dos poucos programas de qualidade da TV Brasileira, sem esquecer que Ronnie Von tem uma grande paticipação na história do Rock deste País. 
Postei abaixo os videos das participações de Glenn Hughes no programa Todo Seu da TV Gazeta:



sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PLAYING FOR CHANCE (TOCANDO POR MUDANÇA)

Playing for change é a extraordinária reunião entre Músicos e Vocalistas de diversas partes do mundo, ultilizando a inovadora tecnologia de Vídeo e áudio Móvel, o projeto captura imagens de vários artistas individualmente tocando a mesma música em várias partes diferentes do mundo. Todas as músicas são gravadas ao vivo por mais de 100 músicos
com participações especiais de Bono Vox, Bob Marley, Keb Mo, Afro fiesta e muito mais. O intuito desse projeto é trazer reflexão, inspirar, conectar as pessoas e trazer paz ao mundo através das belas músicas inclusas no projeto que leva o Nome de Playing for Change em português Tocando por Mudança !!!

O engenheiro de som Mark Jonhnson andava numa estação de metrô nova-iorquino, a caminho do trabalho, quando viu - e ouviu - a cena. Eram dois monges vestindo túnicas brancas, um deles tocando violão com cordas de nylon, e o outro cantando. Quando olhou em volta, viu cerca de 200 pessoas atentas, algumas chorando, outras rindo. Agora, dez anos depois, Johnson lança o CD/DVD " Playing for change: Songs around the world" (Universal) - o projeto, que une músicos de rua de diversos lugares do mundo, é fruto de uma ideia que nasceu naquela estação, perante aqueles monges.
Fonte: O Globo Cultura - publicada em 25/05/2009 às 07h26m.

Eu vi o vídeo de Stand by me na TV e fui correndo pesquisar, uma ótima iniciativa e mostra o talento de músicos de rua de toda parte do mundo, realmente este vídeo chega arrepiar e podemos perceber que atrás de muitos rostos simples escondem verdadeiros artistas que infelizmente estão fora do mercado fonográfico que insiste em produzir e lançar grupos e pseudoartistas fabricados, rotulados e finalmente vendidos a grande massa consumidora. Taí um  produto com grande valor a ser consumido, postei o vídeo abaixo, confiram e comentem.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

BLACK COUNTRY COMMUNION

Black Country Communion é o nome da mais nova super banda formada pelo baixista e vocalista Glenn Hughes (DEEP PURPLE, BLACK SABBATH, TRAPEZE), Jason Bonham (LED ZEPPELIN), baterista e filho de John Bonham, o tecladista Derek Sherinian (DREAM THEATER) e o guitarrista de blues rock Joe Bonamassa.
Ouvi o single One Last Soul e encontrei mais algumas outras faixas do CD no YouTube, a sonoridade é Rock de gente grande feito por gente grande, como sempre a voz do rock como é conhecida  a de Hughes impressiona e os arranjos e riffes de guitarra e do restante da banda nos remete ao bom Rock pesado setentista.
Realmente recomendo e fica ai mais uma dica para quem curte boa música.



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

IT MIGHT GET LOUD - A TODO VOLUME (DICA DE CINEMA)

It Might Get Loud é um documentário que junta três guitarristas e figuras ilustres do Rock para falar sobre suas carreiras e principalmente sobre o instrumento o qual se dedicaram a vida toda.
Seu titulo em português ficou como A Todo Volume e mostra o retrato de três mestres da guitarra de diferentes gerações que se encontram pela primeira vez para compartilhar suas histórias. Eles contam como desenvolveram o som e o estilo de tocar os instrumentos favoritos, os motivos que os levam a compor e mostram algumas músicas, até compõem uma exclusiva onde tocam juntos no final do filme.

It Might Get Loud (no Brasil, A Todo Volume) é dirigido por Davis Guggenheim, que mostra o profundo envolvimento de três emblemáticos músicos de diferentes gerações e estilos com a guitarra. Jack White (The White Stripes), The Racounters, Dead Weather), Jimmy Page (Led Zeppelin) e The Edge (U2) falam do início de suas carreiras, influências musicais e equipamentos, além de tocarem sucessos de seus respectivos trabalhos. Inusitadas imagens de arquivo, como as que mostram o então ainda adolescente James Patrick Page tocando na TV britânica, enriquecem o documentário, tornando-o um prato cheio para admiradores de rock, e em especial, de guitarra. 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Eu toco guitarra e sou um grande fã de guitarristas que criaram estilos e compuseram boa parte dos grandes rifes da história do Rock.
Fiquei impressionado com a entrega de Jack White em busca de uma sonoridade que soasse rústico e ao mesmo tempo tivesse uma linguagem contemporânea; ver The Edge demonstrando todo seu aparato sonoro e suas criações simples que molduraram o som do U2 e é claro a magia do mestre Page contando sua história e interagindo com os outros dois, The Edge em um momento do filme faz perguntas a Jimmy Page com uma curiosidade clara de um fã.
Só tenho a dizer que está dica é para fãs de boa música, e para aqueles que acham que não é possível juntar músicos de estilos diferentes sendo que no Rock a palavra que vale é, liberdade, seja de expressão ou apenas de formas diferentes de tocar um mesmo instrumento. Um belo documentário e muito bem dirigido e é claro eu recomendo.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

OS FILMES SOBRE A BANDA THE DOORS E RESENHA DO DOCUMENTÁRIO DEFINITIVO SOBRE A BANDA


The Doors (The Doors - O Mito de uma Geração) é um filme de 1991 sobre Jim Morrison e os The Doors. Foi realizado por Oliver Stone, e teve Val Kilmer no papel de Morrison, Meg Ryan como Pamela Courson (companheira de Morrison), Kyle Maclachan como Ray Manzarek, Frank Whaley como Robby Krieger, Kevin Dillon como John Densmore e Katheleen Quinlan como Patricia Kennealy.
O filme dos The Doors esteve em desenvolvimento durante quatro anos em diferentes estúdios. Durante bastante tempo, John Travolta era o mais apontado para o papel de Jim Morrison.

Sinopse
Uma das mais sensuais e excitantes figuras da história do rock explode nas telas em The Doors, um filme eletrizante sobre o homem, o mito, a música e a magia que foi Jim Morrison. Morrison (Val Kilmer), deus do sexo. Alto Sacerdote do excesso. Um poeta disfarçado na pele de um astro do rock. As mulheres o desejam, os homens desejam ser como ele. Numa época chamada anos 60, num lugar chamado Estados Unidos, nenhum sonho era mais brilhante do que ser o líder de uma banda de rock chamada The Doors.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Conheci a banda The Doors após ter visto a imagem de Jim Morrison no caderno de um colega de escola o Darcio e como eu já era um garoto fissurado em rock puxei conversa com ele para conhecer mais sobre está banda e este cara da capa do caderno. Mais tarde já amigos o Darcio me emprestou o vinil The Best of dos Doors, uma coletânea com todos os sucessos que me fez pirar de vez a cabeça por aquela banda, o ano era 1994 e estávamos próximos a data de aniversário de Jim Morrison e isto fez com que nas bancas de jornal todas as revistas especializadas em música saíssem com alguma matéria especial sobre ele.

Comprei todas e me enchi de informação e em uma destas revistas li sobre o filme de Oliver Stone. Fui correndo a locadora para alugar The Doors o filme ainda em VHS.

A interpretação de Val Kilmer foi realmente impressionante e a trilha do filme melhor ainda, as cenas de Shows foram o que mais me estimulou, já tocava violão e realmente foi por causa deste filme que mais tarde eu montaria a minha primeira banda.

Os anos foram passando e eu acumulei uma grande coleção de CDs, vídeos, livros e artigos sobre a banda e principalmente sobre Jim Morrison. Na medida em que eu o conhecia, maior ficava o meu descontentamento pelo Morrison interpretado por Val Kilmer, eu culpo o roteiro, o Jim Morrison de Oliver Stone é um Morrison alucinado e quase todo o tempo do filme está entorpecido por álcool e drogas e tendo alucinações com índios mortos. Entendo que o cinema deva mexer com a nossa imaginação, mas ao conhecer o personagem real desta história fiquei frustrado em saber que desperdiçaram um longa mitificando apenas o "poeta sem sentido" e o cantor alucinado e drogado, sendo quê as atitudes de Morrison no palco em vida eram mais viscerais e calculados do quê todos pensam. Morrison era um artista inteligente e sabia muito bem como arquitetar um espetáculo e tinha um bom senso de humor o qual não foram mostrados no filme. Morrison não era um depressivo suicida e sim um Sátiro que testava os próprios limites para chocar uma sociedade moralista de uma América ofuscada pela guerra.

Mas após 19 anos da estréia de The Doors o filme, foi lançado o documentário que para mim é o filme definitivo sobre a banda e sobre Jim Morrison; chamado When You´re Strange.
When You're Strange é um documentário sobre a vida do The Doors. Ele é escrito e dirigido por Tom DiCillo e pela primeira vez faz o material do filme de Jim Morrison HWY: An American Pastoral de 1969, ser publicamente disponível.
O tecladista do Doors, Ray Manzarek afirmou que: "Esta será a verdadeira história dos Doors", e que o filme vai ser "o anti-Oliver Stone", referindo-se ao filme de 1991 sobre o grupo que Stone dirigiu, e que atraiu um bocado de críticas de muitos fãs dos Doors.

O documentário foi exibido primeiro no Sundance Film Festival, em 17 de Janeiro de 2009. Ele recebeu críticas pouco favoráveis pela narração (pelo diretor DiCillo) foi apontada pela maioria dos telespectadores, muito seriamente danificado pela sua entrega monótona. Devido à onda de denúncias sobre a narração, Johnny Depp foi contratado para narrar novamente. Poucos meses depois, DiCillo pronunciada do filme "praticamente fechado", e anunciou que haveria uma demonstração da nova versão. Ele estreou no Los Angeles Film Festival, no domingo 21 junho, 2009. O filme completo também foi mostrado no London Film Festival em Outubro 16-18, 2009. O filme foi lançado nos cinemas em 9 de abril de 2010, com uma liberação de trilha sonora em 6 de abril de 2010. Foi lançado no Canadá em 15 de abril, 2010. PBS apresentou este filme como parte de sua série American Masters em 12 de maio de 2010. O filme foi lançado em DVD em 29 de junho de 2010. Na França, o filme, distribuído pela MK2, foi lançado sob o título original e recebeu uma excelente recepção.

Robbie Krieger acredita que o filme reúne um retrato mais preciso de Morrison do que o filme de 1991, afirmando: "Eu acho que quando você vê o filme de Oliver Stone - Estou impressionado como Val Kilmer fez bem - mas, você sabe, o problema com que filme é que o roteiro era meio estúpido. Realmente não captura como Jim era em tudo. Isso lhe dá uma visão muito melhor de como sua mente trabalhava, eu acho."
Krieger se sentiu "muito feliz" sobre como o filme acabou, creditando em especial o trabalho de edição. Os membros sobreviventes da banda decidiram não se envolver muito no projeto para "tentar conseguir o certo equilíbrio neutro que um estranho poderia tentar conseguir."


Sinopse

Um olhar sobre a banda The Doors, com destaque ao vocalista, Jim Morrison (1943-1971), desde a formação do grupo em 1965, quando estrearam no palco e lançaram o primeiro álbum, até a fatídica morte do cantor, após anos de uso exagerado de álcool e drogas. Ao longo do turbulento percurso, vemos cenas de arquivo com ensaios, shows e os momentos mais íntimos da banda, incluindo um show em Miami, que resultou na prisão de Morrison, acusado por obscenidade. Seu amor pelos holofotes, o desejo de se tornar um poeta e seu humor movido a álcool mostram a personalidade do astro, que variava nos altos e baixos, colecionando sucessos, escândalos e fracassos. A música da banda, que encantou toda uma geração, até hoje ainda pode ser escutada em todos os lugares do mundo.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Estes foram os filmes e o filme, em minha opinião, sobre a banda The Doors, ambos possuem o seu valor, mas o mais próximo da realidade desta história e deste incrível ser que foi Jim Morrison foi contada em When You're Strange com cenas inéditas de um Morrison vivo e quase palpavel de tão grande a qualidade destas imagens. A narração de Johnny Depp é maravilhosa e ele consegue passar a emoção necessária para se contar uma história de uma grande banda e de um período realmente estranho.


VAMPIRISMO DIURNO

Flagro ao meio dia,
meu entardecer,
Sua testa franzina 
Sobre mim, lança os teus olhos
Famintos.

Sugam feito vampiro,
Meu fôlego,
Minhas forças,
Minha energia.

2010


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

INFIERNO

Ao postar abaixo o projeto do Guitarrista Augusto Nogueira, Indireto, lembrei de uma outra banda o Infierno. Criada em 98, pelos músicos André Moraes (guitarras), Denner Campolina (contrabaixo), Henrique Zumpichiatti (voz) e Alex Fonseca (bateria), a banda INFIERNO vem confirmando seu estilo musical New Metal, com um som pesado e de alta qualidade casado a letras inteligentes e expressivas, que esboçam uma vertente crítica, agressiva e otimista da realidade em que somos obrigados a viver. Em 2001 foi lançado o primeiro trabalho do Infierno pelo selo Órbita Music, produzido por Carlos Trilha (Stone Wall e Equilíbrio distante/Renato Russo) e co-produzido por Fernando Morello e o grupo. O CD leva o nome da banda e conta com 15 faixas, onde se destascam a música "Satélites" – da trilha do filme "Bicho de Sete Cabeças" e "Fresta", entre outras. As participações especiais ficam por conta do violão de Andréas "Sepultura" Kisser em "Sete" e do violoncelista Márcio Mallard na versão mais pesada que a banda fez para o clássico "Construção" de Chico Buarque.

HOJE


Hoje quero ouvir algo que me toque,
hoje eu quero que alguém me toque,
que afine este meu ser
desafinado,
me inspire,
alguém que me beije.

Alguém que não me deixe,

entrar num baile desavisado.
Hoje eu quero uma paixão,
uma canção,
um dedilhado,
em alto tom,
um olhar.

Um banquinho,

um violão,
um perdão e 
muita saudade!

Quero alguém,

pra curtir está solidão,
do meu lado.

Igor Motta

12/12/2012



“Queria poder podar as rosas daquele jardim,
Preparar um ramalhete e dar-lhe de presente,
Para que você Deixe de enfeite em sua varanda elegante”.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PROJETO INDIRETO

Indireto é o titulo do cd do Guitarrista Augusto Nogueira e o Baterista Jean Dolabella, ambos mineiros. A união entre o guitarrista  da Scarcéus e o baterista do Sepultura primam em estilos músicais diversos e experimentais quase inclassificáveis. O cd Indireto foi gravado com participações especiais, como as de Andreas kisser, da cantora Pitty, de henrrique Portugal (Skank), de Felipe Andreoli (Angra) e da voz de nimguém menos que Milton Nascimento. 
Esta é mais uma prova de quê estilos musicais que se destinguem podem conviver juntos. Abaixo postei uma das melhores faixas deste trabalho e um vídeo para reflexão.
A música é Calice de Chico Buarque e está releitura deu fúria a grande composição deste mestre da nossa música.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

UM CONTO DE NATHANAEL RODRIGUES JÚNIOR O BILLY (1970-2006)



A VELHA CASA DA COLINA

Acerca-te do quarto, olha o seu leito, já e só um fantasma ali estendido que,
ao cantar da cotovia, terá partido. (...)
                                                               (Canção antiga),

Era o ano da graça de 1348 . A peste negra assolava a cidade de Florença. Corpos eram empilhados em praça publica e queimados, formando uma tétrica imagem de crânios, com seus miolos borbulhando feito caldeirão de uma cozinheira, levando até províncias mais longínquas o fétido cheiro de morte. Vivíamos isolados em nossa vila havia alguns meses. Tínhamos pouco contato com o mundo lá fora, e eu, descrente de que pudesse ser vítima de doença tão mortal, certa noite, resolvi transgredir as leis locais e pulei o muro para ver um pouco do que estava acontecendo nas redondezas. Então tive vontade apenas de caminhar, caminhar além dos limites da cidade... quem sabe encontrar alguém novo para conversar, quem sabe até uma bela companhia e dedicar-lhe alguma trova de maior encontro e conquistar seu coração que não foi envenenado pela peste.

Segui uma trilha tortuosa que parecia não ter mais fim, pois, até onde meus olhos alcançavam, ia dar muito além das montanhas. No meio do caminho, um homem vestindo andrajos parou-me:

_ Aonde pensa que vai, garoto? A morte está por toda parte, não se arrisque por ai à noite, pode ser perigoso! _ alertou-me com seus olhos esbugalhados, talvez de fome, ao que retirei do bolso algumas moedas e lancei-as no chão.

_ Pegue, mendigo. Precisas mais do que eu.

O homem partiu, talvez murmurando alguma praga e eu segui sem rumo, apenas pelo simples prazer de quebrar a monotonia de meses vivendo naquela vila, afastado de novos rostos, isolado da humanidade.

Levei comigo um alforje e algumas especiarias: um queijo, alguns biscoitos e uma pequena ânfora contendo o mais puro néctar das uvas de Florença; ousadia dos mais jovens, enfrentar o perigo no meio da escuridão da noite, numa época em que milhares de vidas dia após dia eram ceifadas sob o sinistro estigma da morte. Porém, graças ao Senhor, nada me aconteceu, apenas passaram por mim alguns guardas que indagaram para onde eu estava indo, ao que eu simplesmente respondi Voltando para casa.
Havia também os horrores da guerra.

O amanhecer logo chegava e, com ele, o céu, aos poucos, estava passando de leves tonalidades azul-escuro para azul-claro e, enfim para um avermelhado quase alaranjado, denunciando que aquele seria um dia quente.

Dei mais um gole em tão saboroso vinho que trazia em meu alforje e, erguendo a cabeça, pude sentir a brisa da manhã tão pura e próspera, como havia muito não sentia.  Foi então que, me percebendo do lugar, pude, ao longe, avistar uma pequena colina suportando em seu cume um tosco casebre de alvenaria. Chegando mais perto, pude perceber que os fundos da casa estavam exatamente na minha direção. Mais abaixo, havia uma pereira, e nela se balançava uma garotinha, de vestido vermelho e louros cachos que mais pareciam dourados anéis, os quais esvoaçavam ao ritmo do balanço. Aproximei-me, apenas acenei sem nada dizer e, então, logo que a menina me viu, gritou: Mama, tem um moço aqui fora!

Quem é? Gritou outra voz vinda de dentro da casa. Mas a menina, que tinha numa das mãos uma boneca feita de espiga de milho, correu escada acima, batendo a porta dos fundos sem olhar para trás. Senti-me constrangido. Acho que assustei a garotinha!, pensei, perplexo. Não demorou muito para que surgisse no alpendre a figura de uma mulher aparentemente de meia-idade. Certamente era a mãe da menina, já a segurando nos seus braços volumosos.

_O que quer, signore?

_Estou apenas de passagem... vim visitar alguns amigos aqui por perto e resolvi parar aqui um pouco para descansar.

_Venha! Suba até aqui! Estou acabando de pôr a mesa para o desjejum, venha!

Nunca esperaria encontrar gente tão hospitaleira, afinal não carregamos o sinal da peste marcada na testa...

A cena era trivial, porém tão harmoniosamente singela que já havia se perdido em minha memória.

_O senhor deseja uma caneca de vinho? _ perguntou-me a senhora, amistosamente.

_Bem... durante a viagem, vim bebendo aos pequenos goles, mas aceitarei um pouco, mais por cortesia de tão sincera acolhida.

A mulher serviu-me e eu fiquei encostado na soleira da porta, com uma das mãos apoiadas no batente e a outra segurando a caneca. De um cômodo adjacente surgiu aos meus olhos a mais bela figura que já vi... uma menina aparentando ter uns dezesseis ou dezessete anos, de longos cabelos castanho-claros, vestindo um longo camisolão branco, de pés descalços e olhar tímido. Não havia se apercebido de minha presença ali e, olhando-me timidamente, cumprimentou-me em voz baixa:

_Como vai, signore?

_Vá colocar uma roupa decente menina! Não vê que temos visita?
_bradou a mãe, meio desconfiada com a subida aparição da filha.
_Essas moças... são tão descuidadas... mas Manuela é uma boa filha.

_É a evolução da idade minha senhora...os jovens são descuidados por natureza...

_Também por ser jovem, és descuidado às vezes?

_Às vezes, como disse a senhora, às vezes...

Subitamente, pela porta da frente, entrou um homem alto, meio barrigudo, de roupas rústicas, segurando um enorme chapéu preto numa das mãos e, na outra, segurando pelos pés, uma galinha morta, degolada há pouco.

_Ah! Este é Giuseppe, meu marido.

_Como vai, signore?

Quando fui responder, sua esposa respondeu por mim antes:

_Este jovem passava por aqui e, como estava só, de passagem, chamei-o para um desjejum.

Pensei que o homem fosse não gostar muito da minha presença ali, mas logo vi que todos ali eram gente hospitaleira e, após colocar a galinha sobre a pia e lavar rapidamente as mãos num balde ao lado, convidou-me para sentar à mesa.

_Não, não, já estou partindo, mas agradeço o convite.

De repente, surgiu novamente a figura diáfana e delicada de Manuela, agora trajando roupas decentes como exigiu sua mãe. Antes que ficasse encantado demais com a presença de tão bela moça, decidi partir, enquanto a pequena que antes brincava no balanço agora se fartava de pão, deixando as migalhas caírem aos montes no chão.Repentinamente a menina virou-se em minha direção e olhou-me  com seus olhos graúdos e tão verdes como uma campina, que me deixou, não sei explicar como, num estado de felicidade nunca antes sentido, de paz e união familiar que eu vi tão harmoniosamente composto. Queria ser um mestre pintor para retratar aquele momento único, para toda a eternidade...

Todos estavam à mesa, Giuseppe na cabeceira, como deve ser o lugar do chefe de família, a mãe à direita e, do lado oposto, à esquerda, estava a doce Manuela, com a pequenina ao seu lado. Agradeci a hospitalidade de todos e, ao virar-me para seguir meu rumo, Giuseppe falou em voz alta ainda com a boca cheia de pão:

_Não! Nunca entre numa casa por uma porta e, ao partir, saia pela mesma. Não é de bom agouro! Vá pela porta da frente, que é entrada de toda gente de bem!
Ah! Esses camponeses e suas superstições! Pensei. Sem contrariar a ordem do patrono da casa e, mais uma vez, despedindo-me, virei-me e desci uma pequena escadaria de madeira. Olhando à minha direita, um pouco ao longe, pude ver a pereira e o balanço, que aguardava solitário pela volta da pequena de olhos graúdos e esperançosos exprimindo tantos sonhos que só é dados aos anjos o dom de exprimi-los. De repente, à minha esquerda e adiante, em um lugar que não pude ver na minha chegada por estar fora do ângulo onde me encontrava, espantado, vi quatro cruzes alinhadas lado a lado e um pequeno canteiro de flores amarelas ao pé de cada sepultura. Em volta, havia uma gramínea de um verdejante tão vivo que até parecia ser primavera em pleno outono. Em cada cruz, havia uma plaqueta pregada com os nomes de a quem pertenciam, mas não ousei lê-los... Uma, em particular, chamou-me a atenção: possuía atada em seus braços com um rosário de contas uma tosca boneca feita de espiga de milho, já desgastada pelo tempo. Meus olhos marejaram ao passo que, caminhando mais um pouco, senti uma louca vontade de olhar para trás. Contudo, pensei Não é de bom agouro olharmos para as coisas que deixamos no passado, mesmo que esse passado seja recente! E parti, sem nunca mais voltar àquele lugar.

                               Extraído da coletânea de contos BRAINSTORM/Andross Editora 


terça-feira, 12 de outubro de 2010

ON THE ROAD (DICA DE LIVRO)


On the Road (Pé na estrada em português) é considerado a obra prima de Jack Kerouac um dos principais expoentes da Geração Beat estadunidense, sendo uma grande influência para a juventude dos anos 60, que colocavam a mochila nas costas e botavam o pé na estrada. Foi lançado nos Estados Unidos da América, pela primeira vez em 1957.

Responsável por uma das maiores revoluções do século XX, On the Road escancarou ao mundo o lado sombrio do sonho americano a partir da viagem de dois jovens – Sal Paradise e Dean Moriaty – que atravessaram os Estados Unidos de costa a costa. Acredita-se que Sal Paradise, o personagem principal, seja o próprio Jack Kerouac. 

Também são encontrados no livro alguns escritores na forma de personagens, como Allen Ginsberg, como Carlo Marx, e William Burroughs, como Old Bull Lee.

É um livro que influenciou a música, do rock ao pop, os hippies e, mais tarde, até o movimento punk.


Em 2003, o escritor Dodô Azevedo e a fotógrafa Luiza Leite refizeram a rota percorrida por Kerouac e produziram um livro onde avaliam o legado da obra do escritor para o século XXI. O Livro chama-se Fé na Estrada.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Quando eu tive o primeiro contato com o termo Beat foi por meio das músicas e textos referente as bandas de Rock americanas do final dos anos 60, como por exemplo, a banda The Doors, a qual sempre fui muito fã, e em sua biografia  seu líder, o vocalista e letrista Jim Morrison cita On the Road de Kerouac tal como o poeta  Willian Burroughs, entre outros.

Eu tinha 17 anos e sempre fui fã de música e de qualquer literatura referente a esse assunto. A minha curiosidade sobre o livro de Kerouac foi crescendo na medida em que, por meio dos meus ídolos juvenis, via On the Road como grande influência para esses ídolos serem o que foram.  No Brasil, músicos célebres, como o rockeiro Renato Russo, se diziam fã deste livro magnífico:

"Talvez tivéssemos, teríamos tido, tivéramos filhos/Estava lhe ensinando a ler
On the road e coisas desiguais"
 
(Trecho de La Nuova Gioventú música de Renato Russo)

Os anos se passaram e agora aos 31 anos tive o previlégio de ler On the Road e entendi o porquê este livro influênciou tanta gente e me perguntei o por que não o li antes? Pois bem, apesar da demora achei muito positivo poder o ler com uma certa maturidade, pois a mensagem de liberdade e aventura que ele nos traz faria com que eu ignorasse tudo e a todos naquela época e literalmente fizesse com que eu metesse os pés na estrada sem olhar para trás. 

Comprei uma edição em forma de livro de bolso da editora L&pm com tradução de Eduardo Bueno que conta também a sua aventura em traduzir este livro para a língua portuguesa nos anos 80 em um belo postácio. 

O livro me envolveu tanto que um dia o perdi no meio do caminho de casa, após o trabalho, e no outro dia imediatamente comprei outra edição para ler de onde eu tinha parado. O herói do livro, Dean Moriaty, é uma figura tão emblemática que no decorrer de minha leitura o imaginei com a fisionomia de um Jim Morrison misturado com James Dean.

Esse, sem dúvida nenhuma foi o livro o qual ao chegar próximo ao fim fui diminuindo a velocidade e a regularidade da leitura com medo de terminá-lo e por fim, terminar uma viagem que desfrutava sempre quando no trem ou no mêtro seguia, hora a caminho do trabalho, hora à casa de minha namorada.

On The Road é um livro para espíritos livres que acreditam que as experiências humanas devem ser exploradas para o crescimento pessoal e intelectual de cada ser.



QUEM ME DERA


Queria eu ter sido um Chico,
Ou Drumond de Andrade,
Tomado uísque com Leminski num final de tarde.
Um Pessoa como Neruda,
Ter tido a delicadeza de Meireles,
Escrever como quem pede música,
Tal qual um João Ricardo.

Andar pelas ruas de Paris,
Discutindo com Sartre sobre os ares de nossos Brasis.
Queria eu ser um eterno jovem como Castro Alves.
Ter a rima na ponta da língua,
Criando versos em prosa em toda praça e jardins.

2007

O QUE PERSISTE

Se não sou mais o suficiente,
Se meu amor já não te agrada,
De certo o calor se apagou,
E não devemos alimentar velhas chagas. 

Se não caibo mais neste seu mundo,
Se não há lugar para mim agora,
Não sou homem a quem se deva ter piedade,
Posso tranquilamente ir-me embora.

Não se torture e procure o que te falta,
Mas não me deixe sentado em sua porta,
À espera que eu compreenda tal ilógica,
De sustentar este sentimento tão vazio.

Por favor, olhe em sua volta,
Sei que aqui você é feliz,
Mas ao meu lado isto te sufoca.
Talvez eu já não te preencha mais com este meu coração tão pertinaz.

26/10/2006

UMA ÚLTIMA CANÇÃO ROCK AND ROLL

Ele calçou seus sapatos bico de aço pela ultima vez,
Vestiu aquela jaqueta de couro desbotada preta, há tempos pendurada no
Cabide, e na velha vitrola, rolava um rock and roll tal qual Little Richard.
Tomou sua aguardente e disfarçou um sorriso contente;
Pos uma boa dose de parafina nos topetes.
Na escrivaninha onde ficavam os seus manuscritos, tomou de assalto um velho mapa para as colinas.

Ele estava tranqüilo, mascava chicletes, seu olhar estava fixo para uma fotografia do Elvis e então acendeu um ultimo cigarro antes da partida. Abriu uma garrafa de Jack Daniel’s já antiga e ofereceu aos amigos um ultimo brinde.
E Billy partiu sem olhar pra traz, havia deixado ali e para sempre todo aquele desgosto que sentia pela vida.

A Nathanael em memória
2006

O PRIMEIRO GOLE DO MEU PRÓPRIO VENENO













Escrevo em versos,
Meus anseios pequenos,
Minhas idéias vagas,
Todo o tipo de sentimento.

Escrevo com a força da palavra,
Minha melhor ferramenta,
Minha mais potente arma,
O meu pensamento.

Escrevo com apreço,
Tudo o que meus olhos vêem,
Tudo o que me convém,
Aquilo o que é real e o meu coração sente.

Escrevo ansioso,
Sem medo,
Mergulho,
No Primeiro gole do meu próprio veneno.

2006

CRIAÇÃO DIVINA II

Feche os olhos,
Sinta a brisa que há,
Agora abra-os e veja,
Os desenhos simétricos que compõem o mar.

2006

TRIBUTO À MEMÓRIA CURTA

Sons,
Ruídos,
Tudo em um segundo.

Explosões,
Ruínas,
Tudo em um minuto.

Sangue,
De tudo que é gente jorra,
Em menos de uma hora.

Guerra e atentados,
Mortes e tudo o que é insano,
No intervalo de um ano.

Tempo!
Dias a fora,
Em apenas uma década tudo vira história.

2006

II

Morcegos negros                                                                                                          
 “Citação ao livro morcegos negros de Lucas Figueiredo”.

O cigarro queimava no cinzeiro,
A sensação de leseira lhe tomava o corpo,
Seu copo de uísque Já ao meio,
Generosas gramas de pó no espelho;
E os seus pensamentos, ainda que lentos, vigoravam.

A reunião passou para um estado lânguido e tenso,
Os olhares avermelhados de cansaço e as vozes hora graves tornaram-se roucas.
Às vezes o silêncio bradava ao esquecimento.

Linhas e linhas são escritas em ata sublime,
Registro longo em uma tortura árdua,
Nos bastidores do poder conspiravam ao crime,
Gente graúda de cara limpa deixava pendurada as suas mascaras.

Dinheiro e poder,
Combinação perigosa,
Drogas,
Lavagens,
Esconderijos fiscais,
Viagens,
Propina!

Não era um mero factoide desnecessário,
Mesmo que muito se abafava.
Era algo além e aquém do que a corrupção que rolava,
Eram indícios de controle de pura máfia.
(Ingenuidade era só dos caras pintadas)
  
Houve assassinatos,
Queima de arquivos,
Muita sujeira no país do carnaval!
Vistas grossas no reino do futebol.

Você já se pôs a questionar,
o quanto não sabemos?
Você já tirou alguma estimativa
Do quanto nos foram roubados
Em todos estes anos?

Nos bastidores é que estão os verdadeiros donos,
Enquanto não passamos de números.
É por de baixo dos panos!
Sempre será.

Cultura às avessas,
Eterna inversão de valores,
Éticas desonrosas,
Ignorância pouca?

A reunião então chegara ao fim,
Com uma farta partilha de um nobre queijo de dólares.

2006