sábado, 9 de julho de 2016

ROCK & FILOSOFIA OU A INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA NO ROCK











Há tempos queria falar da influência que a filosofia exerce na música, principalmente no rock. Maior exemplo disso está no nome que dei ao blog: "Cogito Ergo Rock", tirada da citação do filósofo e matemático francês Descartes: "Cogito, ergo sum" que significa "penso, logo sou"  ou "penso, logo existo", no meu caso "Penso, logo rock!", brincadeira a parte, esta citação me acompanha desde a época de colégio, onde por meio de um professor de filosofia que também era um fã de rock, conheci a expressão. Ele me aconselhou na época, depois de ler algumas de minhas letras de música, a batizar uma de minhas primeiras bandas com o nome de "Cogito", já contei a história da banda aqui neste blog. Mas não é apenas a filosofia que inspira o rock, o próprio gênero musical se tornou artigo de estudo da filosofia. A professora de filosofia, escritora e também artista plástica Márcia Tiburi, escreveu um artigo para a revista Cult intitulado: Rockfilosofia, onde faz uma analise interessante sobre rock & filosofia, segundo ela o gênero musical foi tão radical para a cultura quanto a psicanálise e o feminismo. Abaixo está o artigo na integra para entendermos melhor. 

Por Márcia Tiburi

Filósofos pelo mundo afora vêm se dedicando a compreender o fenômeno do rock. Na França e nos Estados Unidos, pensadores escrevem filosofias e ontologias do rock. No Brasil, Daniel Lins vem falando do encontro entre Bob Dylan e Gilles Deleuze. Esta que vos escreve trabalha em um diálogo/rock com o músico Thedy Corrêa. Podemos estabelecer diálogos entre bandas e estilos da vasta história do rock e filósofos da tradição. Podemos tentar entender o que há de filosófico nas letras, canções e performances do rock. A questão do rock é cultural e antropológica e, quando a tratamos como questão filosófica, há um mundo de reflexões a serem construídas.

Podemos vê-lo como questão de linguagem baseada em uma ontologia (do modo existência) da obra gravada. Podemos pensar também no que seria a filosofia depois do advento do rock, pois ele foi uma transformação tão radical da cultura quanto foram a psicanálise e o feminismo, a partir dos quais devemos também pensar a filosofia como experiência reflexiva de um tempo.

Podemos falar de rock como um “cogito do tempo”, como o chamou o filósofo francês Jean-Luc Nancy. Podemos também entender em que sentido o rock é ele mesmo uma expressão filosófica, um método como pensamento-ação-expressão e, nesse sentido, como a própria filosofia pode ser ela mesma um tanto “rock”. Ou rockfilosofia, aquela que, contagiada de rock, propõe pensar dançando, provocando, causando efeitos e livrando-nos de todo autoritarismo.

O grito elétrico como prática estética essencial

Foi Jean-Luc Nancy quem percebeu que o problema do rock já estava de certo modo posto na República, de Platão. No livro quarto da utopia platônica, a atenção à música é um problema de educação e de política. A ideia que vinga no texto é a de que é preciso cuidar do que os jovens ouvem, já que “não se podem mudar os modos da música sem abalar as mais importantes leis da cidade”.

Se os modos musicais são sistemas harmônicos que têm correspondência nos afetos é porque eles alteram o modo de ver o mundo. Alteram o sentimento e o comportamento dos jovens. Por exemplo, o modo dórico tem a ver com as virtudes cívicas; o frígio, com as virtudes guerreiras; o lídio, condenado por Platão, com os maus costumes e a embriaguez. A sensação de periculosidade do rock tem sua pré-história.

Nancy vê o rock como algo mais do que musical. Há nele determinado afeto, um pathos. Tal pathos tem a ver com a força de contágio que as culturas – até mesmo Platão – perceberam estar na música. No caso do rock, esse pathos tem a ver com “eletricidade”. Tal é, para o filósofo francês, o signo sensível e simbólico do rock. A guitarra elétrica é o instrumento no qual ela se concentra. Ela é o meio que permite a “comunicação de energia” constitutiva do rock, que mudou nosso modo de escutar, de viver e de pensar.

Proponho que pensemos o rock como uma complexa prática estética que é também política e que, tendo sua própria especificidade ontológica como manifestação de vontade (no sentido da vontade da natureza de que falou Schopenhauer), afeta o sentido do mundo. Quero dizer que o que o rock traz ao mundo é uma autorização contra o autoritarismo. Ele faz isso por meio da prática estética que foi recalcada ao longo da história: o grito.

A questão do grito é antiga. A importante obra sobre a escultura do Laocoonte, escrita por Lessing no século 18, põe uma questão simples: poderíamos chamar de bela a escultura, caso a boca de Laocoonte estivesse escancarada? A representação do grito de dor podia mostrar o feio na arte no lugar do belo. A compreensão da arte naquele tempo como representação da beleza – e o inevitável ocultamento – estaria comprometida.

Assim como a arte contemporânea, o que o rock vem fazer no contexto da cultura é justamente mostrar o que não deveria ser mostrado – o que abala a estrutura da cidade, como na República, de Platão. Seu índice é o grito. Como o Uivo, poema de Allen Ginsberg, poeta que encantava figuras como Bob Dylan. Só que o grito do rock não é apenas o uivo da poesia, não é apenas o grito da voz humana do cantor. Ele é o grito da guitarra elétrica, da máquina, o grito que nenhum humano pode dar desde que o próprio humano emudeceu diante do processo histórico e da tecnologia.

O grito do rock é elétrico, é o elétrico como grito. O grito ou a explosão do que, não devendo ser mostrado, todavia apareceu. Isso que nos encanta enquanto nos ensandece, nos irrita, nos afronta e, ao mesmo tempo, quer salvar alguma coisa em nós.

Salvar o quê? O grito é descarga da dor, a interpelação que obriga o outro a ouvir, mesmo quando o que ele diz é apenas mudez. O rock é o inconsciente musical, assim como a fotografia é o inconsciente ótico, na forma de um sintoma social elevado a fenômeno de massa de uma cultura marcada por uma ferida – um trauma – que não deixa de se abrir. Nesse contexto, que o rock sobreviva entre nós é um sinal de que ainda estamos vivos.
Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2011/06/rockfilosofia/
















No Brasil, o rock nacional também contribuiu muito em suas letras para com o pensamento, vemos filosofia nas letras de Raul Seixas, Secos & Molhados, Mutantes, Rita Lee, Cazuza, Lobão, Renato Russo e etc. Letras que nos fazem refletir ao tratar de temas como o amor, o cotidiano, a crítica social e questões existenciais. Em "Canção, Estética e Política - Ensaios Legionários", o escritor goiano, Marcos Carvalho Lopes, doutor em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mergulha na trajetória de um deles, Renato Russo, e traça reflexões filosóficas, psicológicas, sobre o universo que tornou a brasiliense Legião Urbana em um marco.
















No livro "Metamorfose Ambulante" o jornalista, escritor, sexólogo e bacharel em psicologia, Mário Lúcena, revela a parceria de Schopenhauer com o compositor baiano, e em artigo para a "revista Filosofia", Toca Raul:

Por Mário Lucena

As tais questões existenciais que ocorrem a todos em diferentes fases da vida chegaram cedo para Raulzito: "Quem eu sou? De onde venho? Para onde vou? Quem criou o mundo? Deus existe? O que acontece depois da morte?". Em 1978, compôs "Todo mundo explica": "Explica Freud, o padre explica, Krishna vende a explicação na livraria, Platão explica, todo mundo explica, o protestante, o zen-budismo, Brahma, Hare Krisna". Em 1989, sintetizou tudo na frase que é o subtítulo do livro "Metamorfose Ambulante: Vida, alguma coisa acontece; morte, alguma coisa pode acontecer". Raulzito se foi, mas sua obra permanece graças à filosofia.

A filosofia tem o poder de encantar algumas pessoas. Outras se transformam. No caso de Raul Seixas, ocorreu uma verdadeira metamorfose.

No início, a nossa pesquisa focou a influência da obra de Raul Seixas na Psicologia da morte, mas logo no seu primeiro trabalho topamos com uma frase que nos remetia a Schopenhauer. Na letra da música "Trem 103" Raul diz: "Quero voltar por onde eu vim/ Fecho meus olhos ao trilho sem fim/Oh 103 não me deixes aqui..." O filósofo alemão havia dito: "Vou terminar feliz, consciente de voltar por onde vim".

Era cedo para afirmarmos que o baiano Raul Seixas teve como parceiro o filósofo Schopenhauer. Raul nunca o citou nominalmente. Na sua obra, encontramos muito do pensamento pré-socrático. Sócrates, Platão, Sartre e Nietzsche podem ser facilmente identificados no seu trabalho, o desafio era provar a presença de Schopenhauer.

MOSCA NA SOPA É FILOSOFIA?

A carreira de Raul começa para valer em 1973. Nesse ano, surgiu seu primeiro trabalho solo: Krig-ha, bandolo. O disco fez grande sucesso com músicas como "Metamorfose Ambulante", "Ouro de Tolo" e "Mosca na Sopa". Todas assinadas unicamente por Raul.

A genialidade do compositor começa a ser revelada. Raul gostava de falar sobre sua precocidade: aprendeu inglês conversando com os vizinhos americanos. A facilidade para línguas fez com que dominasse o latim para ler "As Metamorfoses" do poeta latino Ovídio.

"Mosca na Sopa" parecia brincadeira de criança diante do esplendor de "Metamorfose Ambulante". A Mosca, porém, escondia algo sob as asas. Ao pesquisar o pensamento de Schopenhauer, nos deparamos com algo peculiar. O filósofo usou a mosca para ilustrar seu conceito de morte-renascimento: "Se a mosca, que agora zumbe em torno de mim, morre à noite, e na primavera zumbe outra mosca nascida do seu ovo; isso é em si a mesma coisa".

Raul cantava: "Você mata uma e vem outra em seu lugar!" É a ideia de morte-renascimento brilhantemente presente na obra do artista: morre o indivíduo, mas a espécie continua. O filósofo alemão foi buscar essa ideia na mitologia indiana. Seu deus primordial, Shiva, trazia em si a essência masculina e feminina - os polos contrários - que era deus e diabo, bem e mal.

A MAIS SABIA MITOLOGIA

Schopenhauer indicava a leitura dos livros sagrados indianos, os Puranas, aos seus leitores. Considerava a mitologia indiana a mais sábia de todas as mitologias. Raul se tornou pesquisador desse manancial. Levou tudo isso para dentro de sua obra. Escolheu como deus Krishna. Seu método de trabalho era a repetição. O "Trem 103" retorna em 1973 na canção "A hora do trem passar", e entra nos trilhos, em 1974, como "Trem das sete". Nele, Raul cantou a essência do deus primordial: "O Mal vem de braços e abraços com o Bem num romance astral".

A certeza que o rock de Raul rimava com filosofia era indiscutível, mas não podíamos afirmar que seu parceiro verdadeiro era Schopenhauer, pois seria comprovar que Paulo Coelho, Cláudio Roberto, Marcelo Motta ou quem quer que tenha sentado ao seu lado para assinar em parceria apenas pegaram carona no Trem da Filosofia. A certeza veio com a ajuda de Rodrigo Fernandes (músico, professor de filosofia e apaixonado pela obra do artista). No último disco da carreira, em 1989, Raul gravou "Nuit", música que havia feito entre 1981 e 1983. "Nuit", divindade egípcia, fazia menção ao deus Krishna (Chega enfeitado de azul) e trazia um trecho do capítulo "Morte" do livro, "Dores do Mundo" de Arthur Schopenhauer.

No livro temos o seguinte: "Quão longa é a noite do tempo sem limites, comparada ao curto sonho da vida". Na música, Raul praticamente manteve a frase. Agiu como quem quer ser flagrado. Brincou com as palavras no final do primeiro verso ao repetir: Jamais me revelarei/Jamais me revelarei! O que Raul tinha a revelar? A sua fonte filosófica. Eis o que apresenta no verso seguinte: E quão longa é a noite/A noite eterna do tempo/Se comparada ao curto sonho da vida...

O ROQUEIRO SCHOPENHAUER

Quando nos deparamos com essa descoberta, sentimos imensa alegria, grande emoção. Pudemos enfim afirmar: Raul só teve um parceiro de fato, Arthur Schopenhauer!
Afirmamos para o maior conhecedor do artista, Sylvio Passos, o homem que nos desafiou a mostrar o verdadeiro Raul, que era amigo de Raul e cuida do Museu Raul Seixas. Sylvio queria ver o livro publicado imediatamente, mas faltava esclarecer o papel de outro filósofo na obra do artista: o hermético Aleister Crowley.

O capítulo Schopenhauer se encerrou com a descoberta do livro original entre os pertences de Raul. Estava no fundo do baú. Uma edição de bolso, de 1964. Certamente pertenceu ao pai do artista. O que nos levou a publicar o livro "Metamorfose Ambulante" em 2009 foi a biografia de Paulo Coelho escrita em 2008 por Fernando Morais. De forma deselegante, na página 284, o autor afirma: "No que se referia à bagagem cultural, a distância entre os dois se torna ainda mais visível. Aos 25 anos, o escritor (Paulo Coelho) havia lido mais de 500 livros, e escrevia com articulação e fluência. Quanto a Raul, embora tivesse passado a infância entre os livros do pai, não dava para dizer que se tratava de alguém afeito às leituras..."

A CONTRIBUIÇÃO DE CROWLEY

Sem comentários. Sylvio se sentiu traído, pois prestou assistência às pesquisas de Morais, e até jogou o livro no lixo. Paulo não ficou feliz com a comparação, pois esse tipo de coisa só aprofunda o abismo que os fãs do cantor enxergam entre os dois. Paulo Coelho não está interessado nisso. Nos últimos meses tem se esforçado para recuperar a memória do parceiro, dando declarações positivas e evitando polêmicas. Foi Coelho quem apresentou Crowley a Raul Seixas, mas a sua maneira, como um representante do capeta.

Raul viu que não era bem assim. Crowley via o diabo como complemento de Deus, o outro polo. Não existe Deus sem o diabo! Raul conhecia bem essa história. Shiva, o deus indiano da criação, também era o deus da destruição. O trem que traz a doença e a morte também carrega a cura. Muitos indianos veem Shiva como deus cheio de compaixão, responsável por salvar o homem da transmigração da alma (o vai e vem do carma no "Trem 103" ou "Trem das sete").

LIBERALISMO E UTOPIA

A filosofia liberal de Aleister Crowley (A letra A tem seu nome), morto em 1947, passou a ser a chave do estrelato, da fama. A vida da dupla virou de ponta-cabeça com as influências de Crowley e Schopenhauer. Raul tinha mania de criar grupos de estudos para tudo, clubes fechados. Na adolescência, participou da criação de vários, inclusive o Elvis Rock Club. Era uma forma de comprometer as pessoas, obrigá-las a se encontrar para trocar ideias.

Retomou a mania em 1971 com a Sociedade Kavernista, referenciada no mito da Caverna de Platão. 
Em 1973, a novidade era o Reino de Kirg-há, um lance mais ecológico. Em 1974, inspirado em Crowley e Schopenhauer, surge a Sociedade Alternativa, embrião da Cidade das Estrelas, projeto utópico que muita gente, sem entender, tentou concretizar.

A forma como Raul encarava essa utopia era distinta da dos seguidores de Crowley, pois sua referência era Schopenhauer. Em 1977, na companhia de Cláudio Roberto, revelou sua visão do projeto:

Na cidade de cabeça-pra-baixo
Dinheiro é fruta que apodrece no cacho
Ninguém precisa morrer
Pra conseguir o paraíso no alto
O céu já está no asfalto
(Cidade de cabeça-pra-baixo, 1977)

Na utopia não existe vida. Seus seguidores, no entanto, não percebiam a diferença entre sonho e realidade. O próprio Raul havia criado a confusão ao cantar "Prelúdio", em 1974: "Sonho que se sonha junto é realidade". Seu entendimento, porém, não era diferente do de Schopenhauer:

Trabalho, preocupação, cansaço, problemas é o que enfrentamos quase a vida inteira. Mas se todos os desejos fossem satisfeitos de imediato, com que as pessoas se ocupariam e como passariam o tempo? Suponhamos que a raça humana fosse transferida para Utopia, lugar onde tudo cresce sem precisar ser plantado e os pombos voam assados ao ponto, onde todo homem encontra sua amada na hora e não tem dificuldade em continuar com ela: as pessoas então morreriam de tédio, se enforcariam, se estrangulariam ou se matariam, e assim sofreriam mais do que já sofrem por natureza (Schopenhauer, citado por Yalom, 2006, p. 224).

A PANELA DO DIABO

Raul percebeu traços da obra de Schopenhauer em Crowley. Bebiam na mesma fonte a mitologia indiana. Paulo se encantava mais com as propostas liberais e ocultistas, mas é verdade que Raul entrou de cabeça nas drogas e seitas ocultas, mas evitou o liberalismo sexual.
O baiano nunca foi descolado o suficiente para expor sua intimidade, mas isso, em teoria, não o assustava. Adorava seu lado moleque, e no curso de Filosofia havia faltado à aula de ética. O mundo passou a ser a Panela do Diabo, na qual todos podiam meter a colher de acordo com a Lei de Thelema ou Lei da Vontade (Faze o que queres, há de ser tudo da Lei):

Do pai, o filho adquire a vontade, o caráter; da mãe, o intelecto. Este é o princípio da redenção; a vontade é o elemento de ligação. A evidência da constante existência do querer-viver no tempo, apesar de todo incremento da iluminação através do intelecto, é o coito; a evidência da luz do conhecimento novamente associada àquela vontade... A gravidez, que por isto se apresenta franca e livremente, mesmo orgulhosamente, enquanto o coito se oculta como um criminoso (Schopenhauer, col. Os pensadores, 1999, p.296).
O culto a Liber era também o culto ao êxtase, ao prazer sexual, à dança, à festa, ao vinho e à orgia. O parceiro estava mais preparado. O sexo liberal fazia parte do seu cardápio. Tinha bom apetite sexual e o ménage à trois era seu prato preferido.

APELO SEXUAL

Raul conheceu Paulo como editor de revista que usava ensaios de mulheres nuas para atrair leitores. Tinha o sugestivo nome de "A Pomba". O Ritual da Pomba se resumia ao ensaio fotográfico de uma mulher pelada. Receita antiga. A mitologia usou o sexo para se tornar mais atraente; a Bíblia não seria tão popular sem as narrativas sexuais; a prostituição sagrada foi importante para atrair fiéis aos templos...

Os cultos dos deuses primordiais tinham no orgasmo seu contato com o divino. Resgatar Liber era redescobrir na sabedoria oriental o sexo compartilhado e sagrado; ter o diabo como caminho, e a morte como o orgasmo da vida. Raul traduziu isso como "Orgasmo do sonho da continuação" na música "Sou o que sou", de 1978.

Schopenhauer acreditou numa ideia de imortalidade: "Nossa natureza interior é indestrutível, porque somos apenas uma manifestação da força da vida, a vontade, a coisa em si que continua existindo eternamente. Assim, a morte não é o fim, pois, quando nossa insignificante vida acaba, nós nos reintegramos com a força vital primal e atemporal".

Raul abriu os olhos com a leitura de Schopenhauer. O filósofo alemão, por sua vez, foi influenciado pela mitologia indiana, que antes da Bíblia já fazia associação entre sexo e morte. Schopenhauer concluiu que a atração entre os sexos opostos era fundamentalmente uma ilusão. O ser humano é manipulado pela biologia a perpetuar os genes da espécie, pois neles reside - especificamente no espermatozoide e no óvulo - a imortalidade.

O FILÓSOFO QUE IMPLANTOU O PENSAMENTO INDIANO

Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de fevereiro 1788 - Frankfurt, 21 de setembro 1860) foi um filósofo alemão do século 19 da corrente irracionalista. Sua obra principal é "O mundo como Vontade e Representação", embora o seu livro "Parerga e Paralipomena" (1851) seja o mais conhecido. Schopenhauer foi o filósofo que introduziu o Budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. Ficou conhecido por seu pessimismo, e entendia o Budismo como uma confirmação dessa visão. Schopenhauer também combateu fortemente a filosofia hegeliana e influenciou fortemente o pensamento de Friedrich Nietzsche.
Fonte: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/21/artigo179344-4.asp


O ROCK E NIETZSCHE 



















O pesquisador Lucas Gurgel (e também guitarrista/vocalista do grupo Clamus) empreendeu uma desafiadora proposta ao buscar correspondências entre o pensamento de Nietzsche, o Rock e o Heavy Metal. Com a pesquisa “‘HELL YEAH!’: Por uma Filosofia do Rock e do Metal a partir do Pensamento Estético-Musical de Nietzsche”, o autor desenvolve a hipótese de que a história da evolução do estilo musical Rock pode ser melhor compreendida a partir de uma análise do pensamento estético-musical de Nietzsche.

O estudo teve origem a partir de sua Monografia de conclusão do curso de Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em resumo esse trabalho procura explicar as noções de metafísica da arte e estética da existência de Nietzsche, vinculando-as aos estilos musicais contemporâneos Rock e Metal, respectivamente. O estudo desenvolve a hipótese de que a história da evolução do estilo musical Rock pode ser melhor compreendida, a partir da evolução do pensamento musical de Nietzsche. 

O trabalho aponta num primeiro momento, para correspondências entre a metafísica do artista e o Rock, através de uma problematização das noções de dissonância, caos e desmesura. Num segundo momento a pesquisa mostra o estilo Metal enquanto música que condensa de maneira singular as noções de uma estética da existência ao se insurgir contra as formas usuais de racionalidade, convertendo, assim, a experiência do absurdo, do conflito e do trágico em uma manifestação estética.

O estudo aponta desse modo para uma compreensão do Rock e do metal, como formas de concretização do pensamento estético-musical de Nietzsche.
Fonte: http://whiplash.net/materias/biografias/099751.html

O escritor About Paulo Irineu Barreto, Professor do IFTM. Doutor em Geografia Humana e Cultural e Mestre em Filosofia Política e Social. Pesquisa e escreve sobre Cultura, Educação, Filosofia, Geofilosofia, Geografia e Política. Escreveu um interessante artigo sobre a influência do filosofo Nietzche no rock:

Por Paulo Irineu Barreto

“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”-
Friedrich Nietzsche

A relação entre rock e filosofia é um tema bem atual, discutido por vários pensadores, e que tem assumido um lugar privilegiado na mídia, redes sociais e nas publicações especializadas. Diante desse fato, o que chama a atenção é a interação de jovens nas pesquisas, artigos e livros, uma vez que o rock é um assunto bem atrativo para estes jovens e faz com que eles interajam mais com a filosofia, “curtindo” as músicas de uma forma mais crítica e racional. Assim, eles percebem valores e conceitos, inerentes à filosofia e presentes nas músicas, raramente percebidos por eles mesmos e pela maioria das pessoas.

Desse modo, propor a relação entre o rock e a filosofia nada mais é do que demonstrar o caráter contestatório e crítico de ambos, no que diz respeito aos valores impostos pela sociedade. Cada um à sua maneira tenta “abrir os olhos do povo” para mudar o cenário de valores contraditórios aos quais seguimos, mas que não provêm necessariamente de nós mesmos e, geralmente, não são do nosso interesse; isto é o que afirma o niilismo de Nietzsche, para o qual o caos é necessário para se produzir a paz. O estilo agressivo do rock, suas letras contestatórias e a sua rebeldia poderiam representar este “caos primordial”.

Ao afirmar que “Deus está morto”, Nietzsche propõe a morte de valores tradicionais e “eternos”, para que os seres humanos possam criar os seus próprios valores, tornando-se, cada um, o herói de si mesmo! Da mesma forma, o rock assassinou todas as regras de musicalidade da sua época. Criou um “hiato” entre gerações e propôs uma forma inusitada de “ver” a vida e a realidade, questionando-as. A fórmula deu certo e o rock hoje é um “senhor cinquentão” que resiste ao tempo, mesmo tendo passado por várias transformações e estilos. Colocando lado a lado esses dois “inquietos” (Nietzsche e o rock) percebemos que, na verdade, há muito mais de Nietzsche no rock do que se possa imaginar, e é isto o que o presente artigo pretende demonstrar.

Guerra civil e a perda dos valores

As guerras civis sempre foram um ponto marcante em toda a história do mundo, mostrando-se sempre necessárias aos olhos de quem tem interesse no resultado final e, algumas vezes, até se mostrando a única solução. Extermínio de populações inteiras, corpos caídos no chão, sangue em todo lugar, desejo de vitória, mentes manipuladas. Essas são as faces das guerras que são normalmente ocultadas. Como objetivar a pacificação de um local adentrando nele e espalhando pólvora em casas de família?

Com toda essa temática das guerras civis, o que não falta é inspiração para se criar trabalhos que penetrem no subconsciente das pessoas, na tentativa de promover nada mais do que o desejo do caos, mas em busca da paz. Vários filósofos lançam mão de um mundo cheio de guerras para criticar valores, ideais e ações humanas e, por mais inesperado que isso seja, várias letras de rock fazem uso das críticas de valores idealizadas pelos filósofos nesse mesmo mundo de guerras. Claro que a forma como se entende o pensamento de um filósofo e o de um cantor de rock é extremamente diferente e o impacto que isso irá surtir também será. Porém, o que aproxima esses dois lados, tão opostos, é o fato de que eles estão questionando os valores atuais, ou melhor, a forma como entendemos e praticamos esses valores, fazendo com que as pessoas se tornem mais individualistas e mais egoístas a cada dia.

Aprofundando ainda mais na temática da guerra civil, fica fácil perceber os rastros de Nietzsche pelas músicas. Observemos alguns trechos da música Civil War, da banda Guns ñ Roses:

Veja o ódio que estamos criando
Veja o medo que estamos alimentando
Veja as vidas que estamos perdendo
Da maneira que sempre foi antes

Minhas mãos estão presas
Os bilhões passam de um lado para outro
E a guerra continua com orgulho de mentes lavadas
Pelo amor de Deus e por nossos direitos humanos

E todas essas coisas são deixadas de lado
Por mãos sangrentas que o tempo não perdoará
E que são lavadas pelo seu genocídio
E a história esconde as mentiras de nossas guerras civis

[…]

E eu não preciso de sua guerra civil
Ela alimenta os ricos enquanto enterra os pobres
Sua fome de poder vendendo soldados
Em um armazém humano, não é uma graça?
Eu não preciso de sua guerra civil

http://letras.mus.br/guns-n-roses – 12/04/2012

Nesta música, o que se percebe no cenário é que os soldados são apenas peças de um jogo, pois, uma guerra só acontece quando há interesse, ambição, egoísmo. Ao ler uma letra como essa, é possível perceber que a situação acontece e nós somos incapazes de fazer algo, somos incapazes de criticar aqueles valores que prezamos tanto. A aporia promove no ouvinte sentimentos de raiva, ódio e repúdio, fazendo com que a insatisfação com esta situação promova modificações extremas mesmo que sejam apenas mentalmente. E o que isso tem a ver com Nietzsche?

Ora a música inteira está repleta de niilismo, coberta por quebra de valores e insatisfação latente; o pessimismo exagerado e o cenário deplorável não só chamam atenção como também conseguem persuadir o ouvinte a se modificar.

“Dizes que uma boa causa justifica tudo, inclusive a guerra? Contesto: uma boa guerra é que justifica qualquer causa.” — Nietzsche 

Vejamos agora algumas afirmações presentes na música Black Rain, de Ozzy Osbourne:

A chuva negra está caindo
Contaminando o solo
A raça humana está morrendo
Os mortos estão espalhados

Qual o preço de uma bala?
Outro buraco na cabeça
Uma bandeira estendida sobre um caixão
Outro soldado está morto

Quantas vitimas caíram?
Quantos mais terão que morrer?
Pessoas morrendo em massa
O Anjo da Morte está pronto

[…]

Os políticos me confundem
Eu vejo a contagem de mortos crescer
Por que as crianças estão marchando
No deserto, para morrer?

A mente humana é distorcida
A loucura se levanta novamente
Outra queda do império
Eu os vejo morrer em vão.

Letras.terra.com. br-12/04/2012

Embora Black Rain não seja uma das músicas mais agressivas do repertório de Ozzy Osbourne, ela consegue repassar ao público toda a riqueza de sentimentos e não deixa escapar nenhum suspiro de dor. Além de causar grande impacto nas pessoas, esta música aponta para o “despertar da visão ampla”. Ao ler a sua tradução, você não mais pergunta por que uma guerra pode ser tão ruim, você apenas afirma a si mesmo que a humanidade é vitima da guerra. Nas mãos dos ambiciosos, o mundo se esconde por não poder fazer nada e o poder é mais persuasivo do que se possa imaginar!

Brothers in arms
(Dire straits)

Agora o sol foi para o inferno
e a lua está alta.
Deixe-me dizer adeus.
Todo homem tem de morrer,
mas está escrito nas estrelas,
e em todas as linhas de sua mão,
somos tolos por guerrear
com nossos companheiros de batalha.

Letras.terra.com.br-12/04/2012

Aqui não é o pessimismo que reina, mas sim a tristeza e a decepção com a humanidade. Até mesmo na guerra o meu lar se tornará o lar do meu inimigo! Então porque guerreamos?

Esta música nos mostra que a ignorância humana é tanta que matamos nossos próprios irmãos por uma causa inútil. Estamos no mesmo planeta “mas vivemos em mundos diferentes”, provocamos sofrimento, dor e medo sem misericórdia em pessoas iguais a nós; mas por quê?

Porque somos facilmente manipulados e movidos pelo ódio dos grandes vilões inescrupulosos.

Não abandonamos nossos companheiros porque eles estão do mesmo lado que nós, porém os irmãos que se opuseram foram mortos por mãos que ainda verão a justiça aniquiladora do seu próprio “lobo”.

“Somos tolos de guerrear com nossos companheiros de batalha.”

Na letra da música “Gears of war”, do grupo Megadeth, encontramos os seguintes versos:

Bombas inteligentes, armamentos teleguiados de precisão
Uma forma mais sofisticada para acabar morto
Ainda assim, pesquisamos e inventamos armas tão inteligentes
Que matar uns aos outros
Tal como as engrenagens da guerra
Engrenagens da guerra
Quando você andar com ladrões
Então você morre com ladrões
Atravessa meu coração e esperança
Que você morre
Quando a fumaça se dissipa
O diabo está no espelho
E você vê suas ogivas pintarem o céu.
Agora, você morre!

Letras.terra.com.br-12/04/2012

Nesta letra de Mustaine, ele apenas expõe a lógica invisível de uma guerra:

“Bombas inteligentes, armamentos teleguiados de precisão
Uma forma mais sofisticada para acabar morto”

Não importa o quão sofisticada e tecnológica for uma arma, sua finalidade é sempre matar, implicando que todo esse desenvolvimento é tão fútil quanto as vidas perdidas numa demonstração de “poder” das grandes nações. Afinal, para os donos da guerra, ela nada mais é do que um jogo e, nesse jogo, os soldados são apenas peças.

“Quando você andar com ladrões
Então você morre com ladrões”

A ganância inescrupulosa de uma guerra é tão influente aos olhos dos fracos que moldá-los ao seu gosto nem requer esforços, e morrer pelo mesmo ideal já não causa indignação ou indagação.

Considerações Finais

O que nos desperta para uma visão mais crítica é a busca pelo conhecimento de temas ainda pouco explorados. Compreender a letra de uma canção bem conhecida faz parte de uma interpretação única, que nos leva além do simples prazer de ouvi-la. No entanto, nem todos estão dispostos a este esforço. Cabe aos incomodados, no bom sentido, realizar conexões extremas, no intuito de desvendar a maneira como os compositores interagem com o cotidiano e retiram dele a sua inspiração. Assim, as diferentes interpretações apontam caminhos a partir dos quais nos sentimos instigados a refletir para além do simples prazer efêmero, que também tem o seu lugar, de ouvir as músicas das quais gostamos.

Notas:

1) Texto escrito em parceria com Enock Borges Jr. (Aluno do 3º ano – Ensino Médio – IFTM – Campus Uberlândia). Este artigo é o início de um projeto que o referido aluno participa, sob a minha orientação (Prof. Paulo Irineu Barreto Fernandes) – A publicação do texto está autorizada por ambas as partes.
2) A Revista Filosofia, no seu nº 38, traz matéria sobre o assunto.
3) Ver NIETZSCHE, F. Para a genealogia da moral.
4) NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência, Seção 125.

Referências:

REVISTA FILOSOFIA. Conhecimento Prático. Nº 38. São Paulo: Escala Educacional.
NIETZSCHE, F. Para a genealogia da moral.
NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência
Fonte: http://paginacultural.com.br/nietzsche-e-o-rock/


BLACK SABBATH E NIETZSCHE

















Recentemente, mais especificamente em 2013, o pensamento de Nietzsche inspirou a banda Black Sabbath que retornou, com sua formação quase clássica no lançamento do álbum "13", o single God Is Dead?. A letra, como já mostra o título, fala sobre religião e possui influência direta do filósofo Nietzsche (a capa é uma paródia de sua pessoa, e o título é uma questão à sua famosa afirmação “Deus está morto”).

Eis a tradução da letra God Is Dead?:

Deus está morto?

Perdido na escuridão
Eu me afasto da luz
Tenho fé que meu pai, meu irmão, meu criador e salvador
Me ajudarão a percorrer pela noite
Sangue em minha consciência
E assassinato na mente
Fora da escuridão, eu levanto do meu túmulo a um destino iminente
Agora meu corpo é meu santuário.

O sangue corre livremente
A chuva torna-se vermelha
Me dê o vinho,
Fique com o pão
As vozes ecoam em minha cabeça
Deus está vivo ou Deus está morto?
Deus está morto?

Rios de maldade correm por terras mortas
Nadando em tristeza
Eles matam, roubam e pegam emprestado
Não há amanhã para os pecadores que serão punidos
Das cinzas às cinzas, não é possível desenterrar uma alma
Em quem você confia quando a corrupção, luxúria e crença dos injustos
Te deixam vazio e imoral?

Quando este pesadelo acabará? Me diga
Quando poderei esvaziar minha cabeça?
Alguém me dirá a resposta?
Deus realmente está morto?
Deus realmente está morto?

Para defender minha filosofia até meu último suspiro
Eu transfiro da realidade uma morte em vida
Eu simpatizo com os inimigos até certo momento
Com Deus e satanás ao meu lado
Da escuridão surgirá a luz.

Eu vejo a chuva se tornar vermelha
Me dê mais vinho,
Eu não preciso de pão.
Esses enigmas que vivem em minha cabeça
Eu não acredito que Deus está morto
Deus está morto.

Não tem para onde correr,
Não tem lugar para se esconder
Me pergunto se vamos nos encontrar do outro lado
Você acredita em alguma palavra que a Bíblia diz?
Ou isto é apenas um conto de fadas sagrado e Deus está morto?
Deus está morto

É isso

Mas ainda há vozes em minha cabeça dizendo que Deus está morto
O sangue escorre
A chuva se torna vermelha
Eu não acredito que Deus está morto
Deus está morto, Deus está morto, Deus está morto.





RUSH & AYN RAND















Neil Peart, baterista da banda canadense Rush, influenciado pelos livros da  escritora, dramaturga, roteirista e filosofa norte-americana Ayn Rand e o objetivismo, faz inúmeras referências na faixa Anthem, do álbum Fly by Night, e 2112, do álbum do mesmo nome.

Lançado em 1976, o álbum “2112”, quarto disco de estúdio do power-trio canadense RUSH, foi responsável por colocar a banda em evidência para o grande público – o trabalho da banda foi o primeiro a fazer parte do Top 100 da Billboard, recebendo discos de ouro e platina. O álbum é considerado o maior sucesso comercial da banda ao lado de “Moving Pictures” (1981).

O disco marca a guinada progressiva iniciada pelo RUSH em “Caress of Steel” (1975), depois dos dois primeiros trabalhos da banda – “Rush” (1974) e “Fly By Night” (1975) – ambos mais voltados ao hard rock.

A maior influência para a composição de “2112” é o romance futurista “Anthem” (Hino), escrito pela autora russa Ayn Rand em 1938, responsável por inspirar o enredo, a estrutura e o tema de música. Na obra – que também empresta o nome a uma música do RUSH presente no álbum “Fly By Night” (1975) e a gravadora fundada em 1977 pelos membros da banda em parceria com o empresário Ray Danniels Rush – a escritora aborda uma sociedade, em um futuro não indicado com exatidão, dominada pelo coletivismo e pelo fim do individualismo.

Ao criticar os princípios básicos do governo socialista soviético, Ayn, nascida na Rússia e morando nos Estados Unidos no período, defende através da obra idéias presentes em seus trabalhos como a importância do individualismo, egoísmo racional, liberalismo econômico e capitalismo.

No livro, o personagem Igualdade é preso e punido por desafiar a ordem estabelecida – apesar de ter sua profissão determinada como gari, ele se destaca nas ciências e na matemática, sendo responsável pelo desenvolvimento da eletricidade. Assim como o protagonista de “2112”, Igualdade sofre com a falta de liberdade criativa em uma sociedade que, assim como a Estrela Vermelha da Federação Solar, leva o coletivismo e o controle sobre as pessoas ao extremo, elimiando qualquer possibilidade de desenvolvimento individual do sujeito, perspectiva que influenciou bastante Peart na composição da letra de “2112”.

O símbolo












O “Starman”, que aparece na contra-capa de “2112”, foi muito bem aceito pelos fãs e se tornou o símbolo da banda – a figura aparece também nas capas dos álbuns ao vivo “All the World’s a Stage” (1976) e Exit... Stage Left (1981), além das capas de Moving Pictures (1981) e da coletânea “Retrospective I” (1997).

A criação foi feita de acordo com a idéia principal expressa em “2112”, a oposição entre o ser humano, livre e dotado de criatividade, representado pelo homem nu, e a mentalidade coletivista que oprime a individualidade dos sujeitos, representada pela estrela.

“O homem é o herói da história. Ele está nu, de acordo com a tradição clássica, e representa a pureza, a criatividade, sem outros elementos que o tornam impuro, como o vestuário, por exemplo. Já a estrela vermelha, da Federação Solar, que foi uma sugestão de Neil, representa o mal”, comenta o designer Hugh Syme – ele é o responsável por todas as capas dos álbuns do RUSH desde “Caress of Steel” (1975). “A estrela, na verdade, simboliza qualquer tipo de mentalidade coletivista”, explica Peart, que participou diretamente da concepção da capa, algo defendido na postura dos sacerdotes dos templos de Syrinx.
Fonte: http://whiplash.net/materias/curiosidades/112017-rush.html








Nenhum comentário:

Postar um comentário