domingo, 27 de janeiro de 2013
RASCUNHO
Deixei partir o amor,
fui fraco eu sei,
quando percebi,
foi quando acordei.
Tentei lhe bendizer com uma flor
que outrora roubei,
dum jardim proibido,
por onde passei.
Agora só me resta está dor,
que devo suportar,
sei o quanto já lamentei,
não quero aporrinhar.
Deste rascunho sem cor,
pode brotar,
quem sabe um samba,
pois sei que vai gostar.
Por você naveguei,
em mares desconhecidos,
também saboreei,
do mais doce manjar.
Fui descuidado eu sei,
deixei me levar,
pelos vícios que herdei,
mas nunca pelo vício de te amar.
Te amei desde a primeira vez,
desde quando pude te olhar,
e ainda ouço a música do teu riso,
quando vou me deitar.
Dei atenção a tua dor,
como se ela fosse tão minha,
talvez te sufoquei,
com minhas manias.
Não pude dar mais,
sinto muito,
mas neste tempo curto,
dei o que podia.
Agora eu sei,
não fui tão bom assim,
e mesmo que não pareça,
a culpa é toda minha
Igor Motta
2013
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
SÃO PAULO
Minha cidade,
tão caótica e brilhante,
se divide entre o lixo e o luxo,
tão cheia de gente,
onde você encontra a solidão,
mesmo no meio da multidão.
25 de março,
amarrotada,
de "felicidade" em forma de produto,
originais ou pirateados,
nela você encontra tudo.
24 de maio,
a velha galeria de cabeludos,
São Paulo é Rock and Roll e
também bucólico feito chorinho,
Av. Paulista ostenta, fazem as pessoas
terem um gostinho de 1º mundo.
Vila Mariana de bares e restaurantes,
esconde em suas noites, sua geração
perdida.
Gosto mais da 13 de maio no Bixiga,
suas casas de Rock e de suas cantinas.
Tatuapé, um pouco de classe média
na Zona leste, praça Silva Romero,
me da saudades de meu avô.
Zona Norte, Carandiru, agora
praça da juventude, derrubaram as
estruturas que aprisionavam suas vergonhas,
e deram espaço para um pouco de lazer e cultura.
Em São Paulo você encontra tudo,
qualquer coisa que deseja,
caridade, malandragem e avareza,
a falta clara de educação quando pega
o trem para o subúrbio,
e a força que se mantem autoritária, agindo
no escuro.
São Paulo de todos sabores,
das histórias de amores,
do sucesso e da violência,
do povo misturado,
São Paulo é mestiço, mulato,
miscigenado.
Tem arranha céus espelhados,
e favelas de baixo do elevado.
Tem teatros e cinemas,
mais muito mais Shoppings,
grifes famosas, carros esporte,
bom mesmo é o Braz.
Ermelino Matarazzo,
meu berço franzino,
ainda menino procurando nesta imensidão
um lugar para brincar,
populoso bairro, onde as crianças caçam
lazer, nas pipas, na rua e nas praças.
praças mal feitas de concreto,
lhe faltam árvores.
Bairro de lutas, por educação,
moradia e cultura.
Sonhada Casa de Cultura que
nunca saiu do papel, um ótimo
marketing de campanha,
mas a molecada não se engana,
encontram em escombros espaço
para sua arte.
São Paulo é um gigante viciado,
sustenta todo um país,
uma cidade selvagem,
populosa como pau de cupim.
Nela eu cresci e adoeci,
odeio e a amo na mesma sintonia,
gosto do seu ar intelectual tão poluída,
de suas mil tendências.
Onde tribos famintos por espaço
se multiplicam.
Minha cidade, agora só volto a falar de você
amanhã, perdi a hora e tenho que correr,
o metrô parou e o transito também,
e lá fora aquele fedor do rio Tietê.
Igor Motta
25/01/2013
"O que nos ilude na vida é o que há ao redor, é só prestar atenção ao que há ao redor e notará a artificialidade que há em tudo."
"O que nos ilude na vida é o que há ao redor, é só prestar atenção ao que há ao redor e notará a artificialidade que há em tudo."
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
SAUDOSISMO PASSAGEIRO
Saudade das prateleiras de livros velhos,
de disco tocando na vitrola,
dos papos de filosofia depois da aula,
do cheiro de fritura da cantina,
saudades da inocência que eu tinha,
da vontade de mudar o mundo,
da roda de violão em frente a padaria,
da viela de paralelepípido,
das reuniões intermináveis da Gremeação.
Saudades do gosto do vinho barato,
da carteira de cigarros,
e do isqueiro Zippo.
Saudade do beijo de menina,
das cartas de amor trocadas no patio do colégio,
das trocas de olhares no corredor.
Saudades de andar nas ruas sem medo,
de me olhar no espelho, de ver os ensaios
de teatro e das bandas de garagem.
Saudade das professoras de história,
das aulas de arte e do cheiro de tinta,
das manifestações populares na avenida,
dos protestos e até das brigas,
saudade do tempo em que eu vivia.
2013
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
O AGORA E O LUGAR
E se foi assim,
sem se despedir,
na aurora do tempo,
um lamento,
e uma canção de amor.
Rostos sem expressão,
conversas vazias de mesa de bar,
tentando de toda forma achar,
alguma explicação.
Todos sabem,
por quê todos sentem,
aquela coisa no coração,
num eterno pulsar.
Uma arritmia
uma descompassada,
altera seu humor,
acaba com o seu dia.
Fotos nos fazem recordar,
fatos do dia a dia a nos distanciar,
reconheço na alegria das pessoas,
que eu tento disfarçar,
à minha própria agonia de não desfrutar,
das simplicidades alheias,
peculiaridades das pessoas,
que apenas gostam das coisas sem pensar.
sou um equívoco passageiro,
num bonde ao luar,
indo em rota à frente,
para os que vem atrás, avisar.
Não há nada além,
o agora é o seu lugar,
também não há nada atrás,
apenas viva a onde está.
2013
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
UMA NOITE EM 67
Os jovens de espírito só ficam velhos em corpo, pois ser jovem é ver o mundo como um leque sem dimensões para se experimentar, quando você desiste de experimentar e se convence com o feijão com arroz de todo dia, aí sim você é velho, ser conservador é temer o novo e o novo hoje me parece tão velho em conceitos, não digo isto referente a atitudes não pensadas e imaturas mas sim em conceitos de bom e beleza, qualidade de vida, o que é belo, o que é antiquado? O belo nunca é antiquado mas nem tudo que é velho é bonito, na música sentimos um ostracismo generalizado e ao mesmo tempo um conservadorismo do que é feio, é feio não abrir o leque antes de julgar, conhecer é entender, já fizeram passeatas contra a guitarra elétrica e aplaudiram e vaiaram o que era novo o que nos é velho hoje, mas não há mais nada se movimentando, só nas beiradas, "underground" estrangeirismo sim, a música é universal porquê a linguagem é universal, os egos não fazem com quê as pessoas se unam, seja para a música, seja para a política, seja apenas para um café, ninguém quer discutir o que para muitos é obvio, mas é obvio mesmo? tudo isto para dizer que tenho este eterno saudosismo do que não vivi, épocas em quê a música era mais importante do que o autor, e era belo músicos se unirem para compor e tocarem suas músicas ao vento e com o vento se espalhar. Mais um belo documentário de uma época rica em criatividade musical:
"A ditadura do ter me impede de ser, sou um ser musical por natureza mesmo não tendo a educação necessária pra isso, não tenho a técnica, uso os sentidos, não sou afinado, canto mesmo assim... não sou vocabulário apenas vogal, não sou um dicionário apenas indico o índice, escrevo mau porquê falo mau e ouço mau, mas escrevo sempre...sou inquieto e ao mesmo tempo tímido, não sou o bêbado, sou o que há por trás dele, um poeta um lírico... não sou eu que implico são os outros que fazem tudo errado... os que me dizem o que eu deva fazer são aqueles que não concordam comigo... os que me dizem vá em frente são os meus inquilinos...aqueles que me alugam como um amigo."
UM CANTO ENQUANTO ESPERO
Esperando o cheiro de fumaça se dissipar,
o sol novamente brilhar,
o amor bater na porta sem avisar,
o chamado de Deus para um proposito maior,
esperando o tele cine acabar,
numa noite de segunda feira tediosa,
esperando a Madre Teresa de Calcutá,
cair do seu laço, esplendorosa,
esperando o Papa tropeçar em sua manta vigorosa,
um vidente a assoprar pseudos adivinhamentos do amanhã,
ele não sabe que o amanhã é agora,
tão previsível quanto falsário,
esperando o anjo cair e novamente voar,
esperando Kardec ressuscitar de sua sombra na pedra,
e Cristo tocar guitarra em uma banda,
solando escalas divinas, pregando sua palavra,
a verdade, que assola, esperando que ela nos chegue,
mas principalmente que eu a compreenda,
esperando a criança voltar da escola com segurança,
esperando a nova Bossa Nova pois a outra já é velha,
esperando a velha dança de ciranda para quem é novo,
esperando o baile de primavera.
Esperando como quem está cansado de esperar,
esperar é ter certeza do que ira ganhar,
só espera aquele que merece,
ir atrás das coisas e não deixa-las entrar,
é tão somente esperar por nada,
esperar o perdão é para quem não sabe perdoar,
o perdão é de dentro pra fora, não vale apena esperar,
esperar o canto do galo é se atrasar, antecipe seus passos,
cante antes do galo cantar.
Esperar o novo presidente é tão obvio,
melhor é assoviar.
Esperar a riqueza é acreditar nela, melhor é ignorar,
acreditar na riqueza é como esperar a noiva no altar,
sem saber ao certo se ela virá, deixe as coisas acontecerem,
assim você terá certeza, que a melhor coisa foi esperar.
Igor Motta
2013
RAUL - O INICIO, O FIM E O MEIO
O terceiro filme documental que eu recomendo de ótima produção, com cenas inéditas e narrando de forma cronológica e perfeita a vida contraditória do maior ícone do Rock Brasileiro. Raul Seixas e todas as suas facetas são colocadas à mesa neste filme com depoimentos emocionados de pessoas que estiveram em seu tempo ao seu lado, de perto ou de longe da figura que fora Raul e suas metamorfoses. Este que cantou à própria morte e a esperou como quem espera uma amante, tornou-se tão grande em morte quanto em vida, acumulou legiões de fãs como uma Igreja acumula fiéis, profetizou ao povo suas inquietações com ironia e sarcasmo, poesia e paixão e tornou o ritmo norte americano conhecido como Rock tão popular quanto o samba carioca, brincou com a linguagem regional da Bahia e do Sertão com as gírias do inglês de Elvis misturada com o Baião de Luiz Gonzaga. Este sim foi o rei do Rock Brasileiro, o rock tornou-se brasileiro com a sua voz, fez o que quis conforme a sua própria lei.
Na onda dos novos documentários que fazem a arqueologia dos primórdios da cultura pop nacional, Raul - O Início, o Fim e o Meio, de Walter Carvalho, é o filme que vem para reaproximar a lenda histórica da emoção que um dia ela causou.
É um filme que deve causar uma nova onda de "raulseixismo". Segundo dados da produção, mesmo 20 anos após sua morte, Raul Seixas ainda é um dos artistas que mais vendem discos no País, cerca de 300 mil cópias ao ano. A estreia do documentário será 23 de março.
No início do filme, um sósia de Raulzito desliza por uma autoestrada com uma motocicleta, e a essas cenas são contrapostas imagens do filme "Sem Destino"(Easy Rider), ícone da contracultura e essência do road movie. A trilha do passeio funde rock'n'roll e baião, cultura americana e periferia de Salvador.
"Ao começar, minha única intenção era conhecer Raul Seixas. Eu não faço filme para provar nada", diz o diretor Walter Carvalho. "Achava e continuo achando que um mito como Raul não tem explicação e nem deve ter. Ele está no inconsciente das pessoas."
O documentário traz imagens inéditas de diversos arquivos e cerca de 94 (50 estão no filme) entrevistas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro e no exterior (Suíça e Estados Unidos), reunindo ex-mulheres, filhos, amigos de infância, músicos, profissionais da área musical e parceiros, como Paulo Coelho.Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/
Elenco: Depoimentos de Paulo Coelho, Nelson Motta, Tom Zé, Pedro Bial e Caetano Veloso.
Direção: Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel
Gênero: Documentário
Duração: 100 min.
Distribuidora: Paramount Pictures
Estreia: 23 de Março de 2012
Sinopse: Documentário sobre vida e obra do maior ícone do rock brasileiro, desvendando suas diversas facetas, suas parcerias com Paulo Coelho, seus casamentos e seus fãs, que ele continua a mobilizar 20 anos depois de sua morte
Confira o trailer do documentário:
LOKI - ARNALDO BAPTISTA
O ARTISTA. O GÊNIO. O MUTANTE.
ARNALDO BAPTISTA.
O segundo filme que eu recomendo é LOKI que narra a trajetória de Arnaldo Baptista um dos fundadores dos Mutantes, este documentário é maravilhoso, nele vemos o poder do amor e da música, está viagem que pode nos colocar num abismo e que também tem o mesmo poder de nos regatar à vida, Arnaldo e sua genialidade num país tão falso moralista e careta, com direção de Paulo Henrique Fontenelle vemos a memória artística deste país sendo valorizada por olhares externos de espectadores do mundo inteiro, é extraordinário o quanto só damos valor a algo quando a crítica vem de fora.
Sinopse:
Cinebiografia do músico Arnaldo Baptista, ex-integrante dos Mutantes, contada através de um quadro traçado pelo próprio artista. A pintura é intercalada com imagens históricas que remetem aos principais momentos de sua trajetória artística, que fizeram dele um dos grandes nomes do rock brasileiro. Depoimentos de Tom Zé, Nelson Motta, Gilberto Gil, Sean Lennon, entre outros.
Informações do filme:
Título no Brasil: Loki - Arnaldo Baptista
Título Original: Loki - Arnaldo Baptista
País de Origem: Brasil
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento: 2008
Estréia no Brasil: 19/06/2009
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.: Mais Filmes
Direção: Paulo Henrique Fontenelle
ELENCO:
Arnaldo Baptista
Tom Zé
Nelson Motta
Gilberto Gil
Sean Lennon
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
TROPICÁLIA
Ultimamente venho me encantando com produções Brasileiras de documentários e filmes que resgatam um pouco da memória de uma época realmente rica de nossa cultura, este país que é tão desmemoriado pelo menos agora poderá conhecer, relembrar e curtir está época e o seus representantes. O primeiro deles é Tropicália, um documentário sensacional sobre este movimento musical, artístico que literalmente personifica a antropofagia de Oswald de Andrade em uma linguagem de vanguarda numa época de repressão por parte da Ditadura Militar tanto quanto pela juventude nacionalista de esquerda, conservadora.
“O nome de um movimento só existe enquanto o movimento existe e o Tropicalismo não existe mais como movimento.” É com essa veemente frase de Caetano Veloso em uma entrevista para a televisão portuguesa em 1969, que o documentário Tropicália tem seu começo. Vamos, camaradas: arregacem as calças e subam os vestidos!
Tropicália – o filme, retrata o panorama político e, principalmente, cultural de 1967 a 1969, os anos de ouro doTropicalismo – apesar de acreditar que a última data pode ser estendida para a eternidade. Com uma rica pesquisa de foto, vídeo e áudio – vários deles inéditos até mesmo para os próprios tropicalistas – o documentário é, segundo o diretor, o filme definitivo sobre a Tropicália. Será? Prossigamos a leitura.
Por entre fotos e nomes, o diretor Marcelo Machado vai sem lenço, mas com muitos documentos. Começando em 1967, ele busca no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, o começo de uma revolução.
No mesmo período, em 17 de julho daquele ano, há a passeata contra a guitarra elétrica – na qual, ironicamente, Gilberto Gil, que usou guitarras elétricas em sua apresentação no festival, acompanhou seus amigos Jair Rodrigues, Edu Lobo e Elis Regina. Esta era uma passeata organizada pelas gravadoras de música brasileira tradicional, com o intuito de alfinetar a rincha já existente entre a MPB e a Jovem Guarda.
Não obstante, temos a estreia de Gil, Caetano e Gal com o tropicalismo na apoteose musical da Record, quando introduziram guitarras elétricas e orquestra à música popular e agregaram a tão comentada antropofagia cultural, a fim de tornar a música algo único, universal. Mesmo com iniciais torções de nariz, foram ovacionados e obrigados ao bis.
Foi nesse mesmo período, o auge de Glauber Rocha, com o cinema novo. Ele mesmo, que compartilhou o nascimento do movimento nas confrarias baianas, disse em entrevista “Eu já estou de saco cheio desse negócio de Tropicalismo”. Também, o encontro com José Celso Martinez Correa, o Zé Celso, e seu Teatro Oficina, que participou de maneira notória para a concretização do movimento. Além, é claro, do artista plásticoHélio Oiticica com sua intervenção Tropicália, que nomeou o movimento.
Já em 1968, depois do homérico discurso de Caetano no IV Festival da MPB em que avisa ao público “Vocês não estão entendendo nada! Nada!”, Marcelo mostra o período mais sombrio da Ditadura Militar, quando o presidente Costa e Silva decretou o Ato Inconstitucional nº 5. A partir daí, tudo ficou mais difícil, até para os músicos. Muitos foram torturados, muitos foram presos e, obviamente, exilados.
E foi justamente no caminho do exílio que Gil e Caetano se apresentaram em um programa de televisão português durante um parada em Portugal antes de seguirem viagem ao destino final, Londres. Nele, o apresentador pediu a Caetano que explicasse para o público o que era o Tropicalismo. Foi quando Caetano respondeu com um longo e hesitante “Well…”.
Já instalados na capital britânica, os heróis da Tropicália – de maneira alguma me esquecendo do rei Rogério Duprat, do profeta Tom Zé e dOs Mutantes, mas entendam a parcimônia – participaram do Festival de jazz na Ilha de Wight, onde Janis Joplin e Jimi Hendrix iriam se apresentar. Em imagens até então inexistentes, Caetano cantarola uma bela canção de seu LP de 1971, Shoot me Dead, com Gil e vários amigos músicos, nada diferente dos ensaios em seu recanto no recôncavo baiano.
(Momentos antes, no camarim de Hendrix, os dois foram convidados a conhecer o rei da guitarra elétrica. Depois que Jimi foi para o palco, Veloso comentou com Gil “Rapaz, esse cara parece os mulatos lá de Santo Amaro…”)
Quando, em 1970, puderam voltar para as janelas e portas abertas do país tropical, Gil e Caetano foram recebidos de braços abertos. Festejando o retorno, Gil compôs a emblemática canção Back to Bahia (De volta para Bahia) saudando aqueles mesmos braços molhados de saudade. E foi na festa de aniversário de seu filho Pedro, que Gil a tocou para seus amigos. Mas não sem registro. Esse é outro vídeo inédito que vemos junto com os dois pela primeira vez. E vemos, além disso, as suas reações ao verem as imagens. O sorriso dos baianos não cabe no rosto, assim como a emoção nos olhos.
Rico em recursos gráficos, entrevistas e, claro, com uma impecável trilha sonora, Marcelo Machado conseguiu. Ele conseguiu nos emocionar e nos transferir, de alguma maneira, àquele momento tão efervescente e antropofágico dos anos 60. Além disso, ele deixou em cada um de nós, espectadores, um resíduo a ser assimilado e refletido. Enfim, uma bela homenagem ao Tropicalismo. Mas definitivo? Enquanto há vida, há tempo. E quer saber? Viva Cacilda Becker!
Veja aqui o trailer de Tropicália, o filme
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
SOUL KITCHEN
Ultimamente estou entrando numa fase de auto conhecimento se assim pode se dizer, quer dizer há algum tempo faço milhões de questionamentos existenciais, políticos e etc. Bom, escrevi pra falar de um filme que eu revi ontem, Soul Kichen, que não tem nada haver com a música dos The Doors, fala de culinária, na verdade uma comédia de situações, um filme co produzido na Alemanha e Turquia com direção de Fatih Akin, um filme de 2009. Penso que situações como as que vivi em tempos, daria um ótimo roteiro para um filme como este, de tão absurdas as situações que já passei como no filme. Nada nele soa ser ficção, pois os acontecimentos do filme são todos possíveis, imprevisíveis mais possíveis:
O choque da tradição europeia com a miscigenação cigana marca os filmes do diretor alemão de ascendência turca Fatih Akin, como Contra a Parede e Do outro lado. Akin muda de gêneros, vai do documentário musical ao filme-mosaico, mas mantém sempre um certo grau de impacto.
A premissa antepõe mercenários e puros de coração. De um lado, um especulador que surfa na gentrificação (a transformação de bairros tradicionais de classe baixa em valorizados espaços de boom imobiliário) de Hamburgo e está de olho no galpão velho onde funciona o pé-sujo Soul Kitchen. Do outro, o dono do restaurante, que não quer vendê-lo mas também sofre para pagar suas contas.
Obviamente, o especulador (vivido por Wotan Wilke Möhring) personifica o alemão secular, loiro, pragmático - que pensa em vender o galpão para o personagem interpretado por Udo Kier, ator associado a nazistas no cinema. Já o dono do restaurante, o imigrante grego Zinos (Adam Bousdoukos), é o típico galã errante, que gosta de comida "com alma", escuta caixinhas de músicas etc.
O que Soul Kitchen tem de mais interessante - e que está intrinsecamente ligado ao cinema anterior de Fatih Akin - é que sua defesa das coisas bonitas e pulsantes passa pela mistura. É uma nostalgia ao contrário, que só um cosmopolita poderia conceber: a vida cigana, as drogas, o rock, não são sinônimos de cultura diluída, mas de autenticidade. Não há problema, segundo essa ótica, em misturar cartazes da propaganda soviética com black music e pôsteres de cultura punk.
O hype, para Akin, é uma coisa do bem. Se a gentrificação de Hamburgo gera guindastes pelo horizonte (quando filma em prédios envidraçados, o diretor não deixa os guindastes saírem de quadro), por outro lado também gera butecos, restaurantes e outras ilhas onde o vintage é uma commodity aceita - e valiosa.
Marcelo Hessel
18 de Março de 2010
Fonte:http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-soul-kitchen/
A premissa antepõe mercenários e puros de coração. De um lado, um especulador que surfa na gentrificação (a transformação de bairros tradicionais de classe baixa em valorizados espaços de boom imobiliário) de Hamburgo e está de olho no galpão velho onde funciona o pé-sujo Soul Kitchen. Do outro, o dono do restaurante, que não quer vendê-lo mas também sofre para pagar suas contas.
Obviamente, o especulador (vivido por Wotan Wilke Möhring) personifica o alemão secular, loiro, pragmático - que pensa em vender o galpão para o personagem interpretado por Udo Kier, ator associado a nazistas no cinema. Já o dono do restaurante, o imigrante grego Zinos (Adam Bousdoukos), é o típico galã errante, que gosta de comida "com alma", escuta caixinhas de músicas etc.
O que Soul Kitchen tem de mais interessante - e que está intrinsecamente ligado ao cinema anterior de Fatih Akin - é que sua defesa das coisas bonitas e pulsantes passa pela mistura. É uma nostalgia ao contrário, que só um cosmopolita poderia conceber: a vida cigana, as drogas, o rock, não são sinônimos de cultura diluída, mas de autenticidade. Não há problema, segundo essa ótica, em misturar cartazes da propaganda soviética com black music e pôsteres de cultura punk.
O hype, para Akin, é uma coisa do bem. Se a gentrificação de Hamburgo gera guindastes pelo horizonte (quando filma em prédios envidraçados, o diretor não deixa os guindastes saírem de quadro), por outro lado também gera butecos, restaurantes e outras ilhas onde o vintage é uma commodity aceita - e valiosa.
Marcelo Hessel
18 de Março de 2010
Fonte:http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-soul-kitchen/
Sinopse: Zinos Kazantsakis (Adam Bousdoukos) é o proprietário do restaurante Soul Kitchen. O negócio não anda bem, pois os clientes não aprovam a comida feita pelo novo cozinheiro. Para piorar a situação, Nadine Krüger (Pheline Roggan), a namorada de Zinos, resolveu se mudar para Xangai. Logo ele resolve partir à sua procura, mas para tanto precisa deixar o comando do restaurante a cargo de seu irmão, Illias (Moritz Bleibtreu), que saiu recentemente da prisão. Não demora muito para que Zinos descubra que Nadine já tem um novo namorado e que Illias perca o restaurante no jogo.
Anotação em 2010: Soul Kitchen é um filme alegre, bemhumorado, gostoso. Fala de coisas duras – vida de imigrantes em país rico, criminalidade, a tentação do crime, as mil dificuldades de se tocar um pequeno negócio sem muito dinheiro, os agentes do Estado que estão sempre pegando no pé e na carteira dos pequenos empresários, corrupção, problema de saúde quando não se tem plano médico particular. Mas fala de tudo isso com um tom abertamente alegre, bem humorado, gostoso.
Muitos dos personagens de Soul Kitchen – a ação se passa em Hamburgo, na severa, sisuda Alemanha de hoje – parecem o que conhecemos como o protótipo do malandro carioca: sempre se safam das maiores dificuldades, com bom humor, com ginga de corpo, com jeitinho. E com grande paixão por comida, música, dança e sexo.
Parecem mais personagens de uma comédia gostosa de Mario Monicelli ou de Hugo Carvana que de um filme de Fatih Akin.
Muitos dos personagens de Soul Kitchen – a ação se passa em Hamburgo, na severa, sisuda Alemanha de hoje – parecem o que conhecemos como o protótipo do malandro carioca: sempre se safam das maiores dificuldades, com bom humor, com ginga de corpo, com jeitinho. E com grande paixão por comida, música, dança e sexo.
Parecem mais personagens de uma comédia gostosa de Mario Monicelli ou de Hugo Carvana que de um filme de Fatih Akin.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
O PROFETA - GIBRAN KHALIL GIBRAN (DICA DE LIVRO)
Aprendi com Gibran Kalil Gibran, n’O Profeta, que caminhamos como numa procissão, e aquele que tropeça e cai peca menos que aquele que antes dele viu a pedra e não a retirou do caminho ou não avisou aos outros que vinham depois dele.
"Um Livro que inspira e reconforta numa época de Perplexidade"
Um enriquecimento espiritual e uma visão de beleza raramente igualados. A sabedoria oriental, produto daquela terra onde nascem os profetas e as religiões, sempre fascinou as almas sensíveis.
Este livro contém a essência dessa sabedoria, aplicada não a problemas transcendentais mas à nossa vida cotidiana, e expressada num dos estilos mais fascinantes de toda a literatura contemporânea.
As edições anteriores desta tradução têm-se esgotado com excepcional rapidez. E raros são aqueles que, após ler o seu exemplar, não voltam à livraria comprar outros exemplares para seus amigos.
Pois a leitura deste livro é mais do quê uma leitura: é uma deliciosa renovação da almaQuando uma pessoa está fisicamente esgotada, vai respirar o ar vivificante das montanhas. Espiritualmente também, as pessoas se esgotam: o egoísmo, a concorrência feroz, o automatismo, a solidão moral, a insensibilidade que caracterizam os tempos modernos afetam nossas almas mais ainda do que a exaustão afeta nossos corpos.
E livros como O Profeta são as alturas vivificantes de que a alma precisa.
Comece a ler este livro hoje mesmo. Sua leitura não lhe tomará mais de duas horas. Mas a beleza de suas parábolas, a melodia de seu estilo, o estímulo de seus pensamentos, a profundidade dos seus conceitos o acompanharão durante meses.
O Profeta, escrito originalmente em árabe e, depois, em inglês, por um dos escritores mais extraordinários do século XX, já foi traduzido para mais de 30 idiomas. E em toda parte, das agitadas metrópoles às aldeias sonolentas, centenas de milhares de pessoas fazem dele o seu livro de cabeceira e para ele se voltam cada vez que sentem saudade das alturas e da primavera.
Aproveitem este livro, e deixe que ele os levem sobre as asas da poesia ao mundo maravilhoso da sabedoria e da beleza.
(Prefácio de Mansour Challita)
Frases de Gibran Khalil Gibran
“Poetas não são aqueles que escrevem poesia, mas todos os que tem o coração cheio deste espírito sagrado.”
“Os corações que as tristezas unem permanecem unidos para sempre. O laço da tristeza é mais forte que o laço da alegria. E o amor que as lágrimas lavam torna-se eternamente puro e belo.”
“É melhor ser a flor pisada do que o pé que pisou a flor”
"A beleza só pode ser compreendida pelo espírito e o espírito só nasce e se desenvolve em sua companhia."
"A morte não está mais perto do idoso do que do recém-nascido Nem a vida."
"Até o espírito mais alado não pode escapar da necessidade física."
"E ao fim, quando baixei novamente à planície, e da planície, após, desci aos vales meus, meus olhos viram num deslumbramento, que também nas planícies e nos vales, em tudo, estava Deus."
"Quando te separares de um amigo, não te preocupes, pois o que tu amas nele pode tornar-se mais claro com a sua ausência, assim como para o alpinista a montanha aparece mais clara vista da planície."
"Para entender o coração e a mente de uma pessoa, não olhe para o que ela já conseguiu, mas para o que ela aspira."
"Pois as distâncias não existem para a recordação; e somente o esquecimento é um abismo que nem a voz nem o olho podem atravessar."
"Considero-me estrangeiro em qualquer país, alheio,a qualquer raça. Pois a terra é minha pátria e a humanidade toda é meu povo."
"Do sofrimento emergiram os espíritos mais fortes, as personalidades mais sólidas marcadas com cicatrizes."
"É errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações."
''As grandes dores são mudas''.
"Árvores são poemas que a terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo nosso vazio."
"O desejo é a metade da vida; a indiferença a metade da morte!"
"Deve existir algo estranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar..."
"Todo o trabalho é vazio a não ser que haja amor."
"Dizeis: darei só aos que precisam. Mas os vossos pomares não dizem assim; dão para continuar a viver, pois reter é perecer."
"A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes."
"O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio."
"A Razão e a Paixão são o leme e as velas da alma navegante. Sem ambos, ficarias à deriva ou parado no meio do mar.
Se a Razão governar sozinha, será uma força limitadora. E uma Paixão Ignorada é uma chama que arde até sua própria destruição."
O Profeta
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão: Que haja antes um mar ondulante entre as praias de vossas almas. Encheis a taça um do outro, mas não bebais na mesma taça.Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vos estar sozinho, Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.
Dai vossos corações, mas não confieis a guarda um do outro. Pois somente a mão da vida pode conter nossos corações.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia; Pois as colunas do templo erguem-se separadamente, E o carvalho e o cipreste não crescem a sombra um do outro.
"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa a sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito, mas há os que não levam nada."
"A simplicidade é o último degrau da sabedoria."
"O importante para uma pessoa não são os seus sucessos mas sim quanto os deseja."
"A sabedoria é a única riqueza que os tiranos não podem expropriar."
"Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."
"O desgosto é o obscurecimento do espírito e não o seu castigo."
"Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria."
"Cada vez mais desesperadamente o homem procura dilatar o tempo que já não tem."
"A música é a linguagem dos espíritos."
Khalil Gibran
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
SUB EXISTÊNCIA - REPRESENTANTES DO PUNK ROCK NA ZONA LESTE A 25 ANOS
Sub Existência é uma banda formada em 1986, na periferia da Zona Leste de São Paulo, formada por Walter Detrito voz e guitarra, Lããdu baixo e Marcelo Kaskadura bateria. lançaram em 2012 o CD Do Kaos à Utopia que marcam os 25 anos da banda. Walter Detrito líder e fundador da banda ressalta que, como a banda é a mais antiga em atividade na região, tem como compromisso representar a cultura e a cena underground de modo geral além do envolvimento com movimentos sociais.
Ouvi o CD e de cara me deparei com a introdução, com a vinheta que a Rede Globo de televisão utiliza para dar notícias de última hora, que todos conhecem, introduzindo a eletrizante primeira faixa "Alienação Extrema", um Punk Rock vigoroso. Senti ao longo do disco influência das bandas de Punk do final dos anos 70, a segunda faixa "Fogo Cruzado", que traz um questionamento sobre a própria existência, é rápida, tem o peso certo nas guitarras e me deu vontade de ouvir meus próprios vinis dos Inocentes, Cólera e Restos de Nada, expoentes mais conhecidas dos anos 80. "Mundo de Ilusão" a terceira faixa poem a mesa a discussão política, de promessas não cumpridas e das dificuldades que isto nos impõem. "Vida de Garagem", pode ser considerada um hino para bandas Underground, a letra renega a indústria e exalta a liberdade que só a garagem pode dar à uma banda. A faixa "Ódio na direção certa" tem um ótimo riff de guitarra na introdução, é rápida e certeira, a letra defende o ódio como ferramenta para se ir para frente e enfrentar a realidade.
"Dekadênciamania" faz um questionamento sobre como as questões externas influenciam na vida cotidiana, ótima para fazer pegar fogo a plateia de um show. Seguem o disco com "Sub Condicional", a minha preferida, um ótimo refrão e uma fúria contagiante, "Adaptado" e "Leis da Liberdade", novamente nos leva a discussão das questões externas que nos influenciam. "Direito a Razão" começa com uma super linha de baixo de Lããdu na introdução, "Terceiro Mundo" com Introdução de Padre Quevedo, hilário, e a música "Explorado e Explorador" fecha o disco como faixa bônus em tributo a banda Cólera. Um ótimo trabalho que representa o Punk Rock Paulistano nos dias de hoje da maneira que tem que ser, underground, alternativo, pesado e rápido. Parabéns Rapazes espero poder ouvir novos trabalhos daqui pra frente.
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