segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

SOUL KITCHEN


Ultimamente estou entrando numa fase de auto conhecimento se assim pode se dizer, quer dizer há algum tempo faço milhões de questionamentos existenciais, políticos e etc. Bom, escrevi pra falar de um filme que eu revi ontem, Soul Kichen, que não tem nada haver com a música dos The Doors, fala de culinária, na verdade uma comédia de situações, um filme co produzido na Alemanha e Turquia com direção de Fatih Akin, um filme de 2009. Penso que situações como as que vivi em tempos, daria um ótimo roteiro para um filme como este, de tão absurdas as situações que já passei como no filme. Nada nele soa ser ficção, pois os acontecimentos do filme são todos possíveis, imprevisíveis mais possíveis:
Soul Kitchen : foto
O choque da tradição europeia com a miscigenação cigana marca os filmes do diretor alemão de ascendência turca Fatih Akin, como Contra a Parede e Do outro lado. Akin muda de gêneros, vai do documentário musical ao filme-mosaico, mas mantém sempre um certo grau de impacto.
A premissa antepõe mercenários e puros de coração. De um lado, um especulador que surfa na gentrificação (a transformação de bairros tradicionais de classe baixa em valorizados espaços de boom imobiliário) de Hamburgo e está de olho no galpão velho onde funciona o pé-sujo Soul Kitchen. Do outro, o dono do restaurante, que não quer vendê-lo mas também sofre para pagar suas contas.
Obviamente, o especulador (vivido por Wotan Wilke Möhring) personifica o alemão secular, loiro, pragmático - que pensa em vender o galpão para o personagem interpretado por Udo Kier, ator associado a nazistas no cinema. Já o dono do restaurante, o imigrante grego Zinos (Adam Bousdoukos), é o típico galã errante, que gosta de comida "com alma", escuta caixinhas de músicas etc.
O que Soul Kitchen tem de mais interessante - e que está intrinsecamente ligado ao cinema anterior de Fatih Akin - é que sua defesa das coisas bonitas e pulsantes passa pela mistura. É uma nostalgia ao contrário, que só um cosmopolita poderia conceber: a vida cigana, as drogas, o rock, não são sinônimos de cultura diluída, mas de autenticidade. Não há problema, segundo essa ótica, em misturar cartazes da propaganda soviética com black music e pôsteres de cultura punk.
O hype, para Akin, é uma coisa do bem. Se a gentrificação de Hamburgo gera guindastes pelo horizonte (quando filma em prédios envidraçados, o diretor não deixa os guindastes saírem de quadro), por outro lado também gera butecos, restaurantes e outras ilhas onde o vintage é uma commodity aceita - e valiosa.
Marcelo Hessel
18 de Março de 2010
Fonte:http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-soul-kitchen/

Soul Kitchen : foto
Sinopse: Zinos Kazantsakis (Adam Bousdoukos) é o proprietário do restaurante Soul Kitchen. O negócio não anda bem, pois os clientes não aprovam a comida feita pelo novo cozinheiro. Para piorar a situação, Nadine Krüger (Pheline Roggan), a namorada de Zinos, resolveu se mudar para Xangai. Logo ele resolve partir à sua procura, mas para tanto precisa deixar o comando do restaurante a cargo de seu irmão, Illias (Moritz Bleibtreu), que saiu recentemente da prisão. Não demora muito para que Zinos descubra que Nadine já tem um novo namorado e que Illias perca o restaurante no jogo.
Soul Kitchen : foto
Anotação em 2010: Soul Kitchen é um filme alegre, bemhumorado, gostoso. Fala de coisas duras – vida de imigrantes em país rico, criminalidade, a tentação do crime, as mil dificuldades de se tocar um pequeno negócio sem muito dinheiro, os agentes do Estado que estão sempre pegando no pé e na carteira dos pequenos empresários, corrupção, problema de saúde quando não se tem plano médico particular. Mas fala de tudo isso com um tom abertamente alegre, bem humorado, gostoso.
Muitos dos personagens de Soul Kitchen – a ação se passa em Hamburgo, na severa, sisuda Alemanha de hoje – parecem o que conhecemos como o protótipo do malandro carioca: sempre se safam das maiores dificuldades, com bom humor, com ginga de corpo, com jeitinho. E com grande paixão por comida, música, dança e sexo.
Parecem mais personagens de uma comédia gostosa de Mario Monicelli ou de Hugo Carvana que de um filme de Fatih Akin. 

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