quinta-feira, 23 de junho de 2016

FINIS AFRICAE, NAU & CIVIL - PERDIDOS NO BAÚ DA HISTÓRIA (PARTE 10)






Num país sem memória como o Brasil, onde até obras essenciais de ídolos consagrados não foram reeditados em CD, não é de se estranhar que ainda estejam fora de catálogo muitos álbuns de artistas menos badalados. São discos raros, obscuros e/ou ignorados que, em seu tempo, sintonizaram a música nacional com o que estava rolando no exterior ou romperam com os padrões vigentes nas paradas. A seguir, um pouco mais dessas jóias.
Por Fernando Rosa.

Finis Africae

















Finis Africae foi uma banda brasiliense que emplacou hits como "Ética", "Van Gogh", "Armadilha", "Deus Ateu" e "Mentiras". O ano de 1986 começou bem, com o lançamento de um EP, chamando a atenção de gravadoras para um lançamento posterior. A EMI-Odeon fechou o contrato com a banda e colocou o primeiro LP nas prateleiras, no ano seguinte.

A Finis Africae surgiu em uma época que Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial dominavam o espaço na cena do rock brasileiro. Após o sucesso de "Armadilha" nas rádios, no ano de 1986, a banda continuou o caminho e conseguiu colocar no mercado um LP homônimo.

Finis Africae (lê-se africe) quer dizer, em latim, “nos limites da África”. O nome da banda foi inspirado pela leitura do livro O Nome da Rosa, do escritor italiano Umberto Eco, que dava ao principal mistério de sua saga o nome de Finis Africae. O significado do finis revelava a intenção sonora da banda, que surgiu misturando batida tribal com ritmos negros como o funk e o soul com levada de rock baseada no pós-punk inglês.

Em 1984, Brasília fervia, musical e politicamente. Incentivados pelos colegas de grupos como Banda 69, Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana, Alexandre Saffi, Neto Pavanelli, Rodrigo Leitão e Ronaldo Pereira se juntaram para tentar uma mistura de batida africana, marcação reggae e funk nas guitarras e clima pós-punk. Surgia o Finis Africae. Depois de alguns ensaios e três apresentações, José Flores (Virgem) juntou-se ao quarteto.

O show oficial de estreia foi em 14 de julho daquele ano, no Rola Pedra Etc & tal, um teatro de bolso em Taguatinga (DF). Na platéia, todo o establishment do rock brasiliense e Hermano Vianna (jornalista e sociólogo, irmão de Herbert, de Os Paralamas do Sucesso). O entusiasmo de Renato Russo, Dinho Ouro Preto e Hermano fizeram o som do Finis ecoar, já na estreia, direto para os ouvidos dos principais críticos do eixo Rio-São Paulo. Uma semana depois, o Spalt, principal fanzine paulista à época, trazia reportagem de página dupla falando daquela banda “meio Bauhaus, meio Siuxie and The Banshees, Joy Division, Cure, mas com um toque original de sotaque afro e funk”.

No ano seguinte, já embalado por shows no Rio e em São Paulo e com as músicas Ética, Van Gogh e Pânico bem executadas nas rádios Estácio e Fluminense FM, no Rio, e 89 FM, em São Paulo, o Finis estreou em disco na coletânea Rumores, lançada pelo selo Sebo do Disco. Van Gogh e Ética foram as músicas escolhidas pelo jornalista Paulo Pestana, encarregado pelos produtores Isnaldo Lacerda e José Fernandez de arregimentar os grupos. A boa repercussão do trabalho junto à crítica especializada do eixo Rio-São Paulo levou ao convite para a gravação de um EP, ainda pelo Sebo.

Em maio de 1985, divergências internas levaram Rodrigo a deixar o grupo. Já com Eduardo de Moraes veio Finis Africae, um mini-LP com seis faixas e a versão de Armadilha que foi levada à trilha sonora do filme Anjos da Noite, do estreante diretor Wilson Barros. A pedido de Renato Russo, a gravadora EMI contratou o grupo em 1987, ano em que foi lançado o LP Finis Africae, produzido por Mayrton Bahia, mesmo produtor da Legião Urbana naquela época. O disco trazia regravações de parte do repertório do EP independente e uma série de composições inéditas. Este disco vendeu 50 mil cópias e, no ano de 1987, o Finis excursionou por quase todo o Brasil, aparecendo ainda em sendo divulgado em programas de TV (Bolinha, Chacrinha, Raul Gil, Fantástico, etc). Além das entrevistas em jornais, revistas e rádios a banda emplacou um dos maiores sucessos daquele ano: Armadilha foi uma das 40 músicas mais tocadas nas rádios brasileiras.

Em 1988, Neto e José Flores saíram do grupo, retornando a Brasília. Em seus lugares entraram Roberto Medeiros (baixo), Mac Gregor (teclado) e César Nine (guitarra). Com essa formação, o Finis se apresentou até 1990, quando, temporariamente, encerrou suas atividades, retomadas em 1999.

De 1999 a 2002, por meio da Groove Produções, o Finis Africae realizou mais de 70 shows com o projeto "Anos 80 Rock Brasil", quando a banda convidava um grupo já extinto dos anos 80 para voltar aos palcos e excursionar com ela. 

Participaram deste projeto as bandas Zero, Hojerizah, Black Future, Violeta de Outono, Uns e Outros, Ethiopia, entre outras. Essa iniciativa do Finis foi certamente uma das responsáveis pela revitalização da cena musical das bandas de rock dos anos 80, que a partir de 2003 se transformou em verdadeira febre.

Em 2000, veio o CD Maxi-single, com remixagens de sucessos do Finis. Em abril de 2002, a banda lançou o CD Finis Africae ao Vivo em Brasília, gravado durante uma apresentação no Lago Sul. Logo depois, a banda encerrou suas atividades.

Em abril de 2005, a convite da produtora GRV (organizadora da Feira de Música Independente), os integrantes das duas primeiras formações se reuniram para um show histórico, em comemoração aos 20 anos de lançamento da coletânea Rumores, na Sala Martins Penna do Teatro Nacional, em Brasília, com lotação esgotada uma semana antes da apresentação, transmitida ao vivo pelas rádios Cultura FM e Nacional FM, dentro da programação da FMI. A repercussão deste show, por parte de crítica e público, levou a banda a desenvolver o projeto de um DVD, reunindo os integrantes de todas as formações e artistas convidados. Este projeto está em fase de execução.

Rock Brasília

Em 1984, o chamado "rock de Brasília" começava a invadir todas as praias e rios do Brasil. Foi neste ano que, influenciados pelo punk rock, três rapazes - Neto (no baixo), Ronaldo (bateria) e José Flores (guitarra) - resolveram se juntar para formar uma banda. Batizaram-se Finis Africae. Logo depois juntou-se a eles o vocalista Rodrigo. Em setembro do mesmo ano participaram da coletânea: Rumores, com as composições Ética e Van Gogh, que foram veiculadas por várias FMs alternativas do Planalto, do Rio e de Sampa. Em 85, saiu Rodrigo e entrou Eduardo, que além de cantar escrevia letras altamente existencialistas. Em 86, lançaram um mini-lp com seis faixas, entre elas Armadilha e Máquinas do Prazer. O impacto foi tanto que este tornou-se o único LP independente a integrar a programação das grandes FMs do Rio e de Sampa. Como qualquer outro grupo candango, o Finis Africæ é um fruto imprevisto de uma cidade planejada. 

A inquietude e a solidão compuseram um rock planaltino, rico em expressão com um mínimo de recursos, pelo menos no início. Considerados a terceira geração de músicos de Brasília, o Finis passou a infância ouvindo 0 Aborto Elétrico - gênesis da musicalidade brasiliense -, a adolescência tocando no asfalto das avenidas, e agora começa a sentir o sabor do sucesso na brisa fresca à beira-mar. O quarteto fazia a linha do romantismo melancólico - dark, como se dizia nos anos 80.O nome retoma uma língua quase morta, sugere mistério e desperta a curiosidade; além de fazer uma clara alusão ao continente famoso por ser a raiz rítmica de quase toda a percussão moderna. E as referências não param aí, pois Finis Africæ também era o nome dado ao local mais secreto do acervo da biblioteca da abadia beneditina onde se desenvolve a trama de “O Nome da Rosa”, best-seller de Umberto Eco.

Como em qualquer outra banda do cerrado, a musicalidade do Finis é basicamente intuitiva - Nenhum dos quatro integrantes estudou harmonia, composição... - , cheia de urgência. Afinal, foram naquelas terras áridas, naquele clima seco, que a semente punk londrina vicejou mais forte. A batida forte, as letras políticas e o olhar nervoso canalizaram a energia aprisionada em muito concreto, dinheiro e tédio.Ronaldo (batera experimentalista), José Flores (guitarrista zen), Neto (baixista versátil) e Eduardo de Moraes (vocal etílico) só definiram esta formação em meados de 85. Um ano antes, sem o Eduardo, já haviam se destacado entre os grupos mais novos e gravado o míni-LP Rumores. No início de 86 produziram seu primeiro mini-LP solo, em 45 rpm, que também tornou-se a primeira produção independente de um grupo de rock brasileiro a integrar as play-lists das FMs de grande audiência do Rio e São Paulo. Sucesso caminhando a passos largos, vieram para o Rio e se instalaram na casa de parentes e amigos, pois "aqui é mais fácil, estão as maiores gravadoras". explica Eduardo. O investimento deu retorno rápido. 

A EMI-Odeon contratou e eles gravaram um LP que leva o nome do grupo e o selo da qualidade. O Finis Africæ projetou-se nacionalmente. Ao vivo, o som intuitivo e intenso fica ainda mais explícito. O público variado que vai aos shows da banda raramente deixa de se empolgar com a força interpretativa dos músicos. "Tem muito coroa que se amarra em Armadilha", diz Neto.Eles não acreditam em política. Igreja ou padre - ouvi Deus Ateu, primeira música do lado A. Já Ronaldo acredita em "Nelson Rodrigues e na força do dinheiro". Um pouco menos cético o letrista Eduardo escreve nos ensaios, "depois vou mudando de acordo com o andamento".

Encerram suas atividades no início dos anos 90, entretanto, em 31 de março de 2000 voltaram com a última formação (Eduardo de Moraes, o mestre de cerimônias na voz; Ronaldo Pereira, o pulmão e a alma da banda na bateria; Roberto Medeiros no baixo, César Nine na guitarra e MacGregor nos teclados e segunda guitarra), no Ballroom - Rio de Janeiro.

OS ROMÂNTICOS DO ROCK
Por Ana Gaio

Esse ano parece estar desatinado as bandas de Brasília. Depois do sucesso de Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, agora é a vez do Finis Africæ, que acaba de lançar seu primeiro elepê pela Odeon. Eduardo. vocalista, começou primeiro com o grupo Virgens, mas a banda acabou se desfazendo. e há três anos ele mergulhou no projeto no Finis, ao lado de Neto (baixo), Ronaldo (bateria) e Zezinho (guitarra). "Eu acho ótimo que as bandas que estão aí batalhando há tanto tempo comecem a aparecer finalmente, como é o nosso caso", diz Eduardo. 

Mas Ronaldo não acredita muito nessa mitificação do rock de Brasília. "Nem tudo que vem de Brasília é necessariamente bom." Há mais ou menos um ano, o Finis lançou um elepê independente, e teve uma música bastante executada nas rádios, Armadilha, também presente nesse novo trabalho. As influências da banda são as mais ecléticas possíveis, afinal, cada um tem uma formação, mas a música negra é a mais forte delas. Brasília, como em todas as outras bandas de lá, é uma presença forte, cada uma com sua identidade própria. 

Mas o Finis não tem nada de político, é absolutamente romântico. Eduardo, responsável por todas as apaixonadas letras da banda, se justifica. "Ora, todo mundo é um pouco romântico." Mas, apesar de tudo, eles deixaram a cidade e se estabeleceram no Rio de Janeiro. 

"Acho que é porque nós não temos raízes e sim antenas". explica Neto."A gente tem a maior fissura por aquela cidade, mas não tinha condições de sobrevivência lá."O nome tão original foi tirado do livro de Umberto Eco, O Nome da Rosa, que Zezinho leu há algum tempo.Mas, é claro que les não vivem só para a música. Neto, por exemplo, é apaixonado por dinheiro, adora ler e comer, mas detesta esportes. Eduardo, um libriano de 23 anos, é o único casado da banda e adora fazer jogging. Ronaldo não perde um desenho animado e muito menos u joguinho de futebol. Zezinho, 23 anos,geminiano, gosta de televisão e ouvir rádio ao mesmo tempo, para não se ligar em nada. Sua maior preocupação é perder a barriga e encontrar um mulheraço.

A ALQUIMIA DO SUCESSO
Por Dudu Feijó

Em 1984, o chamado "rock de Brasília"começava a invadir todas as praias e rios do Brasil. Foi neste ano que, influenciados pelo punk rock, três rapazes - Neto (no baixo), Ronaldo (bateria) e José Flores (guitarra) - resolveram se juntar para formar uma banda. Batizaram-se Finis Africae. 

Logo depois juntou-se a eles o vocalista Rodrigo. Em setembro do mesmo ano participaram da coletânea: Rumores, com as composições Ética e Van Gogh, que foram veiculadas por várias FMs alternativas do Planalto, do Rio e de Sampa. Em 85, saiu Rodrigo e entrou Eduardo, que além de cantar escrevia letras altamente existencialistas. Em 86, lançaram um mini-lp com seis faixas, entre elas Armadilha (que as rádios estão tocando) e Máquinas do Prazer. O impacto foi tanto que este tornou-se o único LP independente a integrar a programação das grandes FMs do Rio e de Sampa. 

Agora, seu novo vinil, com a banda já contratada pela Odeon, está nas lojas há uma semana e já saiu com trinta mil cópias vendidas. Na verdade pelo próprio gosto dos músicos o espírito punk permaneceu, mas musicalmente, seu som enveredou mais pelos caminhos funk. O funk é uma coisa alegra, que levanta", explicou Zezinho Flores. O LP super dançável, vem com três músicas que estavam no mini-LP e sete mais recentes. As letras de Eduardo - algumas curtas e sem refrão, que se repetem enfatizando certas passagens (nem por isso perdendo a força) - são sinceras, têm bons versos e encaixam-se bem nos climas musicais. Em geral abordam temas "deprê"(Deserto, Máquinas do Prazer), existencialistas (Armadilha, Mentiras) e mesmo de cunho social (Deus Ateu, Chiclete). Nada mais coerente para um grupo originário do centro de decisões de todas alegrias e e frustrações nacionais. Apesar da densidade que a temática, meio barra pesada sugere, aliadas ao ritmo dançavel, as letras acabam ganhando um clima de catarse, de soltar gritos presos, mas com prazer e força. Ficam gostosas e não há peso. O que poderia ser uma contradição (existencialismo / deprê social X alegria / funkrock), passa a ser uma bem resolvida alquimia. Os dois lados saem ganhando."Acho super importante que uma música, para pegar, tenha um batidão. 

Não nos descuidamos do aspecto melódico, nem harmônico, que é meio melancólico". Frisou Neto. "Queremos dar o que recebemos das músicas que gostamos de ouvir e dançar". Completou Zezinho. 

Musicalmente, as faixas na maioria, trazem curiosos efeitos e explorações de sonoridades, completando os bons arranjos. Trata-se de um elepê bem produzido de uma banda que pode ser um dos destaques do cenário musical brasileiro em 1987.

Finis Africæ, de Brasília, a fornada mais recente, agora em novos sabores...
Por Alex Antunes

Good Times", funkão do Chic, abrindo o show?! É. Eduardo, Zezinho, Neto e Ronaldo - sob a esotérica alcunha de Finis Africæ, o enigma do romance O nome da rosa - também são do planalto, mas rezam para outro santo. A terceira geração do rock de Brasília (a primeira, a do mítico Aborto Elétrico, escrachava no punk local; a segunda, da Legião/Plebe/Capital Inicial, invade o o país com seu som possante) saiu-se bem mais eclética e swingada. Como a melhor banda na coletânea Rumores e com algumas demo tapes já emplacadas nas FMs informadas" do Rio e São Paulo (Fluminense e Estácio / 89 e 97), o cismático Finis está lançando o seu LP de estréia.Entre as seis faixas há trabalhos mais antigos e sombrios ("Pretérito"), transição ("Mentiras") e aventuras mais recentes ("Armadilha, Máquinas do Prazer"). 

As letras continuam meio pessimistas, vazadas na inflexão petermurphyana de Eduardo. Mas a cozinha de Ronaldo (bateria) / Neto (baixo) vem se dobrando ao balanço crioulo, assimilado dos prediletos da Motown e adjacências (Ronaldo:"Black na alma, não na roupa". Gol). Zezinho (guitarra) apóia e sugere uma bossa. Mas é ao vivo que eles se resolvem. E aí sai Chic, ou a clássica do velho Aborto Elétrico: Fátima (gravada pelo Capital) ou Siouxsie ("Nightshift") ou Bauhaus ("Kick in the eye")...O que der na veneta. Pique e competência na execução não faltam. O caso é sério - shake it.
Fonte: http://paineldorockbrasil80.blogspot.com.br/

Primeira Formação (1984/1985):

Alexandre Saffi (guitarra)
José Flores (guitarra)
Neto Pavanelli (baixo)
Rodrigo Leitão (vocal)
Ronaldo Pereira (bateria)

Segunda Formação (1985/1988):

Eduardo de Moraes (vocal)
José Flores (guitarra)
Neto Pavanelli (baixo)
Ronaldo Pereira (bateria)

Terceira Formação (1989/1990 - 1999/2002):

César Ninne (guitarra/vocal)
Eduardo de Moraes (vocal)
Mac Gregor (teclados)
Roberto Medeiros (baixo)
Ronaldo Pereira (bateria)

Formação da última apresentação oficial (2005):

Alexandre Saffi (guitarra)
José Flores (guitarra)
Neto Pavanelli (baixo)
Paulo Delegado (baixo)
Rodrigo Leitão (vocal)
Eduardo de Moraes (vocal)
Ronaldo Pereira (bateria)

Discografia

Finis Africae (1987) - EMI-Odeon














Finis Africae Ao Vivo em Brasília (2002) – Groove Records














Compilações

Rumores (1984) - Sebo do Disco







N A U















Banda de São Paulo formada em 1985 e encerrada em 1989. Nesse intervalo de tempo, em 1987, gravou o LP "Nau" pela gravadora CBS, que contém 11 faixas. Cada um de seus integrantes toca seu instrumento da melhor maneira possível. Fazendo base, o baixo tinha uma levada funk, enquanto a bateria era quase militar. Sobreposto a isso, havia a guitarra distorcida, como no heavy metal, e sobreposto a todos eles, havia a potente voz de Vange, que cantava se inspirando nas grandes cantoras de blues.

No século XXI os navegantes saiam em naus à procura do novo que estava além-mar. Inspirados nisso, Zique (guitarra), Beto Birger (ex-baixista do Zero), Mauro Sanchez (bateria) e Vange Leonel (vocal) se reuniram, montaram o Nau e saíram à caça de um novo som dentro do rock.

Optaram pelo power trio. "Ele e o essencial", lembra Zique. "Sempre foram os mais significativos dentro do rock. Nele, todos os instrumentos têm uma função rítmica e existe um espaço para o silencio", completa Beto. "Facilita muito ser trio. A bateria e o baixo fazendo a base, a guitarra delirando por cima e a voz mais por cima ainda."

"Fazemos um som potente avisa Vange. "Rock é pauleira mesmo. É um tipo de trabalho em que a gente lida com a emoção." Para isso, decidiram trabalhar o lado mais forte de cada instrumento. Usam uma guitarra quase heavy, um baixo puxado para o funk e exploram o vocal de Vange com o que ela acha que há de mais forte para a voz feminina: "O sentimento do blues".

Aliás, o vocal é muito importante para o Nau. A colocação de uma voz potente, que pode até estar tratando de temas líricos, é fundamental. "Existem poucas vocalistas de rock no Brasil. De pop, existem muitas. O rock exige um vocal potente. Agudo, mas não água com açúcar". afirma Vange. "Uso a voz como um instrumento. O lance da voz é que pega pelo humano, lida com a vibração de dentro do teu corpo. Tanto é que o karaokê está na moda."

Formação:

Vange Leonel - vocal;
Zique - guitarra;
Beto Birgher - baixo;
Mauro Sanchez - bateria.

Discografia

Nau (1987)












Vange Leonel (1963-2014)













Vange Leonel, nome artístico de Maria Evangelina Leonel Gandolfo (São Paulo, 4 de maio de 1963 — 14 de julho de 2014), foi uma cantora, compositora, escritora e ativista LGBT brasileira.

Cantora e escritora

Como cantora e compositora, seu maior sucesso foi a canção «Noite preta», composta em parceria com Cilmara Bedaque, sua esposa. A canção foi tema de abertura da novela Vamp, da TV Globo, em 1991, tendo sido muito tocada nas rádios.

Na década de 1980, Vange fez parte da banda Nau, formada ainda por Beto Birger (baixo), Zique (guitarra) e Mauro Sanches (bateria), e o grupo lançou um disco intitulado Nau, em 1987, pela CBS. Em 1991, em carreira solo, ela lança Vange pela Sony Music, e em 1996 Vermelho pela Medusa Records. A cantora teve ainda participação em 1987 no CD/vinil Não São Paulo 2.

Como escritora, publicou em 1999 Lésbicas, pela Planeta Gay Books, Grrrls: garotas iradas, pela Edições GLS, em 2001, além de As sereias da Rive gauche, pela Editora Brasiliense, em 2002, e Balada para as meninas perdidas, de novo pela Edições GLS.

No teatro foi autora de As Sereias da Rive Gauche (2002), peça dirigida por Regina Galdino, e Joana Evangelista (2006).

Lésbica assumida, a cantora escrevia duas colunas sobre o tema: uma na Revista da Folha e outra no portal MixBrasil.












Civil

















A banda Civil foi uma banda que teve inicio em meados dos anos 80. Chegou a lançar 2 LPs com produções de feras como Geraldo D'arbilly e Bozo Barreti. O primeiro LP Civil (1987), contou com a participação do grande Marcelo Nova, que cantou junto com a banda a música "O que eu quero ser" de Ricardo Henrique.

Fez muito sucesso com a música "Sombras na calçada" do LP de mesmo nome lançado em 1989, chegou a produzir um remix desse single. Uma grande banda com ótimos músicos, mas que infelizmente não vingou.

Formação:

Walter Lopes: Baixo
Ricardo Henrique: Vocal e Guitarra
Sidney Pirutti: Bateria
Marco Antônio: Guitarra Solo

Discografia

Civil (1987)














Sombras na Calçada (1989)





















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