Recluso nos meus sonhos
quieto no meu canto
vendo a vida pela janela
a chuva rala lá fora assola
meus pensamentos devaneios
ouço gritos silenciosos
ecoando de minha mente
solitude e imagens
de ritos do ocidente
refúgio dos solitários
meus livros na estante
cantam em meus ouvidos
a cada palavra que leio
em frente decifro os signos
me encanto com a sombra
de meus dedos
Gótica interpretação do mundo
a cidade é lúgubre
armadilhas se enfileiram
nas esquinas na madrugada
não escapamos dos olhos
que nos fitam!
Desejos são mortais
Não há mais sentido
em procurar prazeres enlatados
a culpa só aumenta
a cada passo que se alivia
Permaneço atento e calado
a escrita é minha mania
se faz cair em dedilhados
criando alguma harmonia
para acalmar tempos tempestuosos
Me exercito em não olhar para trás
por mais de alguns segundos
como um poema inacabado
que devemos continuar
vejo a vida de uma redoma,
hoje muito mais lúcido
E por hora é só isso que tenho a dizer...
2015