quarta-feira, 9 de agosto de 2017

FAR FROM ALASKA - UNLIKELY - O ROCK INDEPENDENTE BRASILEIRO (PARTE 29) LANÇAMENTOS DO ANO






































Quando comecei essa série de posts dedicado ao rock independente em 2012, não imaginava que estaria escrevendo até hoje e conhecendo, cada dia mais, bandas e músicos sensacionais da cena atual brasileira. Uma das primeiras bandas que me chamou atenção foram os Far From Alaska, escrevi sobre eles na segunda edição da série em 2014: O ROCK INDEPENDENTE BRASILEIRO (PARTE 2), até hoje uma de minhas preferidas e ouso dizer que são uma das melhores bandas que esse país já teve. Em uma das apresentações que vi da banda eu e minha irmã caçula em 2015, compramos o primeiro álbum direto das mãos do guitarrista Rafael Brasil e os tietamos um pouco, me comparando com o público já sou um tiozão (risos). Escrevi sobre essa apresentação no post: FAR FROM ALASKA NO CENTRO CULTURAL DA PENHA CCP.

A banda além de terem feito um show impecável, são jovens simples e atenciosos com seu público, uma característica boa do show business atual, é que no underground todos somos mais iguais, e uma ruim é que o rock não é mais tão popular como em outrora. Sem muita opção de casas de shows as bandas se apresentam onde podem, como em pequenos teatros, nos circuitos do SESC e alguns festivais Brasil afora. 


Mas deixemos de papo e vamos ao que interessa, falar sobre o segundo grande álbum da banda lançado agora em 2017: 'Unlikely'. 

Vou fazer aqui um faixa a faixa, espero que gostem. Uma curiosidade é que a maioria das músicas possuem no titulo nomes de animais, um álbum bem conceitual:

O álbum abre com Cobra, foi a primeira música divulgada pelo grupo, com uma levada característica da banda que alterna ritmos entre calmaria e porrada, a velha forma Zeppeliniana de usar a dinâmica em partes mais calmas e explosões sonoras entre base e refrões, a música começa com a boa cozinha de Edu Figueira (baixo) e Lauro Kirsch (bateria), já Emmily Barreto manteve a boa atuação vocal, com seus drives característicos dividindo os vocais com a voz suave da tecladista Cris Botarelli, formando novamente uma boa dupla de vozes. Já Rafael Brasil mantem o peso da sua guitarra na música, o riff é bem Tom Morello, a canção me lembrou coisas de Audioslave e Rage Against the Machine. Ótima abertura de álbum.

A segunda canção Bear, começa com um riff sinistro, nítida a influência de Tony Iommi (Black Sabbath) na guitarra de Rafael Brasil, entrando depois uma base eletrônica, quebra um pouco o clima sabbatico por um momento, mas depois volta com tudo, como na primeira a música é curta e direta, gostei muito, aliás sou um grande fã de Iommi, e Rafael Brasil escolheu a escola certa, não é a toa que ele usa uma SG.

A terceira Flamingo, lembra mais coisas do primeiro álbum ModeHuman, talvez pelo uso dos sintetizadores de Cris Botarelli, mais uma vez a música é curta e direta, gosto dessa fórmula.

Pig, a quarta faixa começa com aquele clima Country rock com o uso do slide guitar da tecladista Cris Botarelli, também lembra coisas do primeiro álbum mas, dessa vez a banda soa mais americana do que nunca, apesar do peso, os refrões e os teclados dão um tom pop para a música. Quem diria numa primeira audição que essa banda, em sua maioria é composta por potiguares do Rio Grande do Norte?    

A quinta faixa e uma de minhas preferidas até agora, Elephant, com clima oriental, nessa o trabalho de Cris Botarelli nos teclados e sintetizadores é fundamental. Desta vez em tom de balada, Emmily Barreto canta no tom suave de Cris por alguns momentos, mas depois explode em gritos e peso. Destaque também para a bateria de Lauro Kirsch, ótima pegada.

Monkey, a sexta faixa eu dou destaque novamente para a ótima cozinha de Edu Figueira (baixo) e Lauro Kirsch (bateria), a linha de baixo gostei muito, a música é a mais swingada, inclusive a guitarra de Rafael Brasil que alternou entre o groove nas palhetadas e a distorção do seu riff pesado.

Pelican, a sétima mantém o groove principalmente do baixo e bateria, aqui a guitarra está mais para Hendrix do quê Iommi a não ser quando explode nos refrões, junto com os sintetizadores de Cris Botarelli, o estilo Far From Alaska é bem definido nessa faixa, já tornou-se redundante falar sobre os ótimos vocais de Emmily Barreto, então destaco aqui a fórmula pronta que vem desde ModeHuman.  

A oitava Pizza, com um clima mais oitentista, um pouco pós punk e mais pop do que as demais até agora.
















Armadillo, a nona é bem climática mantendo o estilo da banda que alterna momentos calmos com porradaria, essa achei a mais setentista até agora, principalmente quando o ritmo acelera e recua, me agradou muito, enquanto Rafael Brasil mantem a base e os riffs, Cris Botarelli cuida dos solos com sua slide guitar.

Rhino, a décima faixa e minha segunda preferida até agora, pesada, novamente riffs certeiros de guitarra, um pouco mais de slide guitar, os vocais do refrão me lembrou coisas dos anos noventa como Dolores O'Riordan (The Cranberries) e Alanis Morissette.

A décima primeira faixa, Slug começa com uma guitarra limpa e dedilhada, o clima sabbatico volta forte, o estilo Stoner Rock é mais evidente nesse som, a momentos que me lembrou Alice Chains, os sintetizadores nesse som, deu uma pitada psicodélica no meio e principalmente no fim, distorção e ruídos fecham a canção. 

Fechando o álbum a música Coruja, minha terceira preferida, começa com uma introdução de baixo com efeito e distorção e com uma marcação no chimbal da bateria, segue com uma batida marcada e reta, a dinâmica entre peso e calmaria é mais sutil mas permanece como característica FFA de ser, assim termina o álbum.

Fiquei muito satisfeito com a audição do disco, alias muito bem produzido, ele é tão bom quanto o primeiro, mantendo a qualidade e explorando novos recursos o Far From Alaska não decepciona, para se ter uma ideia da qualidade da banda, seus álbuns agradam logo de cara, esse ainda mais, todas as músicas são curtas e diretas sem enrolação. Fico feliz de poder acompanhar uma banda jovem, criativa e contemporânea desde seu inicio, a última vez que acompanhei uma cena parecida foi com o Grunge nos anos noventa, o FFA tem potencial para ganhar o mundo e aqui no Brasil é uma forte representante da música underground, parabéns garotos e obrigado pelo som, desejo sucesso sempre!












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