sexta-feira, 31 de outubro de 2014

NÃO PARE NA PISTA (DICA DE CINEMA)



Acabei de ver Não Pare na Pista, filme biográfico sobre a vida do escritor e compositor Paulo Coelho e adianto que, tive uma grata surpresa. O filme é bem produzido e muito bem montado, segue uma cronologia mas não em sua ordem natural, as cenas vão e vem, dentro de três fases da vida do autor. 

Escritor do best seller O Alquimista, e que já foi chamado de O Mago: lembro de ouvir quando eu era adolescente que ele conseguia "mover coisas com a mente e fazer chover", seria ótimo nesse tempo seco de São Paulo. Boatos a parte, o filme chama a atenção para a parceria de Paulo Coelho com Raul Seixas, de como se conheceram e de como e porquê Paulo se afastou de Raulzito. A caracterização dos atores ficou ótimo, o ator Júlio Andrade que fez as fazes adulta e os tempos atuais do escritor trabalhou muito bem, tanto em cenas delicadas dos conflitos pessoais, sua prisão e etc, quanto a fase atual pelo trabalho de  maquiagem, que ficou ótimo. 
O ator Ravel Andrade que fez o papel de Paulo em sua juventude também trabalhou muito bem, são dele as cenas mais tensas, cenas de quando Paulo Coelho entra em conflitos com o pai, faz você se irritar um pouco com o personagem mas logo passa e você consegue encontrar um contra ponto nesses conflitos. 


Outro grande destaque é a caracterização e a atuação do ator Lucci Ferreira que incarnou Raul Seixas, em seu inicio de carreira, ainda como produtor musical para depois com Paulo Coelho escreverem juntos os maiores sucessos de Raul daquela época. Estava perfeito, tanto sua voz como as características físicas. Poderiam aproveitar o embalo e filmarem a história de Raul, fica a dica. 


Detalhes e Sinopse do filme:

Filmagens
As filmagens aconteceram entre 23 de abril e 2 de julho de 2013.
O filme teve locações no Rio de Janeiro e em Santiago de Compostela, na Espanha.

Sucesso mundial
O cinebiografado Paulo Coelho é o escritor brasileiro mais lido de todos os tempos, tendo ultrapassado a impressionante marca de 100 milhões de livros vendidos em mais de 50 países. Seu maior sucesso, "O Alquimista" vendeu cerca de 65 milhões de cópias em todo o mundo.

Intérprete do Paulo Coelho jovem, o protagonista Júlio Andrade incorporou um outro artista brasileiro recentemente: o cantor Gonzaguinha, em Gonzaga - De Pai para Filho.

Fórmula
O filme foi construído a partir de conversas da roteirista Carolina Kotscho com o próprio Paulo Coelho. A escritora tem experiência em cinebiografias, tendo sido responsável pelos roteiros de 2 Filhos de Francisco, sobre a dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, e Flores Raras, sobre o relacionamento da poeta norte-americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires).

Atores e atrizes
Júlio Andrade Personagem: Paulo Coelho (mais velho), Ravel Andrade Personagem: Paulo Coelho jovem, Lucci Ferreira Personagem: Raul Seixas, Letícia Colin, Fabiula Nascimento Personagem: Mãe de Paulo e Enrique Díaz Personagem: Pai de Paulo.
Diretor
Daniel Augusto
                                                                                                    Fonte: http://www.adorocinema.com/

MENTES EM TRÊS PARTES (PRIMEIRO MOMENTO)



PARTE I - ARMADILHAS PARA A MENTE

Mentes aprisionadas
trancafiadas,
em celas invisíveis.

Indivisíveis opiniões,
presídio ideológico,
mentes que mentem.

mente quem invente,
a mente que mente
à mentes que mentem.

Mente que mente à
própria mente, pare,
reinvente...  a mente que te invente



PARTE II - MENTE DOENTE

Remédios que regulam a mente,
remédio que regula à mente
mentem quem diz regular a mente.

A mente que mente
ao regular a mente,
remédios e mentes

mentem ao regular a mente.
A mente é, e regula quando mente
mentem quem diz regular a mente. 


PARTE III - MENTES MANIPULADAS

Mentes que manipulam,
mentes que não regulam,
regulam sua opinião.

Mentes que mentem
se acomodam, 
mentem que não.

Mentes que controlam mentes,
mentem à mente acomodada,
que mente à própria mente.

Mentes manipuladas são,
mentes anestesiadas,
à não mudarem de opinião. 
Mentes que mentem, que não mentem... 

Igor Motta
2014









quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A BOLHA (HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL)




É incrível a história de A Bolha, que iniciando como The Bubbles, passou de um mero conjunto de bailes da zona sul do Rio de Janeiro, para se tornar no período de quatro anos em um dos melhores e mais pesados conjuntos de bailes do seu estado. Depois, arriscaram tudo e deram o salto, investindo mesmo contra os conselhos de empresários, em repertório e imagem própria.






















Tornam-se então A Bolha, que com algumas mudanças cruciais de integrantes, pavimentam o caminho para futuras bandas como Modulo 1000 e Veludo Elétrico, além de seus integrantes fundarem posteriormente outras bandas de maior êxito comercial como Herva Doce e Hanoi Hanoi. 



A história de A Bolha começa com as aspirações musicais dos irmãos Cesar e Renato Ladeira. Em uma viagem com os país aos Estados Unidos, os dois adolescentes se vêm pegos em meio ao turbilhão da Beatlemania. Com noções de violão, passam a se dedicar ao instrumento com mais afinco. Com a intenção fixa de formar um conjunto, encontram nos irmãos Lincoln e Ricardo Bittencourt a formação ideal. Nasce portanto, The Bubbles. 













The Bubbles (65-70)
Renato Fronzi Ladeira - guitarra, teclados e vocais 
Cesar Fronzi Ladeira - guitarra 
Lincoln Bittencourt - baixo 
Ricardo Roriz - bateria 




O próximo passo foi eletrificar a banda, todos investindo em guitarras elétricas, além do infalível órgão Farfisa. Junto com Renato e Seus Blue Caps, The Fevers, The Clevers e outros daquele período, The Bubbles tornam-se uma boa e respeitável banda de baile, atuando em clubes sociais e festas escolares. Com um repertório típico dos conjuntos de baile da época, oferecem horas de agito nos sábados com fartas dosagens de Rolling Stones, Beatles, no melhor estilo Iê- Iê- Iê. Com um contrato com a Musidisc, lançam os compactos “Não Vou Cortar o Cabelo” que é uma versão em portugues de "Break It All" do The Shakers. O lado B segue a mesma logica, oferecendo uma versão de “Get Off My Cloud” dos Rolling Stones chamado “Porque Sou Tão Feio.” 


















A popularidade do grupo vai crescendo, assim como a habilidade do conjunto de imitar com mais afinco, a sonoridade de suas bandas prediletas. Essencialmente uma banda de zona sul, passam rapidamente a cobrir e ser aceitos também na zona norte e subúrbios. O repertório passa a ficar cada vez mais diversificado, mudando conforme os tempos. Em 1968, o irmão mais velho Cesar Ladeira deixa The Bubbles para se dedicar aos estudos. Acabaria se formando e seguindo uma vida próspera trabalhando na Bolsa de Valores. Em seu lugar veio Pedro Lima, um guitarrista com um gosto por rock mais pesado. Não demoraria para Lincoln Bittencourt também deixar o grupo, sendo substituído então por Arnaldo Brandão de dezoito anos, que tocava na banda The Divers. 















Com a nova formação, The Bubbles se transformava em um conjunto bem mais pesado. Seu repertório passava a incluir Cream, Hendrix, e mais tarde Grand Funk e Black Sabbath. Ainda basicamente um conjunto de baile, e portanto limitados a tocar conforme a exigência do mercado, foram cada vez se apresentando menos na zona sul e se concentrando mais na zona norte e subúrbio do Rio de Janeiro. Por saber identificar com perfeição as necessidades de seu público, que é essencialmente manter um pique de agito para a galera poder dançar e sarrar apesar de todas as suas frustrações da semana, The Bubbles rapidamente passou a ser identificado como uma das melhores e mais respeitadas bandas de baile da cidade. 

De uma banda capaz de atrair facilmente cerca de trezentos a quatrocentas pessoas em apresentações em colegios, para atrair quinhentas a mil e quinhentas pessoas em bailes, The Bubbles já atraem por volta de cinco mil pessoas em apresentações nos fins de semana. Em 1970, são contratados como banda da cantora Gal Costa, em show dirigido por Jards Macalé e Hélio Oiticica. Em meados do mesmo ano, visitam Caetano e Gil na Inglaterra durante o periodo de exilio dos dois baianos. Enquanto lá, assistem o festival na Ilha de Wight, serie de apresentações que terá grande impacto sobre a banda e influência na música que passarão a fazer dali em diante. Ao retornar para o Brasil, mudam a referência musical da banda passando a ser mais voltados ao blues-rock pesado. Começam também a compor seu próprio material. Pouco depois, mudam de nome e passam a se chamar A Bôlha. 


A Bolha (70-78)
Renato Fronzi Ladeira - guitarra, teclados e vocais 
Pedro Lima - guitarra 
Arnaldo Brandão - baixo 
Ricardo Bittencourt - bateria 

O primeiro show do A Bolha foi em Niteroi para um público de quinhentas pessoas. Tudo em relação à banda pegou todos no baile de surpresa. A diretoria do clube promoveu a noitada como The Bubbles direto de Ilha de Wight, ignorando completamente a informação dada com antecedência de que a banda havia mudado de nome. E durante o show, tocando apenas o repertório novo, que por sinal eram composições novas que ninguém conhecia. O resultado foi desastroso com um período de vaias seguidos por abandono do salão. Ao final do show, haviam menos de quinhentos marmanjos assistindo curiosos enquanto suas namoradas resmungavam. Ninguém dançou. 

Passaram a tentar se apresentar em teatros porém o dinheiro arrecadado na bilheteria muitas vezes mal dava para pagar o alugel do local. A aceitação da nova proposta da banda e novo repertório, eram nestas ocasiões bem maior, porém o grande público de A Bôlha continuava sendo o público de bailes, querendo dançar nos sábados a noite. 

O sucesso financeiro encontrado através dos bailes fez com que seus integrantes fossem acostumados a um certo nível de comforto. Compraram no passado móveis e imóveis, e prestações precisavam ser pagas. Uma realidade de mercado obrigou a banda a rever suas concepções iniciais. Procuram um meio termo montando um repertório híbrido e banindo várias das canções novas do grupo em palco. Ao mesmo tempo, procuravam aproveitar os ensaios para os aperfeiçoar cada vez mais. 













Surge então a oportunidade da primeiras sessões de gravação profissionais. Lançam assim em 1971, um compacto simples pela gravadora Top Tape com as músicas, “Sem Nada”/“Dezoito e Trinta.” A falta de repercussão com o trabalho somados a perda gradativa de seu público maior causam incertezas entre integrantes quanto à validade ideológica encontrada em power-chord blues e rock pauleira. A terceria formação de A Bôlha seria montado então em 1972. 

Em final de 1971, foi a vez de Ricardo Bittencourt deixar o grupo. Com um show importante marcado no Clube Monte Libano, A Bôlha servindo como banda de apóio para Sergio Mendes, Ricardo foi substituído inicialmente por Johnny (?). No entanto, o pai de Johnny não permitiu a seu filho se envolver seriamente com rock e o obrigou a deixar o conjunto e se dedicar mais aos estudos. Com calma e mais tempo para procurar alguém à altura da seriedade que a banda precisava, encontram Gustavo Shroeter. 

A persistência do grupo em investir no próprio som e na própria imagem é paga quando conseguem um contrato com a gravadora Continental para o que se torna o álbum de estreia da banda. Entitulado “Um Passo À Frente,” o disco se propõe a ser exatamente isto. Lançado em 1973, o disco oferece sete faixas, todas composições próprias. 

Renato Fronzi Ladeira - guitarra, teclados e vocais 
Pedro Lima - guitarra 
Arnaldo Brandão - baixo 
Gustavo Shroeter - bateria 

01. Um Passo À Frente (Renato Ladeira - Pedro Lima - Gustavo Schroeter - Lincoln Bittencourt) 
02. Razão De Existir (Pedro Lima) 
03. Bye My Friend (Pedro Lima) 
04. Epitáfio (Renato Ladeira - Pedro Lima - Gustavo Schroeter - Lincoln Bittencourt) 
05. Tempos Constantes (Pedro Lima) 
06. A Esfera (Pedro Lima) 
07. Neste Rock Forever (Wolf - Pedro Lima - Carlos Maciel) 




Considerado por muitos como a melhor fase do grupo, infelizmente esta formação dura apenas por um ano. A Bolha vê 1974 chegar tendo que montar uma nova cozinha. Arnaldo ao deixar a banda, passa a acompanhar Raul Seixas e depois Jorge Mautner, já como membro da banda Bomba Atômica. Gustavo deixaria o grupo para se juntar à nova encarnação do Veludo, antigo Veludo Elétrico. Já na nova encarnação de A Bôlha, no baixo retorna Lincoln Bittencourt, enquanto na bateria chega o novato Léo Cesar. Para que Renato possa cuidar exclussivamente dos teclados, Marcelo Sussekind adere à trupe transformada agora pela primeira vez em um quinteto:

Renato Fronzi Ladeira - teclados e vocais 
Pedro Lima – guitarra 
Marcelo Sussekind - guitarra 
Lincoln Bittencourt - baixo
Léo Cesar - bateria

Em 1976, Sérgio Herval assume a bateria no lugar de Léo e a banda se prepara para gravar o seu segundo álbum, agora pela gravadora Polydor. Este, ao contrário do anterior, apresenta várias versões de composições conhecidas, velhos roques da Jovem Guarda, além das composições da banda. Um reflexo desta direção está no nome “É Proibido Fumar”, titulo de um rock clássico de Roberto e Erasmo. A relação das faixas e seus compositores segue com: 

Renato Fronzi Ladeira - teclados e vocais 
Pedro Lima – guitarra 
Marcelo Sussekind - guitarra 
Lincoln Bittencourt - baixo
Sérgio Herval – bateria 

01. Deixe Tudo de Lado (Nixon - A Bolha) 
02. Difícil É Ser Fiel (A Bolha - Edil) 
03. É Proibido Fumar (Erasmo Carlos - Roberto Carlos) 
04. Estações (Renato Ladeira) 
05. Sai do Ar (Massadas - A Bolha) 
06. Consideração (Erasmo Carlos - Roberto Carlos) 
07. Torta de Maçã (Massadas - A Bolha) 
08. Luzes da Cidade (Ramos - Márcio) 
09. Clímax (Jean Pierre - A Bolha) 
10. Vem Quente Que Eu Estou Fervendo (Carlos Imperial - Eduardo Araújo) 
11. Talão de Cheque (Massadas - A Bolha) 



No mesmo ano, todos os integrantes de A Bôlha menos Renato Ladeira, se associam ao Erasmo Carlos, para a faixa “A Terceira Força” (Erasmo Carlos - Roberto Carlos) do próximo álbum de sua carreira, “Pelas Esquinas de Ipanema” lançado também pela Polydor em 1978. A banda nesta faixa sendo: 

Erasmo Carlos - vocais 
Rubinho Barra - piano 
Pedro Lima – guitarra 
Marcelo Sussekind - guitarra 
Lincoln Bittencourt - baixo 
Sérgio Herval - bateria 

Em 1978, A Bolha encerra definitivamente suas atividades. Com quatorze anos de existência e dois discos de pouca vendagem, tornam-se um exemplo clássico de como era dificil sobreviver fazendo rock na era pré Rock ‘n’ Rio. Quase todos os seus integrantes tiveram carreiras significativas no meio da música, muitos conhecendo sucesso nacional em outras bandas. 

Rentato Ladeira - Herva Doce 
Pedro Lima - Herva Doce 
Marcelo Sussekind - Herva Doce, produtor 
Sérgio Herval - Roupa Nova 
Arnaldo Brandão - Doces Bárbaros, Outra Banda da Terra, Brylho da Cidade e Hanoi Hanoi
Gustavo Shroeter – Veludo, Porque Sim e Cor do Som 


















Em 2004, o diretor José Emílio Rondeau convidou Renato Ladeira para ser diretor artístico do seu novo filme, 1972. Renato mostrou algumas músicas que haviam sido censuradas no início dos anos 70 e o diretor se interessou, então ele chamou seus velhos companheiros de banda para gravarem aquelas músicas para o filme. Da reunião acabou surgindo a vontade de gravar um novo disco com aquele material e mais alguns covers, gerando o álbum É Só Curtir, de 2006, pela gravadora Som Livre. Apesar do lançamento do disco, a banda não chegou a sair em turnê.

Em 2010, saiu uma coletânea com todos os singles da banda no mercado europeu, tanto os dois lançados como outros que apenas foram gravados, The Bubbles - Raw and Unreleased, pela Groovie Records.











Última formação
Pedro Lima: guitarra
Renato Ladeira: guitarra e teclados.
Arnaldo Brandão: baixo.
Gustavo Schroeter: bateria.

Discografia

Estúdio
1973 - Um Passo à Frente
1977 - É Proibido Fumar
2006 - É Só Curtir

Compactos
1966 - Não Vou Cortar o Cabelo ("Break It All") - Por que Sou Tão Feio ("Get Off of My Cloud")
1971 - Sem Nada e 18:30 - Os Hemadecons Cantavam em Coro Chôôôô

Coletâneas
2010 - The Bubbles - Raw and Unreleased

Trilhas sonoras
1970 - Salário Mínimo com Get Out of My Land, The Space Flying Horse and Me e Flying on My Rainbow.
2006 - 1972 com É Só Curtir e Sem Nada.

Participações
1968 - Márcio Greyck, albúm do cantor Márcio Greyck
1970 - Leno, compacto duplo do cantor Leno
1971 - Gal, compacto duplo da cantora Gal Costa
1974 - Não Pare na Pista, compacto duplo do cantor Raul Seixas
1978 - Pelas Esquinas de Ipanema, álbum do cantor Erasmo Carlos
1995 - Vida e Obra de Johnny McCartney, álbum do cantor Leno
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Assistam a um show completo de A Bolha gravado no Sesc Belenzinho:

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

CALIFORNIA BREED - RESENHA




Mais uma superbanda que para o meu prazer e de muitos fãs veio tapar o buraco deixado pelo fim da outra superbanda Black Country Communion, e depois de ouvir seu disco de estréia, ainda em estase, resolvi fazer uma resenha, mas eis que o site de rock a Whiplash, se antecipou e disse tudo o que eu poderia dizer sobre mais uma obra prima do Rock:

Outubro de 2012: com a proximidade do lançamento do terceiro álbum do Black Country Communion, o excelente "Afterglow", Glenn Hughes concedia entrevistas para promover o disco mas acabou "falando demais". Citou a possibilidade daquele álbum ser o último do supergrupo, pela falta de disponibilidade de Joe Bonamassa para excursionar. Cortamos agora para março de 2013: Bonamassa, em entrevista, declarou sua saída da banda. A seguir, Hughes confirmou e disse que o guitarrista não permitiu os remanescentes continuarem com o nome. Era o fim de um supergrupo de duração rápida mas de grande qualidade - três álbuns de estúdio em três anos, um álbum ao vivo, poucos shows e uma polêmica no final.
Por João Paulo Linhares Gonçalves


Este preâmbulo foi apenas para situar o contexto onde surgiu esta nova banda na carreira de Glenn Hughes, ex-baixista e vocalista do Trapeze, Deep Purple e Black Sabbath. Glenn se manteve ao lado do amigo Jason Bonham e recrutou o guitarrista novato (de 23 anos) Andrew Watt, apresentado a Glenn pelo amigo em comum Julian Lennon (filho de John Lennon). Durante o ano passado, Glenn se juntou a Andrew e compôs o repertório deste álbum, gravando o disco em Nashville, EUA. Escolheram como produtor Dave Cobb, que tem em seu currículo produção de álbuns de Chris Cornell e Rival Sons. Em entrevistas e vídeos divulgados na Internet, a banda comentou que o álbum foi gravado como se fosse tocado ao vivo, sem utilizar muitos overdubs.

O álbum, óbvio, traz grandes influências do rock clássico dos anos 70. Não poderia ser diferente, tendo Glenn Hughes como um dos principais compositores. O novato Andrew nos apresenta solos com uma gama variada de influências: de Jimmy Page, do Led Zeppelin, a Mick Ronson, guitarrista da fase mais áurea de David Bowie. Podemos conferir a pegada clássica do California Breed na grande canção de abertura, "The Way", ou em "Midnight Oil", onde o backing vocal feminino dá um toque de Stones à faixa - e um Jason inspirado em seu pai no final. Nesta, e em "Sweet Tea", a banda adicionou um ingrediente a mais, a influência soul de Glenn, dando um tempero especial ao disco. Só que a banda não se prende a estas influências setentistas e trouxe um toque de alternativo e moderno ao álbum, provavelmente pela juventude de seu guitarrista. Como em "Chemical Rain", onde a banda mostra uma pegada meio grunge, anos 90. "Days They Come" e "Spit You Out" também seguem nessa linha moderna. Outro destaque que vale ser citado é "Invisible", um riff pesado de Andrew se contrapondo a uma melodia envolvente cantada por Glenn. Pra fechar o pacote, duas belas baladas, "All Falls Down" e "Breathe", onde Glenn dá um toque especial e todo pessoal ao álbum - em entrevista recente, ele revelou que ambas as canções foram inspiradas em uma cirurgia a que ele foi submetido no ano passado, no coração. Um cara com tamanha experiência no mundo do rock e que passou por mais uma, bem intensa. Não devo esquecer de citar também a faixa bônus, "Solo", um poderoso hard rock que deveria ter entrado no disco como faixa principal, uma bela melodia no refrão novamente se contrapondo à potência da guitarra.


Perdemos o Black Country Communion, mas ganhamos o California Breed, e o melhor de tudo é que esta estreia trouxe um frescor que promete durar por longo tempo. Mostra a inquietude de Glenn Hughes e Jason Bonham, explorando a juventude de Andrew Watt para criar uma nova sonoridade para este novo projeto, calcada no rock clássico, sim, sem negar as origens, mas com um toque de modernidade. Que os bons ventos do rock os tragam para estas bandas sul-americanas, para que possamos conferir ao vivo mais um capítulo na vida destas lendas do rock!

Relação das músicas:
1 - "The Way"
2 - "Sweet Tea"
3 - "Chemical Rain"
4 - "Midnight Oil"
5 - "All Falls Down"
6 - "The Grey"
7 - "Days They Come"
8 - "Spit You Out"
9 - "Strong"
10 - "Invisible"
11 - "Scars"
12 - "Breathe"

Fonte: Resenha - California Breed - California Breed http://whiplash.net/materias/cds/204305-californiabreed.html#ixzz3G3IGrSaR