Enfim assisti a "20 Feet From Stardom" ou na versão brasileira "A Um Passo do Estrelato" pela Netflix. Já havia tempo em que eu queria ver e vinha adiando por besteira, é um ótimo documentário.
Particularmente eu que sou fã de música a tanto tempo, principalmente em se tratando de rock, confesso ter dado mais atenção as vozes femininas depois de velho. Sempre me encantei com o trabalho das(os) backing vocals e por conta delas hoje ouço mais música negra, mais cantoras e música de raiz do que quando mais jovem. Curto muito hoje Soul, R&B, Blues e até Jazz, principalmente as cantoras destes gêneros.
Mas foi no rock que eu despertei para essas deusas da voz que ficam por trás dos palcos, enriquecendo a música pop de uma maneira, diria até épica. Assim foi quando vi e ouvi pela primeira vez "The Great Gig In The Sky" da banda britânica Pink Floyd de um show gravado nos anos 90 do álbum ao vivo: P.U.L.S.E, até hoje me arrepia os pelos a parte em que as backing vocals fazem seu solo (Incrível saber que na versão de estúdio do álbum The Dark Side of the Moon essa canção foi gravada apenas pela cantora, também britânica: Clare Torry).
Da mesma forma até hoje fico ansioso para ouvir a parte em que a cantora Merry Clayton canta em Gimme Shelter na gravação original dos The Rolling Stones. Essa história é contatada pelos próprios no documentário e também a importância dos roqueiros, principalmente dos britânicos na ascensão, destes artistas tão pouco valorizados na industria e pelo público. Outra música do rock que me fez abrir os olhos ou as orelhas para o trabalho das(os) backing vocals foi "I Still Haven't Found What I'm Looking For" dos irlandeses do U2, que tem a participação de um coral gospel americano. Um dos meus maiores sonhos é viajar para os E.U.A, participar e assistir de um culto evangélico, com esse tipo de coral mais tradicional gospel, deve ser uma emoção única.
Mas falando do filme, só pela trilha sonora já vale a pena ver, a história destes artistas sensacionais e tão pouco valorizados é o ponto forte do filme além de seus talentos. Com depoimentos emocionantes, que em algumas partes quase me fizeram chorar, de artistas consagrados dando o devido crédito para aquelas vozes, que só enriqueceram seus trabalhos, e se eternizaram em fantásticas gravações da música pop, fazem deste filme uma experiência de real valor, o qual mais do que recomendo.
CRÍTICA
Vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2014, este filme mostra o universo dos backing vocals e das lendas que eles apoiam.
Nos shows, os backing vocals ficam ao lado ou um pouco atrás dos artistas que estão se apresentando no palco, sempre ajudando a tornar o espetáculo mais completo e brilhante para o público. Na maioria das vezes, não nos preocupamos com essas figuras, principalmente por estarmos concentrados em ver nossos ídolos tocando as músicas que gostamos. Mas eles estão lá e, mesmo que não os percebamos, são tão importantes quanto os músicos por quem pagamos os ingressos para assistir. E A Um Passo do Estrelato é um documentário interessantíssimo exatamente por trazê-los como seu tema central.
Incluindo depoimentos de artistas consagrados como Bruce Springsteen, Sting, Mick Jagger, Bette Midler e Stevie Wonder, A Um Passo do Estrelato conta um pouco sobre a vida de algumas cantoras que trabalham como backing vocals (e digo “cantoras” porque o diretor Morgan Neville não chega a mostrar homens que sigam essa carreira). Ao mesmo tempo, o longa busca fazer um retrato da profissão no sentido dela ser, na maioria das vezes, o primeiro passo rumo ao estrelato absoluto.
Por ter muito o que abordar e várias personagens para acompanhar, como Darlene Love (que muitos cinéfilos devem lembrar como a esposa de Roger Murtaugh, personagem de Danny Glover na franquia Máquina Mortífera) e as “raelettes” Merry Clayton, Mable John e Susaye Greene, A Um Passo do Estrelato demora um pouco para se organizar, pulando de um assunto a outro sem muita lógica. Mas depois que Neville apresenta os elementos do filme, a narrativa transcorre com mais naturalidade, e o trabalho de montagem do trio Douglas Blush, Kevin Klauber e Jason Zeldes traz um ritmo ágil e envolvente ao filme.
Um detalhe curioso é que, apesar de o público não dar tanta atenção as backing vocals, isso não quer dizer que os artistas a quem elas dão suporte nas canções as tratem da mesma forma. Na verdade, o respeito que astros como Sting e Mick Jagger têm por elas é admirável e até mesmo tocante, uma vez que eles têm plena noção de que estão cantando com pessoas que não só são essenciais para que suas músicas funcionem da forma como desejam, como também são tão talentosas quanto eles, donas de grande potencial para serem cantoras famosas no mundo todo.
O que nos traz a Lisa Fischer, cantora com uma voz que deslumbra qualquer um que pare para ouvi-la. Algum tempo depois de começar como backing vocal, ela alcançou o sucesso numa carreira solo, inclusive ganhando o Grammy por seu primeiro disco. Fischer é extremamente elogiada por boa parte das pessoas que aparecem dando depoimentos em A Um Passo do Estrelato. No entanto, não chegou a lançar um segundo disco e voltou a ser backing vocal, o que ilustra um pouco a dificuldade que profissionais da área tem na hora em que deixam de ser coadjuvantes e passam para a condição de protagonistas. E por Morgan Neville tratar a posição de backing vocal como sendo tão importante quanto a dos outros membros das bandas, é difícil ver a decisão de Fischer como uma espécie de retrocesso em sua carreira, até porque ela continua fazendo aquilo que ama: cantar.
Embalado por canções empolgantes, como “Gimme Shelter”, dos Rolling Stones, A Um Passo do Estrelato é uma bela viagem pelas carreiras de figuras talentosas e admiráveis. E descobrir um pouco mais sobre as profissionais retratadas ao longo do filme acaba sendo realmente fascinante.
Fonte: https://www.papodecinema.com.br/
SINOPSE
Este documentário acompanha a trajetória artística das backup singers, que compõem as harmonias e contribuem a algumas das canções mais famosas de todos os tempos, mas quase nunca são conhecidas por seus nomes. O filme retrata como as cantoras são vistas na indústria musical, e porque não conseguiram ou não quiseram brilhar como artistas solo.