A primeira banda o qual fiz parte foi uma banda formada no ginásio para uma feira de cultura. Fizemos apenas uma apresentação, no repertório tinha heavy metal e punk rock. Eu era o vocalista e adorava berrar como um louco. O pátio do ginásio estava lotado de cabeludos vestidos de preto, tocamos covers de Sepultura, Black Sabbath e Sex Pistols. O diretor acabou expulsando a gente do palco por causa do som alto e do público enlouquecido que quebrava tudo ao seu redor. Mandei a platéia vaiar o diretor que me valeu uma advertência, minha mãe que assistia ao show me bateu nas pernas com um guarda-chuva para que eu parasse com aquilo. Foi hilário esta minha primeira experiência com o palco.
Ganhei meu primeiro violão de meu pai quando eu tinha 14 anos, era um violão Tonante elétrico de péssima qualidade mas, foi nele que aprendi os meus primeiros acordes.
Comecei a escrever poesia e música já no colégio, influência que vinha dos livros de Filosofia e História. Meu desejo de formar uma banda então só aumentava.
Eu e um amigo, o Jair, idealizamos nossa primeira banda e a batizamos de Eutanásia, a gente escrevia letras de protesto e só queria tocar punk rock, já que eramos músicos limitados a três à quatro acordes.
Eu e Jair no Colégio
Um dia eu mostrei minhas músicas e letras ao nosso professor de Filosofia o Zé Renato e ele então propôs a mudança de nome da banda para Cogito, de Cogito ergo sum "Penso, logo existo", frase utilizada pelo filósofo francês: Descartes.
Eu e o professor Zé Renato
Nesta época o Jair estava muito envolvido com o movimento estudantil e deixou o nosso projeto. Foi então que eu conheci o Sergio da turma de contabilidade, ele era um daqueles ditos Nerd, o primeiro da classe e fã de Pink Floyd. Um dia ele chegou em mim perguntando se poderia entrar em minha banda, perguntei a ele se ele tocava algum instrumento e ele respondeu que não mas que gostaria de aprender guitarra. Ele era alto, muito magro, cabelos lisos e usava óculos, sua aparência me lembrava o tecladista dos The Doors, Ray Manzarek. Então propus a ele que aprendesse teclados e ele gostou da ideia, em pouco tempo comprou seu teclado e em menos tempo ainda já estava tocando bem e compondo. Fizemos algumas músicas juntos e chamamos mais três colegas de colégio para tocar com a gente, o primeiro foi o Gu (Jeff Francezi) baixista, depois o Bigode (Wanderon Santos) guitarra e o Denis na bateria e esta foi a primeira formação do Cogito.
No ano de 1996 fizemos nossa primeira apresentação no festival de Helloween de bandas de garagem. O bairro em questão é Ermelino Matarazzo na zona leste de São Paulo capital, um bairro dormitório e que na época a unica opção de lazer para um adolescente era tocar em uma banda de garagem e frequentar botecos. Neste festival de música tocaram umas 15 bandas para mais de mil pessoas e foi muito legal ver uma das minhas músicas: "Tiros na madrugada", sendo cantada em coro.
Após este festival o guitarrista Bigode sai da banda e eu convido Dical´Marx a se unir ao Cogito, estudante de violão pela U.L.M e guitarrista da banda Base, banda essa, que era formada por atores de teatro amador e estudantes.
O Dica entra e já faz boas mudanças na sonoridade da banda, trazendo influências do rock de Brasilia dos anos 80. Fizemos apenas uma apresentação com esta formação em uma festa. Em 1997 novas mudanças, sai Denis e entra Edgar Vicentini na bateria que junto a ao Dica na guitarra, Gu no baixo, Sergio no teclado e eu no vocal formava assim a segunda formação do Cogito. Edgar era um baterista mais técnico e então cada vez mais o nosso som ia melhorando, com esta formação tocamos na pizzaria do Carlinhos, um reduto de bandas de garagem da época no bairro, foi uma das melhores apresentações até então.
Pizzaria do Carlinhos e Silvio Araujo
Foi na pizzaria do Carlinhos que eu conheci o Silvio Araujo, guitarrista experiente que tocava em um power trio coisas como Hendrix e Stevie Ray Vaughan.
No final de 1997 o baixista Gu saiu da banda junto com o baterista Edgar, então chamei o Jeferson conhecido hoje como Jeff Billy, baterista da banda de blues o Blue Label e o guitarrista Silvio Araujo para ser o guitarrista solo. O Jeff trouxe com ele o baixista Leandro e com esta formação fizemos apenas uma apresentação em um festival em Itaquera como mostram as fotos abaixo:
O Dica não estava mais contente com o som da banda que estava cada vez mais progressivo, com solos de teclados de quatro minutos e por conta de haver um outro guitarrista de influências diferentes das dele, ele então sai da banda. O baixista Leandro saiu logo em seguida dando espaço para a entrada de Ricardo (Bisteca), amigo de Silvio e um ótimo baixista. Com esta nova formação tocamos novamente no festival de helloween de 1998, a melhor apresentação do Cogito sem dúvidas, apesar de ter tido alguns problemas técnicos e outros que não vem ao caso comentar o show foi um sucesso. Este foi o maior público para o qual toquei, a estimativa era que tinha passado das 2000 pessoas.
Áudio resgatado pelo Silvio de Tiros na Madrugada ao vivo
Vejam as fotos do show de 1998
No final de 1998 os problemas pessoais pareciam me atormentar então resolvi sair da banda dando o fim aquela que foi uma grande formação do Cogito.
No decorrer daquele tempo eu estava numas de me dedicar a escrever e tocar violão, talvez influenciado pela música brasileira que agora eu passava a ouvir mais. Queria aprender a cantar direito e arrumar parceiros para compor, já que eu vinha compondo praticamente tudo o que se fazia no Cogito. Numa conversa de bar com um grande amigo meu o Alexandre (Xandão), regado por muita cerveja, ele me falou de um cara que era compositor e cantor, seu nome era Paulo Branco. O Xandão fez um mapa em um guardanapo e no outro dia para o espanto do Paulo eu batia palmas em sua porta, ele ficou surpreso com a minha cara de pau mas, depois nos pusemos a tocar nossas músicas uma para o outro. Adorei suas composições, tinha ali poesia concreta, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes e ótimas rimas. Chamei novamente o Dica e o apresentei ao Paulo que de cara se deram muito bem, não é a toa que a parceria deles durou por muitos anos. Cogito no estúdio em 1999
O ano era 1999 e com os dois fizemos mais músicas e criamos um repertório e nos pusemos a tocar em formato acústico, resolvemos gravar uma demo, gravamos três músicas, uma minha 'Espinhos de uma estranha flor', 'Traços' de Paulo Branco e uma que nasceu da parceria dos dois, 'Seus Sons'. Gravamos todos os instrumentos exceto a bateria onde foi contratado um baterista Free Lance. E com o nome de Cogito gravamos nossa demo que vocês podem conferir nos vídeos abaixo. Em 2001 aconteceria a última apresentação do Cogito já com mais um integrante o Edilson Albuquerque no baixo.
Meu irmão Rodrigo Motta em meados de 2002 formou a banda Absorto, junto com Eduardo Barros na gaita, Dinho na Guitarra, Anderson no violão, Beto no Baixo e Cláudio na bateria, e mais tarde contariam com a presença do meu primo Thiago Santos no violão e guitarra, onde tocavam praticamente todo o repertório do Cogito, chegaram a gravar algumas músicas que vocês podem conferir também nos vídeos abaixo.
Banda Absorto
Dical´Marx e PauloBranco tocam até hoje untos e vocês podem conferir alguns vídeos no Youtube,
Paulo e Dica na casa Lua Nova no Bixiga
De lá para cá venho me dedicando a escrever e compor e em 2009 resolvi me dedicar muito mais a guitarra instrumento o qual sou apaixonado e montei neste mesmo ano o projeto 'Aporte', um trio formado por Cristian na bateria, Elder no contra baixo e eu na guitarra e vocal. Este ano estou com o projeto 'Rock de Rua' que devo sair para tocar em breve.
Confiram abaixo a Demo da Banda Cogito do ano de 2000
Paulo Branco & Dica l' Marx no Lua Nova Banda Blue Label com Jeff Billy na bateria Silvio Araujo e sua primeira banda o Equilíbrio Mental