Neste fim de semana fui a mais um evento da Virada Cultural de São Paulo, venho acompanhando de perto o evento já a bastante tempo e aqui ficam minhas impressões e um pouco do que vi de bom e ruim por lá.
Nessa edição da Virada a abertura ficou por conta do retorno da banda paulistana Ira! depois de um hiato de sete anos. Desta vez levei minha mãe e minha irmã caçula acompanhadas também de meu melhor amigo, apreensivo por conta da segurança do lugar e de estar ali com minha família eu fiquei um pouco desconfortável mas durante o Show nos arredores do palco Julio Prestes tudo ocorreu sem nenhum incidente.
A banda Ira! sempre foi uma das minhas bandas preferidas da geração 80, sou muito fã de Edgard Scandurra e sempre é um prazer vê-lo tocar, a figura de Nasi assustou um pouco ele engordou muito da última vez que o vi ao vivo, esta foi a quarta vez que vi um show dos caras e também a primeira como pra todos ali presentes com uma formação nova. Referente aos músicos novos, um, filho de Edgard, assumindo o baixo Daniel Rocha, o baterista Evaristo Pádua e Johnny Boy nos teclados. Músicos de ótima qualidade que já vinham tocando nas carreiras solo de Nasi e Scandurra, não alteraram em nada a qualidade do som do Ira! de antigamente. O repertório foi recheado de hits e também de lados B da carreira da banda, o som não estava 100%, achei o som da bateria baixa e os discursos nos intervalos das músicas não estavam nítidos no ponto em que estávamos perto do telão, não se ouvia muito o que os músicos diziam, mas como disse antes a guitarra de Scandurra sempre brilha mesmo no escuro.
Partindo dali, eu e os meus fomos a pé rumo a São João, palco Rock and Roll do evento, já algum tempo situado na famosa avenida. Ali vimos o final da apresentação da banda Australiana Jackson Firebird, uma dupla de vocal e guitarra mais bateria. Não conhecia a banda mas achei o som muito bacana, aquela mistura boa de rock setentista com o rock contemporâneo recheado de bons rifes e um baterista animal.
Então depois disso acompanhei minha mãe e irmã até a Republica onde estava rolando Stanley Jordan num clima mais jazz-progressivo e deixei minha família no metrô para que fossem pra casa, ainda apreensivo e por conta dos horários de ônibus achei melhor e mais seguro e realmente foi, que elas não ficassem na madrugada no evento. Um ponto positivo do transporte público para o evento foi o funcionamento das linhas de metrô e trem durante 24 hrs e o negativo foi que os ônibus não circularam neste período.
Eu e meu brother voltamos para São João para ver o Golpe de Estado e a homenagem ao guitarrista Helcio Aguirra, que infelizmente morreu este ano, com um pouco de atraso e alguns problemas técnicos o show começou e também manteve a qualidade de sempre, este que é um dos principais expoentes do Hard Rock nacional. Muitos convidados bacanas participaram do show, só senti falta do grande baterista Paulo Zinner, mas participações como do Bluesman André Cristóvão compensaram essa falta. O momento mais emocionante foi quando Luiz Calanca da clássica loja de discos Baratos Afins da galeria do rock, trouxe para frente do palco a guitarra Flying V de Aguirra, fazendo-se presente durante o resto de toda a apresentação.
Com atrasos e também com falhas técnicas seguiu o evento infelizmente.
Uma das bandas mais esperadas da noite a clássica Uriah Heep anunciada ironicamente, fazendo soar nos ouvidos um Ira hippie pelo apresentador do evento, fez uma apresentação épica, e para mim que já vi nos palcos da Virada de outras edições gente graúda como Edgard Winter, Jon Lord e Billy Cox foi só alegria. Ouvir aquelas harmonias vocais, aqueles solos de guitarra e órgão e aquele velho e bom rock and roll setentista sempre é um grande prazer.
Nenhum incidente como brigas e assaltos foram presenciados por mim e meu amigo até o momento mas em uma hora ocorreu um corre corre, a policia corria atras de uma turma com aquele velho esteriótipo que evitamos falar por conta do "politicamente correto" pra não dizer outra coisa, mas que todos conhecem e que sempre acompanha eventos deste tipo.
Apesar do cansaço a noite foi ótima, acredito eu que se eu ainda consumisse álcool não aguentaria e não aproveitaria os shows como aproveitei desta vez. Mas muitos casos de gente passando mal e alteradas foi presenciado mas como no titulo deste post, é impressionante como os roqueiros em geral são unidos e pacíficos, muito fácil de se enturmar, porque além de ouvir nós que curtimos rock gostamos muito de falar de rock então vire e mexe alguém estava colocando sua opinião e seu ponto de vista sobre as bandas.
O fechamento não poderia ser melhor, mais um cara que entrará na minha memória roqueira enchendo minha lista pessoal de grandes shows que já vi: Mark Farner, o eterno guitarrista e vocalista do Grand Funk Railroad, tocando além dos clássicos do Grand Funk também músicas de sua carreira solo, simpatia pura no palco, um grande guitarrista e cantor e uma lenda viva, impressionante sua boa forma para um cara de 66 anos, pra mim só uma música faltou no repertório, a versão do Grand Funk para Inside, Looking Out do The Animals mas tirando essa eles tocaram minha outra favorita puxada pelo coro da plateia, Closer To Home, momento épico, uma curiosidade foi um fã que estava atrás de nós que cantou todas as músicas sem exceção apesar das desafinadas mandou super bem, parabéns para este cidadão! meu amigo brincou dizendo que o som de Mark nos faz imaginar em estar num daqueles típicos churrascos de grelha dos americanos comendo e curtindo um som, realmente essa é uma banda típica americana, grande show fechando a noite mas que ainda não acabou por aí.
Pra mim e para o meu amigo a noite já tinha acabado mas eu prometi a minha mãe e irmã voltar no outro dia pra ver mais algumas atrações. Uma banda nacional de uns garotos que vem me chamando a atenção a algum tempo, é a banda O Terno, um trio muito interessante, um som vintage, com letras inteligentes e bem humoradas, que resgata aquela sonoridade sessentista, hora Mutantes, hora Jovem Guarda mas com uma pegada full guitar e uma energia peculiar aos garotos que estão aí na casa dos vinte e poucos anos, fechou assim a minha maratona de shows.
Minha irmã adorou o som também, o show desta vez foi no palco da Líbero Badaró em frente ao mosteiro São Bento, apesar de ter dormido apenas umas cinco horas fui em frente, as ruas estavam bem mais tranquilas e com uma galera mais jovem se comparada a galera da madrugada que variava dos roqueiros de cabelos e barbas brancas e aqueles que como eu passaram da casa dos trinta. O show foi ótimo, desta vez sim, o som estava impecável e sem problemas técnicos aparente, mas eis que São Pedro resolve dar um banho em todo mundo com uma chuva de granizo, mas ainda bem que foi só na última música do repertório da banda e porquê também estávamos bem perto do metrô.
O único fator ruim deste evento desde sua primeira realização é a segurança, apesar de eu não ter visto nenhum incidente grave sei que em outros pontos da cidade ocorreram muitos. Mas este não é um problema pontual, qualquer evento desta magnitude neste país é suscetível à violência que infelizmente é uma realidade que o povo brasileiro convive diariamente, senti um aumento no policiamento no local mas também senti um aumento nas ocorrências criminais durante o evento.
Em todas as edições que eu fui geralmente passei mais tempo nos espaços reservados para o rock, nunca fui assaltado ou agredido, já dormi encostado em árvore com outros cabeludos sem ter nenhum pertence furtado, defendo a turma do rock por quê realmente há um diferencial em termos de atitude e comportamento, apesar dos preconceitos que existem, a turma do rock é fraterna e tolerante diante das diversidades, muito mais do que em outro qualquer movimento cultural.
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