quinta-feira, 8 de maio de 2014

BAOBÁS - PERDIDOS NO BAÚ DA HISTÓRIA (PARTE 5)

Num país sem memória como o Brasil, onde até obras essenciais de ídolos consagrados não foram reeditados em CD, não é de se estranhar que ainda estejam fora de catálogo muitos álbuns de artistas menos badalados. São discos raros, obscuros e/ou ignorados que, em seu tempo, sintonizaram a música nacional com o que estava rolando no exterior ou romperam com os padrões vigentes nas paradas. A seguir, algumas dessas jóias.
por Fernando Rosa

Mergulho na loucura da época

Um disco basicamente de covers, que devido ao mistério em torno da banda levou muita gente aos sebos atrás de uma cópia. Aquela capa colorida, apenas com o nome do grupo em vermelho (sem o "Os"), no entanto, fez a alegria de poucos. Gravado por um selo pequeno (Mocambo/Rozenblit) em 1968, o álbum é uma das maiores raridades da discografia nacional.

A história recontada dos Baobás tem seu ponto alto na presença do atual produtor e ex-baixista dos Mutantes, Arnolpho Lima Filho, o Liminha, entre seus integrantes. Aliás, com uma passagem meteórica pela banda, pois participa do único álbum por tabela: ele gravou apenas o compacto com "Ligth My Fire" (The Doors) e "Tonite"" (de Guga, cantor da banda), esta última presente no disco.

A saga dos Baobás, que desembocou na gravação desse LP, começa com a beatlemania, quando se chamavam Rubber Souls e participavam de programas de televisão de São Paulo. Em 1966, estrearam com o compacto "Pintada De Preto" ("Peinted It Black", dos Stones)/"Bye Bye My Darling" (deles), ao qual seguiram-se mais quatro disquinhos, entre eles "Happy Together" (Turtles) e "Down Down", um protopunk de autoria do ex-O'seis (o pré-Mutantes) Rafael Vilardi, então membro da banda.

O repertório do álbum é um mergulho na clássica e importada psicodelia da época, incluindo covers para Doors ("Hello, I Love You"), Love ("Orange Skies") e Kinks ("Well, Respected Man"). em suas 12 faixas, ainda rolam hits do momento ("The Dock Of The Bay", de Otis Reding), standards como "Hey Joe" e duas interessantes músicas próprias - "Tonite" e "Got To Say Goodbye" (do guitarrista Tuca). Com boa qualidade instrumental, o disco sofreu um problema de prensagem, responsável por um chiado no fundo, que não chega a atrapalhar a audição.

O nome Baobás-árvore gigante e frondosa da África, retirado do livro O Pequeno Príncipe, foi sugestão de Ronnie Von. Além do padrinho, com quem gravou um compacto ("Menina Azul", em 1967), o grupo também acompanhou Caetano Veloso pós-"Alegria Alegria" em programas de televisão e em shows, substituindo os Beat Boys. Clássica banda de garagem, a maioria de seus integrantes virou os anos 70 nas universidades, de onde saíram médicos, dentistas e empresários.
Fonte: revista Show Bizz edição 182 - Ano 15 nº9 - Setembro de 2000, velhos recortes de meu arquivo pessoal e Google.


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