segunda-feira, 3 de outubro de 2016

JOE STRUMMER: O FUTURO ESTÁ PARA SER ESCRITO (DICA DE CINEMA)






































Desde que vi este filme disponível na Netflix me cobrei a reservar um tempo para vê-lo. Trata-se de "Joe Strummer: O Futuro está para Ser Escrito", lançado em 18 de maio de 2007 (Irlanda). Há tempos que gostaria de tê-lo assistido, mas os anos foram se passando e outros títulos que surgiram foram tomando minha atenção, porém como o próprio protagonista do documentário diz no filme: "As pessoas podem mudar o que eles querem, e isso significa que você pode mudar qualquer coisa no mundo".

Reservei este tempo e enfim conferi mais um grande documentário musical, de uma lenda, figura importantíssima do cenário punk rock e da cultura pop mundial. O filme em grande parte é narrado pelo próprio músico, desde sua infância, mudando-se de um canto a outro por conta do trabalho de diplomata do pai, sua vida escolar, os primeiros contatos com a música e a arte, o trauma da perda precoce de seu irmão que se suicidou, as primeiras bandas até chegar ao auge com o The Clash. 

Julgo o valor de um filme por sua capacidade de me fazer pensar, além de uma boa narrativa e de um bom acabamento visual e no caso de documentários, a riqueza de arquivos e de depoimentos apresentados. Posso adiantar que o filme cumpre muito bem estes papeis. Joe Strummer em si já era uma figura comunicativa, verborrágico, contraditório, apaixonado, um pensador sagaz e um músico explosivo e de muito feeling, além de um letrista muito talentoso.  Por isso e muito mais é que indico este filme hoje, se você leitor fã de música, de história e cinema ainda não viu  "Joe Strummer: O Futuro está para Ser Escrito", não perca seu tempo e procure assistir, como eu disse antes o filme está disponível no serviço de Streaming da Netflix. Abaixo uma ótima resenha de um site especializado que resolvi transcrever aqui. 
























JOE STRUMMER: O FUTURO ESTÁ PARA SER ESCRITO

O Futuro Está para Ser Escrito é um filme documentário de 2007 dirigido por Julien Temple sobre Joe Strummer, o vocalista dos britânicos do punk rock banda The Clash. "The Future Is Unwritten" ganhou o British Independent Film Awards como Melhor Documentário britânico 2007. O filme estreou 20 de janeiro de 2007 no Sundance Film Festival 2007.

Joe Strummer mudou a vida das pessoas para sempre, depois de sua morte, sua influência se estende ao redor do mundo, com mais força do que nunca. Em "The Future Is Unwritten", do diretor de cinema britânico Julien Temple, Joe Strummer é revelado não apenas como uma lenda ou músico, mas como um verdadeiro comunicador dos nossos tempos.

Baseando-se em ambos a história do punk compartilhado e a estreita amizade pessoal que se desenvolveu ao longo dos últimos anos da vida de Joe, o filme de Julien Temple é uma celebração de Joe Strummer antes, durante e após o Clash. Julien Temple dirigiu muitos videoclipes para nomes como David Bowie e Rolling Stones, e documentários sobre o universo da música, principalmente sobre a banda punk Sex Pistols.

Sex Pistols Number I (1977) foi uma de seus primeiros filmes sobre a banda ícone do punk rock dos anos 70. Três anos depois, filmou The Great Rock’n’ Roll Swindle e em 2000 o filme O lixo e a Fúria, que ganhou o prêmio de melhor documentário pela Chicago Film Critics Association. O filme carrega um teor autobiográfico. Julien Temple viveu na mesma época de Joe Strummer, passou pelas mesmas transformações, desde os anos 60 e o movimento hippie passando pelo movimento Punk.

Dessa forma, o diretor sentiu uma facilidade maior em retratar Joe e o cenário que o rodeava, já que havia sido o de sua juventude. A trilha sonora oficial foi produzida por Ian Neil, Julien Temple, e Alan Moloney. É uma mistura de clipes de palavras faladas a partir de entrevistas com Joe Strummer e outros, faixas de suas várias bandas (incluindo várias faixas raras ou inéditas de The Clash).Seleções ecléticas de outros músicos que Strummer jogados em seu BBC World programa de rádio London Calling de 1999-2002 (alguns dos quais incluem a introdução falada), mostrava a sua musicalidade de forma eclética .



























The Clash trouxe para a música britânica e internacional muitas inovações. Misturando punk, blues, reggaes, ska e composições mais acessíveis, o grupo surgiu em 1976 e lançou sucessos como “London Calling” e “Should I Stay or Should I go”, com Joe nos vocais, Mick Jones na guitarra, Paul Simonon no baixo e Nicky Headon na bateria. O grupo foi um dos primeiros de Punk Rock a sair da Inglaterra e fazer sucesso fora do país, realizando uma turnê nos Estados Unidos.

Strummer nasceu em Ankara na Turquia. Sua mãe, Anna Mackenzie, era enfermeira de origem escocesa. Seu pai, Ronald Mellor, um indiano que trabalhava como diplomata de serviços estrangeiros nas ilhas britânicas. Sua família gastava muito tempo se mudando de um lugar para outro, e Joe passou partes de sua infância em Cairo, Cidade do México e Bonn.

Aos 9 anos, junto com seu irmão David (10 anos), começou a estudar na "City of London Freemen's School" em Surrey. Joe poucas vezes viu seus pais durante os sete anos seguintes à sua entrada na escola. Ele desenvolveu seu amor por Rock ouvindo gravações de Little Richard, Beach Boys e Woody Guthrie (Joe inclusive assumiu o apelido "Woody" por alguns anos).

Apesar de terem tido pouco impacto nas paradas dos EUA, a canção de The Who, do disco Quadrophenia do The Who 1973. É um álbum duplo e segundo do grupo ópera rock. A história segue um jovem “mod” chamado Jimmy e sua busca de autoestima e importância, definir em Londres e Brighton em 1965. É o único álbum do The Who para ser inteiramente composto pelo  líder do grupo Pete Townshend que pressagiava uma ferocidade musical e postura rebelde que caracterizou grande parte do primeiro punk rock britânico.



























Em 1970 seu irmão, David, se afastou da família entrou para o British National Front. Seu suicídio em julho do mesmo ano afetou profundamente Joe, que precisou identificar o corpo após 3 dias de desaparecimento. British National Front (BNF) (em português: Frente Nacional Britânica) é um partido político britânico de extrema-direita cuja atividade política atingiu o pico durante as décadas de 1970 e 1980.

Nas eleições gerais de 1979, obteve mais de 190 mil votos, terminando em sexto lugar, com mais votos do que o Partido Unionista Democrático. É considerada uma agremiação racista por aceitar apenas membros de cor branca. O sistema prisional e policial britânico proíbem a filiação tanto de seus empregados ao partido.

Um ataque cardíaco roubou-nos a mais emblemática figura do punk pôs fim à vida de uma das mentes mais brilhantes e combativas do rock inglês.Quando Joe Strummer foi encontrado sem vida, poucos meses depois de cumprir 50 anos, houve quem arriscasse que havia sido vítima de overdose. Principalmente, para os que não seguiam este gênero musical, ele é sinônimo de niilismo violento com a destruição da sociedade como meta.



























Joe Strummer, o vocalista dos The Clash foi um dos protagonistas do resgate político que vários grupos encetaram para derrubar os muros que separavam os jovens punks da capacidade de sonhar, deu sentido à violência antissistema como resposta a problemas sociais e com a visão de um futuro melhor.

Os palcos onde tocavam os The Clash não eram mais do que a continuação da revolta por outros meios. Isto nos tempos de Margaret Thatcher. O fenômeno teve repercussão mundial. Dos subúrbios de Londres às montanhas da Nicarágua e dos confrontos no País Basco aos guetos norte-americanos, ninguém ficou indiferente à mensagem dos The Clash.

A única vez que tocaram em Lisboa foi, em 1981, em Cascais. Estavam dez mil pessoas e, por esses dias, o álbum Sandinista andava pelos tops das rádios portuguesas. O jornalista António Duarte foi, dias depois, foi ao País Basco, entrevistá-lo em Donostia. À revista Sete, Joe Strummer assumiu o direito da ETA de lutar pela independência, criticou severamente as Brigadas Vermelhas e revelou-se simpatizante do IRA.

Durante a grave situação de Bobby Sands, em greve de fome, responde que o governo britânico é constituído por fascistas. Horas depois, morre o comandante do IRA na prisão de Maze. As letras dos The Clash revelaram-se hinos autênticos de uma juventude amordaçada. Cantaram aos trabalhadores, aos imigrantes, aos que lutavam contra o fascismo e o imperialismo.































O grupo de Joe Strummer, Mick Jones, Paul Simonon e ‘Topper’ não durou muito. Mas os dez anos de atividade dos The Clash foram o suficiente para incendiar um rastilho que ainda hoje perdura. Não são poucos os músicos que assumem as influências que Joe Strummer deixou. Billy Bragg destaca Joe como o “motor político dos The Clash”. Bono Vox define o grupo inglês como a “mais importante banda de rock and roll” e como o “guia dos U2”. Outros, como Manic Street Preachers, Green Day, Public Enemy, Fatboy Slim, John Squire, afirmaram a sua orfandade ante a morte de Joe Strummer.

Joe Strummer era filho de um diplomata, motivo que o levou a nascer em Ancara, assumia que havia sido principalmente, Woody Guthrie a empurrá-lo para a música. Quando a notícia da sua morte estava a preparando um concerto, na África do Sul, em homenagem a Nelson Mandela. Estava para ser lançado o terceiro álbum dos The Mescaleros.

Depois do fim dos The Clash, Joe Strummer fizera parte da banda The Latino Rockabilly War e cantou ao lado dos míticos The Pogues. Hoje, anos depois da sua morte, Joe Strummer, deixou uma herança musical que persiste que é bem maior do que tudo o que criou. Punk já não é apenas dos que só querem a destruição desta sociedade. Dos que dizem não haver futuro. (Texto de Geraldo Costa)
Fonte: http://obviousmag.org/

Sinopse

Vocalista da banda The Clash,nos anos 70, Joe Strummer influencia até hoje gerações com sua personalidade e suas músicas. Sem medo de dizer o que pensava, foi um dos grandes nomes do Punk Rock. O documentário de Julien Temple reune imagens de arquivo nunca vistas e cenas inéditas do cantor, desvendando sua intimidade nas relações com os amigos e família, e a sua participação no cenário Punk. O filme é uma homenagem à um dos ícones da música britânica em suas fases antes, durante e depois do The Clash. 

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