quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O ÚLTIMO NÚMERO - PERDIDOS NO BAÚ DA HISTÓRIA (PARTE 13)

















Num país sem memória como o Brasil, onde até obras essenciais de ídolos consagrados não foram reeditados em CD, não é de se estranhar que ainda estejam fora de catálogo muitos álbuns de artistas menos badalados. São discos raros, obscuros e/ou ignorados que, em seu tempo, sintonizaram a música nacional com o que estava rolando no exterior ou romperam com os padrões vigentes nas paradas. A seguir, um pouco mais dessas jóias.
Por Fernando Rosa.
















Nascido em 1985, em Belo Horizonte, e batizado com o título do último poema de Augusto dos Anjos, o grupo O Último Número foi inicialmente formado por Gato Jair (letras e voz), John Daniel (guitarra e violão), Paulo Horta (baixo) e Clôde Franco (bateria), que gravaram seu primeiro LP independente, "O strip-tease da alma", em 1986, disco lançado pelo selo Câmbio Negro, de BH. O segundo LP da banda, "Filme", de 1988, também independente e lançado pela Câmbio Negro, foi gravado por Gato Jair, Paulo Horta e Otávio Martins (guitarras e violões), Bob Faria (baixo) e Clôde.Os discos tiveram ótima recepção crítica e ótima acolhida do público, o que garantiu a realização de vários shows do grupo em BH, no interior de Minas, no Rio e em São Paulo. O grupo apresentou-se em locais como: Aeroanta, Circo voador, Garota de lpanema, Madame Satã, Sesc Pompéia, entre outros.

Museu do Mundo é o nome do terceiro CD da banda, que tem doze músicas, das quais três são regravações de canções registradas no segundo LP da banda, "Filme", lançado em 1988. As nove restantes são inéditas.

Além desses discos próprios, o O Último Número participou de duas coletâneas: "Rock forte", de 1987, com vários grupos mineiros, lançado pelo selo Plug da BMG-Ariola; e "Sanguinho Novo", de 1989, uma homenagem a Arnaldo Batista, dos Mutantes, gravado com vários grupos do país, e lançado pela Eldorado.





























Uma das características mais marcantes de O ÚLTIMO NÚMERO são as letras compostas pelo vocalista Jair. Elas são ricas em lirismo e dialogam com a tradição poética universal, mas mantêm-se sempre atuais e refletem críticas à nossa sociedade e ao tempo em que vivemos. Por esse fato, Jair foi considerado, no final da década de oitenta, um dos melhores letristas do país pela revista Bizz.























Após algumas idas e vindas, o grupo rearticulou-se recentemente com Jair, Otávio, Bruno Vasconcelos (baixo) e Clôde, realizando gravações ainda inéditas. Nos dias atuais, o grupo conta com um repertório composto, em sua maior parte, por músicas inéditas.
Fonte: http://rockcasa.blogspot.com/






























Montada em 1985, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e batizada com o título de um poema de Augusto dos Anjos, a banda O Último Número teve como primeira formação:

Gato Jair - vocal;
John Daniel - guitarra e violão; (João Daniel Ulhoa, atualmente da banda Pato FU)
Paulo Horta - baixo (fazia os arranjos da banda);
Clôde Franco - bateria. 

Gravaram seu primeiro disco independente, "O Strip-Tease da Alma", em 1986, disco lançado pelo selo Câmbio Negro, de Belo Horizonte. Para a gravação do segundo LP, "Filme", de 1988, também independente e lançado pela Câmbio Negro, a formação foi outra:

Gato Jair - vocal
Otávio Martins - guitarras e violão; 
Bob Faria - baixo;
Clôde Franco - bateria.




























Esses dois discos foram muito elogiados, tanto pela mídia quanto pelos fãs. Tais elogios garantiram ao grupo a realização de uma grande quantidade de shows em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Alguns dos lugares em que O Último Número se apresentou foram Aeroanta, o lendário Circo Voador, Garota de Ipanema, Madame Satã, SESC Pompéia e alguns mais. 

Museu do Mundo, gravado em 2001, é o terceiro CD da banda, que tem doze músicas, das quais três são regravações de canções registradas no disco "Filme". As nove restantes são inéditas. Além de seus discos próprios, O Último Número participou de duas coletâneas:

"Rock Forte", de 1987, com vários grupos mineiros, lançado pelo selo Plug da BMG-Ariola;
"Sanguinho Novo", de 1989, uma homenagem a Arnaldo Batista, da banda Os Mutantes, gravado com vários grupos do país, e lançado pela Eldorado.































VOCÊ JÁ OUVIU ESTE FILME ANTES?
(Matéria publicada na revista BIZZ em 1988)

Em seu segundo LP, Filme, o grupo mineiro aposta numa colagem de música, cinema e poesia

No final do ano passado, 1987, São Paulo e Rio foram invadidos pelo som que vinha das montanhas. Os poucos privilegiados que presenciariam a invasão puderam ver claramente o que muita gente ainda não percebeu: Minas produz, hoje, alguns dos sons mais interessantes do país. O que eles não sabiam é que duas das bandas que participavam do projeto BHZ Sonora já fazem parte da história do nosso rock: Sexo Explícito e Último Número. 

O Último Número tem 2 LPs gravados - ambos lançados pela Câmbio Negro, um dos últimos redutos da música independente em Belo Horizonte.

"É muito difícil sair de Minas, a não ser que você consiga patrocinadores. Por isso ficamos mais de dois anos sem tocar em São Paulo", explica Gato Jair, vocalista e autor de todas as letras da banda. Nesse meio tempo, o Último Número lançou dois LPs, participou de uma coletânea, mudou de formação e de estilo. Da banda que começou em 85, permanecem Jair, Clode (bateria) e Paulo, que passou do baixo para a guitarra. O outro membro-fundador, João, deixou o baixo para a entrada de Bob, ex-Ordem Humana. Mais recentemente, o grupo passou a ter cinco integrantes, com a entrada de Otávio na segunda guitarra.

Foi com essa formação que o grupo entrou em estúdio para as gravações de Filme. O LP surpreende pela evolução da banda em relação a O Strip-Tease da Alma. "Agora, minha voz não está mais sozinha à frente dos instrumentos. Para esse disco, queríamos um volume de som maior", explica Jair. O melhor disso é a regravação de "Ars Longa Vita Brevis", presente no álbum de estréia. A nova versão ganhou um arranjo climático que abre espaço até para citações cinematográficas. Mas isso é só o começo do Filme.

"O nome do disco reflete a influência do cinema na gente, mas serve também para ilustrar o jeito como eu componho - por imagens, como numa montagem cinematográfica", comenta Jair. Da primeira à última faixa, as referências explícitas ao universo cinematográfico são incontáveis - desde Down By Law, de Jim Jamursh, até Acossado, de Godard, passando por Pixote, de Babenco, a quem é dedicado o LP.

"Ah, tantas coisas feitas/para serem abandonadas/os amores e as estátuas/que enfeitavam as estradas..."(Museu do Mundo). Nas letras de Gato Jair, permanece a marca indelével do poeta. Afinal, o vocalista do grupo mineiro já fazia versos muito antes do rock nacional ensaiar sua ressurreição. Em plenos anos 70, ele formava, ao lado de Marcelo Dolabela e Rubinho, o núcleo da revista Cemflores, empenhada em divulgar a nova geração de autores mineiros. Não duraria muito: Jair, depois de passar por vários grupos, acabaria fundando o Último Número

"Mas a minha poesia não tem nada a ver com a dele", escreve Jair. "Minhas maiores influências vêm dos grandes compositores da MPB: Lupicínio, Cartola, Noel, Adoniram e, hoje em dia, Caetano. "No entanto, a ligação do grupo com a MPB para por aí. "O que nós fazemos é rock, só que com elementos de canção. Por isso, a gente se preocupa em ouvir as boas coisas da MPB e incorporar isso".






























Um dos próximos projetos da banda é registrar no vinil um cover de Lupicínio Rodrigues. Por ora, preferem tocar covers de Bob Dylan, Clash e Beatles - esta última incluída em Filme: "Decidimos gravar 'Come Together' porque achamos que nossa versão era original, muito diferente dos Beatles", conta Jair. Uma escolha previsível, já que algumas das grandes influências da banda estão nos anos 60: além do citado quarteto, Jair menciona ainda Velvet, Doors e Dylan, elementos fundamentais numa mistura que abriga ainda Clash, Talking Heads, Joy Division...

Ao mesmo tempo que se esforça para transpor as fronteiras do estado, o Último Número teme pelo que fica para trás. 

O último trauma dos mineiros foi o pau-de-sebo Rock Forte, lançado pelo selo Plug, RCA. Segundo Jair, foi uma experiência horrível, que resultou num disco mal gravado, mal distribuído e pessimamente divulgado. "Eles prometeram discos individuais e contratos de três anos para todas as bandas. A gente foi com o pé atrás, mas muitos outros acreditaram. Foi muita ingenuidade."

Prontos para entrar em estúdio e gravar um novo LP, os meninos do Último Número preferem manter os pés no chão, em vez de sonhar com propostas de gravadoras. Para Jair, o esquema independente ainda é a melhor solução.

"A gente até espera que algum dia uma gravadora nos ofereça algo concreto, mas eu acho muito difícil. Apesar dos problemas, a produção independente nos permite fazer tudo que temos vontade. É isso que importa..." M.A.G. 































Discografia

O Strip-Tease da Alma (1986)
























01 Dama Da Noite
02 Ars Longa Vita Brevis
03 Animal Sentimental
04 A Divina Comédia (O Jogo da Amarelinha)
05 Insistência
06 Eu Não Vôo
07 O Tempo dos Assassinos
08 Perjúrio
09 Agora Não
10 Destino
11 O Strip-Tease da Alma

Filme (1988)























01 Desintoxicação
02 Carta do Marquês
03 Os Doze Trabalhos
04 Ars Longa Vita Brevis II
05 Filme
06 Come Together
07 O Anjo (Canção Bizantina)
08 Museu do Mundo
09 s.t.

Museu Do Mundo (2001)
























01 A bíblia
02 O bêbado e as mulheres belas (lupicínica nº5)
03 roendo as unhas
04 É que eu não sei o que eu não sou
05 Os fogos dos jogos
06 I fell in love one day
07 Vermelho vivo
08 Miracle
09 Oração que o senhor nos ensinou
10 Limbo
11 Filme
12 Museu do mundo














Um comentário:

  1. Opa, e aí? Esses discos do Último Número poderiam de fato ser resgatados, disponibilizar nos streamings. São muito bons.
    Obs.: uma das fotos aí é da banda Varsóvia, de Santo André/ SP.

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