Engraçado como algumas coisas tornam-se cult, mesmo as vezes indo contra o que vem sendo estabelecido, é isso que questiono quando me vem em mente Bukowski e outros malditos das artes, da música ou literatura. Pensando em nosso Brasil atual, tão careta e politicamente correto, até me espanta ver os livros de Bukowski nas prateleiras de sebos e livrarias ou nas estantes das casas dos mais jovens. Não imagino essa juventude encaretada de hoje, que levantam bandeiras tão politicamente corretas, realmente curtindo a literatura deste ser tão repugnante aos olhos radicais, sejam eles de feministas fervorosas ou os de intelectuais de esquerda. A não ser que utilizem Bukowski e outros tantos como amuletos para suas rebeldias de boutique, até que entrem em alguma outra nova moda. Mas se você leitor não é um desses casos, poderá facilmente curtir a literatura de um cara demasiado humano, imperfeito como todos somos, um ótimo escritor e poeta. Por isso indico aqui este ótimo documentário que vi há tempos e também algumas indicações de outros títulos abaixo.
Sinopse
Bukowski: Born Into This é o último e mais abrangente documentário sobre a vida do escritor e poeta Charles Bukowski (1920-1994). Nele os fãs irão descobrir o Bukowski que eles sempre imaginaram, e entender como ele realmente foi. O filme traça a sua vida extraordinária, desde abuso infantil, seguindo através décadas de pobreza e alcoolismo, numerosos postos de trabalho, relações turbulentas, empregado nos correios por 14 anos e eua eventual reconhecimento internacional como poeta, romancista e ícone cult do movimento underground.
O diretor John Dullaghan passou sete anos pesquisando e filmando Bukowski: Born Into This, realizando dezenas de entrevistas com parentes, vizinhos, amigos de infancia, colegas de trabalho nos correios , namoradas e outros poetas, bem como amigos ilustres como Bono, Sean Penn, Harry Dean Stanton, Barbet Schroeder e Taylor Hackford
“Ele era incrivelmente sem graça, impressionantemente feio. Eu o achei muito atraente.”
Claire Rabe
5 LIVROS PARA CONHECER BUKOWSKI
Por Carlos André Moreira
1) Ereções, Ejaculações e Exibicionismos (L&PM, tradução de Milton Persson)
Coletânea em dois volumes de alguns dos principais contos publicados por Bukowski na imprensa alternativa. Dividido em Crônica de um Amor Louco e Fabulário Geral do Delírio Cotidiano, faz a crônica da violência subjacente à sociedade americana, principalmente aquela destinada aos que estão à margem. Prostitutas, derrotados, prisioneiros, viradores e criminosos (alguns versões do próprio Bukowski) são os personagens desta mais de meia centena de histórias que se dividem entre o feroz e cômico.
2) Cartas na Rua (L&PM, tradução de Pedro Gonzaga)
Ao longo de boa parte de seus romances, Bukowski narrou episódios e fases de sua própria vida, atribuídos ao seu alter ego Henry Chinaski. Neste romance de estreia que aborda dois períodos diferentes que Bukowski passou como funcionário dos Correios dos Estados Unidos, Chinaski sofre como carteiro de rua e, anos mais tarde, arranja um emprego no serviço de expedição como forma de sustentar a si e a mulher com quem recém se casou. Um livro que permite vislumbrar uma das grandes virtudes de Bukowski como um cronista do homem comum esmagado pela monotonia e pelo desespero do mundo do trabalho.
3) Mulheres (L&PM, tradução de Reinaldo Moraes)
Feio, bêbado, moldado por uma família truculenta e por centenas de fracassos em subempregos, Chinaski/Bukowski chega aos 50 anos quase celibatário – bem a tempo de acompanhar, perplexo, as mudanças do comportamento sexual da sociedade à sua volta. Uma coletânea agridoce de grandes paixões de um Chinaski começando sua trajetória de autor maldito, conhecendo, em sequência, uma série de mulheres com atitude diversa daquelas do passado: mais independentes e obstinadas. Mais do que sexo depravado, é um livro no qual Bukowski exibe uma faceta cômica e terna.
4) Hollywood (L&PM, tradução de Marcos Santarrita)
Há mais romances protagonizados pelo personagem Chinaski, mas este compõe com os dois anteriores um bom panorama da formação pessoal do Bukowski escritor. Já publicado e reconhecido por um número cada vez maior de leitores, Chinaski é procurado por um alucinado diretor de cinema, fã de seus livros, para escrever um roteiro cinematográfico. Baseado na experiência real de Bukowski como roteirista do filme Barfly (1987), de Barbet Schroeder, é um dos ápices de Bukowski como satirista, atirando com sua verve contra a frivolidade da indústria de cinema e até mesmo os próprios leitores malas de Bukowski – que nesta fase da vida tentavam provocá-lo para brigas de bar tentando fazê-lo reencenar seus próprios livros.
5) O Amor É um Cão dos Diabos (L&PM, tradução de Pedro Gonzaga)
Desde que começou a ser publicado no Brasil, pela Editora Brasiliense, Bukowski recebeu por aqui mais atenção para sua obra em prosa. Nos Estados Unidos, no entanto, boa parte do prestígio que o autor angariou no fim da vida vem de sua poesia – muito pouco editada no Brasil. Algo que começou a mudar nos últimos anos com a publicação, em 2007, deste volume que reúne poemas compostos entre 1974 e 1977. Como em sua prosa, estão ali os elementos autobiográficos, o humor cáustico e a crônica de um lado B da sociedade americana.
5 FILMES PARA CONHECER BUKOWSKI
Por Daniel Feix
1) Crônica de um Amor Louco (1981)
A primeira adaptação de Bukowski largamente conhecida vem da Itália. Neste filme do cineasta Marco Ferreri (de A Comilança), Ben Gazzara interpreta um poeta alcoólatra e rebelde, alter ego do escritor, que vaga pelo submundo de Los Angeles até conhecer uma prostituta linda e autodestrutiva (a atriz Ornella Muti), com quem inicia um romance que se transforma em tragédia.
2) The Killers (1984)
Este filme pouco conhecido do diretor idem Patrick Roth tem uma particularidade: a participação do próprio Charles Bukowski como o personagem O Autor. Baseado na história homônima de Bukowski, a trama narra o envolvimento de um pacato agente de seguros (interpretado pelo ator Jack Keroe) com um criminoso (Raymond Mayo) em Bervely Hills.
3) Crazy Love (1987)
Premiada (no Festival de San Sebastian) produção belga que o diretor Dominique Deruddere adaptou de vários contos de Bukowski, como A Sereia que Copulava em Veneza, Califórnia. A trama acompanha três noites importantes na vida de um homem, uma delas quando ele tinha 12 anos, a segunda no dia de sua formatura e a última já na terceira idade, amargurado.
4) Barfly – Condenados Pelo Vício (1987)
Diretor de Medidas Desesperadas e Mulher Solteira Procura, Barbet Schroeder assina este elogiado longa que tem como protagonistas Mickey Rourke e Faye Dunnaway (indicada ao Globo de Ouro pelo papel). Trata-se de uma história semi-autobiográfica que o próprio Bukowski escreveu (a pedido de Schroeder) e que foi publicado, com ilustrações do autor, antes da conclusão do filme.
5) Factótum – Sem Destino (2005)
Consagrado no circuito de arte, o realizador norueguês Bent Hamer adaptou o romance homônimo de Bukowski em Hollywood na década passada. No filme, Henry Chinaski (Matt Dillon) vive se empregando e sendo demitido de uma série de subempregos, que encontra para tentar bancar sua vida de bebedeiras, apostas em cavalos, mulheres e, principalmente, de escrever livros que nunca serão publicados.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/
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