segunda-feira, 18 de julho de 2016
JANIS: LITTLE GIRL BLUE (DICA DE CINEMA)
Coisa muito difícil, é alguém que realmente goste de música, principalmente fãs de rock, blues ou soul, não ficar arrepiado ao ouvir a cantora Janis Joplin. A primeira vez que me arrepiei foi quando adquiri o meu primeiro LP da cantora nos anos 90, "I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!", meu álbum preferido dela, de 1969, não é o mais famoso álbum, mas para mim, é perfeito, Já começa numa explosão sonora soul de Try (Just a Little Bit Harder), lindas canções como os blues: "One Good Man" e "Little Girl Blue", essa última é a que dá o título, do mais novo documentário sobre a cantora, o qual assisti hoje e que vou indicar aqui.
Renato Russo escreveu na letra de "Love In The Afternoon", que os "Bons Morrem Jovens" provavelmente para alguém querido(da) do músico que morreu jovem e que ele considerava uma boa pessoa. Eu a interpreto dessa forma e também no sentido de quê "é estranho que os bons, os mais talentosos e verdadeiros em seus respectivos trabalhos, morrerem jovens". Assim foi com o próprio Renato, que também nos deixou cedo demais.
Neste "seletivo" e sinistro "clube dos 27", onde Janis se juntou com artistas igualmente talentosos da história do rock como Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain, Amy Winehouse, para ficarmos nos mais conhecidos, é como uma maldição, mas como eu disse antes em outra postagem, sobre o filme "Amy", são tragédias típicas de um padrão de comportamento, inclusive neste "Zeitgeist" que foram os anos 60.
Agora falando do filme, o que posso dizer é que eu simplesmente adorei; como sempre em documentários bem feitos como este, me emocionei e fiquei com um nó na garganta, além de mais uma vez sentir aquele arrepio bom, igual o que senti da primeira vez que ouvi a voz de Janis.
Pelo que eu li, este documentário, da diretora Amy J. Berg, consumiu sete anos de pesquisa e pelo jeito, valeu muito a pena, o documentário é recheado de imagens raras, muitas inéditas, da cantora em ação, cantando, dando entrevistas e dos bastidores, além de um arquivo de fotos incríveis. O filme é narrado pela roqueira Cat Power, assim como foi feito no filme "When You're Strange" sobre a banda The Doors, onde o ator Johnny Depp narrou os eventos do filme. Ambos deram um sotaque Rocker bem legal aos respectivos documentários. No caso de "Litle Girl Blue" são narradas cartas e textos escritas pela cantora, principalmente cartas para sua mãe e família, uma riqueza em se tratando de documentos históricos.
Como disse muito bem Thales de Menezes, em sua crítica do filme, na Ilustrada do Jornal Folha de São Paulo:
"Antes de morrer de overdose de heroína em 1970, Janis passou por quatro anos intensos. Mais do que seu sucesso pessoal, ela construiu um caminho para as meninas no rock. Antes dela, mesmo nomes importantes como Grace Slick, do Jefferson Airplane, que parecia cantar numa banda como se os rapazes estivessem fazendo um favor a ela".
Realmente Janis, além de ser uma força da natureza, como uma pira, queimou rápido demais e que mesmo em pouco tempo, conseguiu abrir passagem para que as mulheres, também figurassem neste mundo até então, masculino do rock.
Eu vi um vídeo antes de ver o filme de uma vlogueira que acompanho na internet, onde ela disse ter gostado muito do filme, mas achou que a parte das drogas na vida da cantora não foi muito enfatizado. Discordo, acho que o filme retrata as drogas na vida da cantora sim, só que ao contrário de outros documentários, o assunto não é posto com tanta relevância, e isso para mim, é um grande ponto positivo do filme. Apesar de Janis ter sido uma menina triste, interiormente falando, ela se mostrava muito alto astral, sempre com um sorriso largo na face. Por este mesmo motivo, o filme demonstra muito bem isso, de que era muito difícil perceber que as drogas eram tão determinantes na vida da cantora. Ficou claro quê, determinante mesmo era a solidão que a menina Janis sentia, está lá nas cartas, documentado, nas letras de música que cantava, nos discursos que fazia nos shows em meio as canções. Quando aquela euforia dos concertos acabava, a iluminação baixava, o público e banda iam todos embora, sobrava apenas a cantora, os quartos de hotéis, as garrafas de bebida e as drogas. Ela continuava com a adrenalina, com a falta de um companheiro, e a profunda solidão que sentia sempre. Um dos últimos romances da cantora, onde me pareceu que ali realmente rolava um sentimento verdadeiro, aconteceu justamente aqui no Brasil, mas não vou dar Spoiler, vejam o filme. Mais uma indicação que faço aqui para os fãs de música e para os cinéfilos de plantão.
Sinopse
O documentário gira em torno de Janis Joplin, uma estrela do rock norte-americana. Porém, é abordado uma visão fora da música, revelando a mulher doce, sensível, confiável e poderosa que era por trás da lenda. Um relato de uma vida épica e turbulenta que mudou o mundo da música para sempre.
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