quinta-feira, 27 de junho de 2013

THE EDUKATORS - DICA DE CINEMA


Outro filme o qual recomendo e ontem pude conferir no festival de cinema da TV Cultura é Os Educadores - The Edukators, oportuno nos dias de hoje onde vivemos um momento histórico em nosso país já que trata de idealismo juvenil, protestos e tudo mais. 

Dirigido por Hans Weingartner
Com Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg
Gênero Drama
Nacionalidade Alemanha

Em certo momento de Edukators – Os Educadores, o personagem de Daniel Brühl diz que todas as revoluções se esgotaram. Que, hoje em dia, o que era ideal de luta contra o sistema se transformou em camiseta que se compra em qualquer esquina. A revolução se tornou um bem de consumo. Portanto, o ideal dos Edukators não poderia ser mais apropriado: combater o consumismo e a distribuição de renda desigual. 

Inicialmente formado apenas por dois membros, Jan (Brühl) e Peter (Erceg), os Edukators se transformam em um trio quando Jule (Jentsch), namorada de Peter, convence Jan a invadir a mansão de um milionário que lhe processou por um acidente de trânsito. Ela se vê obrigada a pagar o valor da Mercedes danificada, o que deve lhe tomar cerca de oito anos de trabalho. Algo sai errado durante a invasão à casa do sujeito e os Edukators logo se vêem não só envolvidos em um seqüestro não planejado, como também em um triângulo amoroso que pode colocar em risco a amizade entre eles. 

Dirigido por Hans Weingartner (O Som das Nuvens), Edukators é um filme de apelo jovem, que conta com uma direção moderna (a câmera participa da ação a todo momento, como na cena em que manifestantes tentam impedir a prisão de dois de seus membros). O cineasta tem o mérito de não se render a maneirismos comuns a videoclipes, como é costume hoje em dia em produções voltadas para o público adolescente. Weingartner, pelo contrário, sabe valorizar o que de mais precioso tem a seu dispor: o roteiro e o elenco. 

Julia Jentsch (Uma Mulher Contra Hitler) e Daniel Brühl (Adeus, Lenin!) são os que mais se destacam, já que são eles que provocam o conflito principal da trama. Julia é cativante. Ela é daquelas garotas por quem você iniciaria uma revolução sozinho. Sua meiguice é contrabalanceada com sua firmeza e seu ar de independência. Jule não está com Peter à toa, só porque acha bacana namorar um cara descolado. Ela divide com ele a mesma filosofia de vida, algo que também encontra em Jan. 

Inicialmente, o rapaz não dá muita bola para ela. Mas é aquele caso: uma indiferença que é usada para barrar uma atração inconveniente. Quando os dois começam a se aproximar, a se conhecerem e a descobrirem que também possuem os mesmos ideais, aí... Bom, você pode imaginar. Brühl se sobressai porque seu personagem é o que possui as melhores falas do roteiro. Ele é praticamente o porta-voz dos Edukators. Stipe Erceg atua em segundo plano, mas quando aparece é incisivo. É dele um dos melhores diálogos do filme, quando diz que “o que importa não é quem inventou a arma, mas quem puxa o gatilho,” colocando um fim numa discussão sobre de quem é a culpa da má distribuição de renda no mundo. 

Gerar essa discussão, aliás, é o principal trunfo de Edukators. Afinal, se apenas fosse a história de um triângulo amoroso, o filme poderia não passar de uma reprise. A mensagem dos Edukators não é uma mensagem reacionária. Não chega nem mesmo a ser um pedido de revolução. O objetivo deles é, antes de mais nada, não se renderem ao sistema. Não terminarem como o sujeito que seqüestram, “vendendo” seus ideais. Pode ser pretensioso que eles se auto-intitulem “educadores”, visto que não estão dando lições a ninguém, mas apenas, como Jan mesmo diz, tentando deixar os ricos inseguros.

Se há algo que eles ensinam é um exemplo de coragem. Não a coragem de burlar sistemas sofisticados de segurança, mas a coragem de não se deixar alienar, a coragem de acreditar na igualdade sabendo que sentimentos utópicos de uma sociedade perfeita não levam a nada. Sim, os Edukators possuem o desejo de uma revolução, mas é uma revolução que só pode começar se cada um de nós começar a dizer “não” ao “querer mais” e “sim” a virtudes, como a tolerância e a lealdade. 
Não é ser educado. É se educar. (Renato Silveira)
Fonte: http://www3.cinemaemcena.com.br/


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