terça-feira, 13 de novembro de 2012

O TERÇO E ENTREVISTA COM SERGIO HINDS (HISTÓRIAS DO ROCK NACIONAL) - ATUALIZADO

Nem lembro quando ouvi a primeira vez a banda O Terço, mas lembro da sensação de alívio de saber que na história do rock nacional, também tiveram bandas com uma sonoridade parecida com as bandas clássicas de Rock, como as Inglesas, e que utilizavam desde os ritmos de nossa própria música e linguagem com as que vinham de fora, principalmente o psicodelismo dos finais dos anos 60 e o rock progressivo com influência da música erudita. 

Além do Terço bandas como O som nosso de cada dia, O som imaginário, os nossos Beatles: Os Mutantes, os Secos & Molhados, O Peso, a Casa das Máquinas, Ave Sangria e etc, uma leva de ótimas bandas que lotavam ginásios e festivais em plena ditadura militar. As letras não eram políticas no sentido mais amplo da palavra, havia censura, mas em termos de som eram sensacionais, em meados dos anos 90 pesquisei muito sobre estas bandas e a minha preferida sempre foi O Terço, possuo boa parte de sua discografia em vinil, comprados na Baratos Afins da galeria do rock em São Paulo e outros demais em CDs reeditados, e gostaria aqui de registrar a história desta banda e uma entrevista com Sergio Hinds, guitarrista e fundador da banda, para o periódico dos anos 90 a International Magazine cedido para os jornalistas e redatores Marcelo Fróes, Nélio Rodrigues e Emílio Pacheco, onde ele conta com detalhes o surgimento da banda e sobre a década de 70.


História

O Terço é uma banda brasileira formada no Rio de Janeiro em 1968 por Jorge Amiden (baixo), Sérgio Hinds  (Guitarra) e Vinícius Cantuária (bateria). A banda começou tocando rock clássico, mas logo tendeu ao rock progressivo e ao rock rural e MPB caracterizando o som e a diversidade musical da banda. Segundo o guitarrista Sérgio Hinds (único membro presente em todas as formações da banda), a palavra terço foi escolhida como nome da banda porque é uma medida fracionária que corresponde a três ou a "terça parte dealguma coisa", como num rosário. O Terço caiu como uma luva devido a primeira formação da banda, que era a de trio (guitarra, baixo e bateria). Inicialmente, o nome escolhido tinha sido "Santíssima Trindade", mas para evitar atritos com a Igreja Católica, foi adotado "O Terço". 

Origem

O Terço originou-se basicamente de dois grupos, o Joint Stock Co. (que integrava Jorge Amiden, Vinícius Cantuária. Cezar de Mercês e Sérgio Magrão) e Hot Dogs (que integrava Sérgio Hinds). Todos eles viriam a fazer parte da banda em diversas ocasiões. O Terço surgiu no final da década de 1960 e a primeira formação foi: Sérgio Hinds no baixo, Jorge Amiden na guitarra e Vinícius Cantuária na bateria. Esta formação gravou o seu primeiro LP em 1970, com uma mistura de rock 50, folk e música clássica.

O Terço nesta época tocava em diversos festivais. Com a canção "Velhas Histórias", composta por Renato Côrrea e Guarabyra, o grupo ganhou o Festival de Juiz de Fora. Em um festival universitário, a banda ficou em 2º lugar defendendo a música "Espaço Branco" de Vermelho e Flávio Venturini (que mais tarde viria a integrar o grupo). A banda também classificou as músicas "Tributo ao Sorriso" (3º lugar) e "O Visitante" (4º lugar), em duas edições do Festival Internacional da Canção (FIC), o que levou a banda a se tornar o grupo revelação pela mídia especializada, com destaque para o vocal trabalhado em falsete, que era uma das características da banda. 

Primeiras mudanças 

Sérgio Hinds havia se afastado do grupo para tocar com Ivan LIns. Foi então que Jorge Amiden chamou  Cezar de Mercês para integrar o grupo como baixista. Sérgio Hinds voltou logo depois para completar o quarteto. Em parceria com Guarabyra, o grupo criou o violoncelo elétrico (tocado por Sérgio Hinds) e a guitarra de três braços (apelidada de "tritarra", tocada por Jorge Amiden. Foi assim que O Terço lançou um compacto duplo com 5 músicas, entre elas, um tema de Bach, que mostrava a influência clássica da banda.


Logo depois, Jorge Amiden que até então era a principal mente criadora de O Terço, se desentende com o grupo e o deixa. Em acordo entre os outros três integrantes, Sérgio Hinds registrou o nome "O Terço" para que Jorge Amiden não o fizesse. Após a saída do grupo em 1972, Amiden criou um novo grupo chamado Karma, junto com os músicos Luiz Mendes Junior (violão) e Alen Terra (baixo). O Karma gravou um belo disco ainda neste ano e depois se desfez.

O Terço passou então a ser Sérgio Hinds (guitarra), Cezar de Mercês (baixo) e Vinícius Cantuária (bateria). Ainda em meados de 1972, O Terço participou da gravação do disco Vento Sul de Marcos Valle. Também participaram em algumas faixas o trio "Paulo, Claudio e Maurício", formado pelos irmãos gêmeos Paulo e Claudio Guimarães (flauta e guitarra) e pelo arranjador Maurício Maestro, além do guitarrista Frederiko (Fredera), ex-Som Imaginário. O Terço junto com Marcos Valle fizeram uma turnê por todo país e tocaram no Festival do Midem em Cannes, na França.

Ascensão ao rock progressivo

Influenciados pelo rock progressivo inglês, O Terço mudou a sua sonoridade e em 1972 lançou um compacto mais pesado com as músicas "Ilusão de Ótica" e "Tempo é Vento". No ano seguinte O Terço lançou o segundo disco (homônimo). No disco o grupo mostra que queria mesmo era tocar rock progressivo e psicodelico. O disco continha uma longa suíte chamada "Amanhecer Total" (com 6 temas), composto pelos três integrantes e que conta com a participação de Luiz Paulo Simas nos teclados sintetizadores (Módulo 1000), Patrícia do Valle com a voz na introdução do tema "Cores", Chico Batera na percussão e Maran Schagen encerrando o tema "Cores Finais" no piano. O músico Paulo Moura também participou do disco, tocando saxofone alto na música "Você aí".


Nova mudança no grupo e aproximação com o rock rural

Após a gravação do segundo disco, Vinícius Cantuária deixou a banda para tocar com Caetano Veloso. Entraram na banda Sérgio Magrão (baixo) e Luiz Moreno (bateria) para tocar junto com Sérgio Hinds (guitarra) e Cesar de Mercês (guitarra base). A aproximação do grupo com Sá e Guarabyra deu uma guinada na carreira de O Terço. Na época, eles foram convidados a gravar um disco com a dupla (Nunca, 1974). Esta proximidade com o chamado "rock rural" da dupla influenciou muito a sonoridade da banda em sua fase posterior. Sérgio Hinds pediu a indicação de um tecladista para Milton Nascimento, que indicou Flávio Venturini. Com o novo tecladista, O Terço começou, já em 1974, a gravar o terceiro disco da banda. Cezar de Mercês deixou o grupo, mas continuou como compositor e colaborador da banda.

Fase Áurea
Em 1975, Sérgio Hinds (guitarra), Sérgio Magrão (baixo), Luiz Moreno (bateria) e Flávio Venturini (teclado e viola), concluíram a gravação de seu terceiro disco, o Criaturas da Noite. A capa do disco foi elaborada por Antônio e André Peticov e foi chamada de "A Compreensão". O disco começa com o pulsante baixo de Magrão, introdução do simples rock "Hey Amigo", composição de Cezar de Mercês que se tornou um dos maiores clássicos da banda. A influência do rock rural é bastante presente nas faixas "Queimada" e "Jogo das Pedras" (ambas de Flávio Venturini e Cezar de Mercês). A faixa-título (Flávio Venturini / Liz Carlos Sá), conta com os arranjos de orquestra do maestro Rogério Duprat. O disco traz as instrumentais "Ponto Final" (do baterista Luiz Moreno, que toca piano na introdução da música) e a suíte instrumental "1974", composta por Flávio Venturini. Visando mercado internacional, a banda gravou o vocal deste disco em inglês e lançou o Creatures of the Night. Em 1976, o grupo foi morar em uma fazenda, em São Paulo. 

Lá foi concebido todo o novo disco do grupo, que levou o nome de Casa Encantada. O disco segue a linha do anterior, com rock progressivo, músicas instrumentais e a influência do rock rural. O percussionista Luiz Moreno faz a voz solo das duas primeiras faixas do disco, "Flor de La Noche" e "Luz de Vela" (ambas compostas por Cezar de Mercês). A faixa "Sentinela do Abismo" (Flávio Venturini / Márcio Borges) é uma música solo do tecladista no disco (cantada e tocada apenas por ele) com um arranjo de cordas regido por Rogério Duprat. Cezar de Mêrces participou como flautista na faixa-título "Casa Encantada" (Flávio Venturini / Luiz Carlos Sá). O disco é encerrado com uma faixa da dupla Sá e Guarabira, "Pássaro". Durante concertos, a banda tocava músicas inéditas que ainda não haviam sido gravadas ainda, como a instrumental "Suíte" (Flávio Venturini) e "Raposa Azul" (Flávio Venturini / Sérgio Hinds).


Mudança de Tempo

Em meados de 1977, Flávio Venturini decidiu deixar o grupo para fazer um trabalho junto com Beto Guedes. Cesar de Mercês voltou ao grupo e trouxe com ele o tecladista Sérgio Kaffa. Ainda neste ano, com a nova formação, o grupo lançou um compacto com as músicas "Amigos" e "Barco de Pedra", ambas compostas por Cezar. A sonoridade do grupo se voltou mais para a MPB, mas sem esquecer suas raízes rock-progressivas. 

O quinto disco da banda, "Mudança de Tempo", foi lançado 1978. O disco segue praticamente a linha dos dois anteriores, com músicas instrumentais, progressivas, mas sempre com diversidade musical. O disco contou com as participações do maestro Rogério Duprat e de Rosa Maria (que canta uma música chamada "Minha Fé", uma canção ao estilo gospel norte-americano).Nesta época O Terço fez o seu primeiro concerto internacional, no chamado "Concerto Latino-Americano de Rock". Foram três concertos no Brasil (São Paulo no Ibirapuera, Campinas e Belo Horizonte) e dois concertos na Argentina (em Buenos Aires, no Luna Park e em Rosário).


O fim da unidade final
O Terço vinha cumprindo a sua agenda de concertos normalmente. Mas o desgaste com a gravadora e com gravação do último disco e com as críticas foi desgastando o grupo também. Além disso, Sérgio Hinds havia sofrido um acidente o que o impossibilitou de continuar a tocar por um bom tempo. Para a ocasião, a banda contratou Ivo de Carvalho para ocupar a guitarra e terminar os possíveis compromissos. Ainda em 1978, o grupo chegou ao fim. Luiz Moreno foi tocar com sua nova banda "Original Orquestra" e depois foi com Elis Regina. Sérgio Hinds e Cezar de Mercês gravaram discos solos no ano de 1979. Sérgio Magrão junto com os irmãos Flávio e Cláudio Venturini, Vermelho e Hely Rodrigues decolaram com a nova banda 14Bis.


O retorno

Em 1982, Sérgio Hinds reatou O Terço com Ruriá Duprat (teclados), Zé Português (baixo) e Franklim Paolillo (bateria), lançando o disco "Som Mais Puro". O disco contou com a participação de Vinícius Cantuária, tocando e compondo em parceria com Hinds algumas faixas do disco. A banda gravou neste disco uma versão mais compacta da música instrumental "Suíte", composta por Flávio Venturini que o grupo costumava tocar nos concertos mas nunca havia gravado. Depois o grupo teve um novo recesso. Sérgio Hinds lançou seu segundo disco solo, intitulado "Mar", no ano de 1986. Na década de 1990 Sérgio Hinds reuniu o grupo periodicamente, com formações diversas, para a gravação de novos trabalhos.


O retorno definitivo

Por volta de 2001, Flávio Venturini fez um concerto no DirecTV Hall em São Paulo e convidou seus velhos companheiros d'O Terço. O público pode ver (ou rever) Sérgio Hinds, Cezar de Mercês,Sérgio Magrão e Luiz Moreno novamente juntos no palco e tocando as músicas do grupo nos anos 1970. O Terço, ao menos por um breve período de tempo, estava reunido novamente. A partir daí, os músicos começaram os ensaios para o retorno definitivo do grupo. A idéia era a gravação de um disco ao vivo com algumas faixas inéditas. Porém um acontecimento interromperia os planos da banda: o baterista Luiz Moreno sofreu uma parada cardíaca e faleceu, levando o grupo a desistir temporariamente da idéia do retorno. Com o apoio da esposa de Moreno, Irinéa Ribeiro, o grupo resolve continuar o projeto. 

O trio Sérgio Hinds, Flávio Venturini e Sérgio Magrão, junto com o baterista Sérgio Mello resolvem seguir em frente. Em 2005, enfim, o grupo marca as datas dos 3 concertos (no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais). O primeiro foi dia 4 de maio no Canecão (RJ), onde foi gravado o DVD do grupo também. Nesta noite o grupo tocou quase todas as músicas dos discos "Criaturas da Noite" (75) e "Casa Encantada" (76), além de "Tributo ao Sorriso" (70), "Suíte" (75) e "P.S. Apareça" (96), e o concerto contou com as ilustres participações de Marcus Vianna, Ruriá Duprat, Irinéa Ribeiro e o quarteto de cordas Uirapurú. 

Na ocasião, foi lançado um CD de um concerto que O Terço fez em 1976, no Teatro João Caetano (Rio de Janeiro). Em 2007, o CD e DVD foram enfim lançados. O Terço continua fazendo concertos periodicamente em 2008 para divulgação do DVD e pretende ainda lançar um disco de estúdio com músicas inéditas, sem previsão para gravação e lançamento.Irinéa Ribeiro, viúva do baterista Luiz Moreno, está escrevendo um livro sobre a fase de O Terço em que seu marido tocou na banda. Em fevereiro de 2013, o baterista Fred Barley substitui Sergio Melo na bateria. 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Em 2015 sai o DVD e CD duplo O Terço 3D com Fed Barley na bateria e a participação de Cesar de Mercês no violão e vocais.



Entrevista com Sérgio Hinds:
- Seu primeiro grupo foi o Hot Dogs, em 1966, com Paulinho Jobin, primo de Tom,na bateria. Você uma vez comentou que naquela época o grupo aparecia mais na televisão do que O Terço conseguiu em toda sua carreira. Por quê?

-Na década de 70, o rock ficou num esqueDma meio underground e meio maldito.As empresas tinham medo. Na época em que Rita Lee descolou o patrocínio das calças Lee, ela foi presa no camarim e deu aquele puta rolo. Cancelaram o patrocínio e deu uma merda fodida no mercado. Era difícil conseguir patrocínio, até para cartaz e show. Em compensação, naquela época tinha muito público mesmo. A gente botava 15 mil pessoas! A produção era caríssima, tinha 5 iluminadores e iam duas jamantas com equipamento. Tinha muito público pra show. Neguinho dormia, chegava às 9 horas da manhã com mochila, na porta do ginásio, pra assistir a um show às 9 da noite. Tinha uma curtição. Naquela época a gente não fazia televisão, quase não tocava no rádio mas tinha um puta público pra show mas não fazia parte da grande mídia. Jamais íamos na TV Globo...

- Quer dizer então que Hot Dogs foi fixo no programa do Flávio Cavalcanti?

- É, teve uma época em que rolou isso. A gente até tinha um programa de rádio chamado "Hot Dogs Show", na Rádio Roquete Pinto. A gente apresentava bandas.

- E quanto ao Vinícius Cantuária e o Jorge Amiden?

- Existia um grupo que era bem coligado e amigo, que era o Joint Stock Co, do qual faziam parte Vinícius Cantuária, Jorge Amiden, César das Mercês, Sérgio Magrão e mais um guitarrista, que mais tarde foi diretor de programação do Aeroanta.

- E quem era o baterista?

- João, um cara que sumiu do mercado. Depois, teve Mário Celso, um outro cara que também sumiu.

- Foi daí que surgiram Os Libertos?

-Foi um grupo com o qual a gente viajou pro Mato GrossoEsse grupo era formado por mim, pelo Jorge, pelo Vinícius e pelo João, além de um outro cara. A gente viajou, fez uns shows e pá pá pá. O Terço surgiu assim: a gente tava fazendo shows lá no Mato Grosso e eu vim pro Rio, pra entregar uma Kombi. Eu estava passando pela Avenida Rio Branco e, ao final da avenida, vi o Paulinho Tapajós na esquina, querendo pegar um táxi. Eu o conhecia por causa do Paulinho Jobim, pois eles eram amigos e moravam perto. Eu falei: "E aí cara? Quer uma carona?" Ele entrou na Kombi e falou: "E o grupo? Como é que tá?" "Estou lá no Mato Grosso, fazendo show, mas o grupo tá demais". E ele falou: "Olha, eu estou fazendo minha primeira produção lá na Phonogram, Ivan Lins. Pô, a gente podia ouvir o trabalho de vocês. Quem sabe?" Marcamos e foi ele e um outro cara que foram ao nosso ensaio, ouviram e começaram o negócio. Pra surgir um nome, foi assim: tinha uma amiga do Paulinho Tapajós que fazia publicidade. Ela sugeriu vários nomes. Primeiro saiu Santíssima Trindade. A Censura vetou...

- Mas Os Libertos também haviam sido censurados, não?

- Também.


- Vocês iam gravar pra Forma já como Os Libertos, certo? Na hora de pensar em lançar o primeiro disco, é que vocês foram mudar o nome?

- E aí essa menina sugeriu O Terço. Porque era um trio e também porque a ideia de Santíssima Trindade devia-se ao meu apelido ser Jesus Cristo. Ivan Lins me chama de Jesus até hoje! Eles me chamam só de Jesus... E eu parecia mesmo! Tinha um quadro da minha tia que era igual! Eu usei uma puta barbona por sete anos. E os outros também usavam uns puta cabelões e tal, pareciam uns apóstolos. Foi daí que surgiu a ideia de Santíssima Trindade. Era um negócio pra chocar mesmo, mas aí a Censura também vetou. O Terço também sugeria um pouco isso. Era um trio e também o terço do rosário é um símbolo de união. A gente passou a usar o terço como um símbolo. Toda capa de disco tinha sempre um terço, de alguma forma. O nome surgiu desse jeito.  


- César das Mercês participou daquele primeiro álbum?

- Não, mas tinha uma parceria. Ele já estava envolvido, já era amigo. Porque ele cantou no Joint Stock Co. junto com o Vinícius. Os dois eram cantores do Joint Stock Co.!(...) Com aquele nosso primeiro disco, tivemos um compacto da Forma em 1970, com Velhas Histórias música com a qual a gente ganhou o Festival de Juiz de Fora. O primeiro show  de O Terço como O Terço e ao vivo foi neste Festival de Juiz de Fora. E a gente ganhou o festival, o que empolgou mais ainda a gravadora. Foi aí que as coisas começaram a rolar mais. E também a gente virou "pé quente" de festival: todos os compositores queriam que a gente os representasse. A gente conheceu o Flávio Venturini defendendo uma música dele e do Vermelho no Festival de Belo Horizonte, que a gente ganhou. 

- Depois vocês também foram pro Fic, né? 

- É, duas vezes. Tiremos terceiro lugar com Tributo Ao Sorriso numa edição e quarto com Visitante, na outra. 


- Visitante saiu num compacto-duplo que curiosamente já veio com uma música do Ivan Lins. Jorge Amiden parecia ser um excelente compositor. Por quê ele saiu logo depois?

- Teve uma briga mesmo, na época. Tipo assim, ele queriafazer um negócio e a gente queria fazer outro. Pintou uma briga e ele saiu. E aí, nunca mais... Mas depois disso a gente ainda continuou amigo, ele foi pra São Paulo pra trabalhar num estúdio. Depois eu nunca mais o vi, o último contato que tive foi com seu irmão... Já faz muito tempo. Ele sumiu do mercado.

 - Também teve uma época em que você saiu do conjunto, ainda que por um curtíssimo período? 

- Eu não cheguei a sair do conjunto. O grupo tava fazendo pouco show e aí o Ivan me convidou pra gravar o disco dele e fazer a excursão. Eu fui... e aí o grupo ficou parado; quer dizer, não ficou parado, não teve show. Quando tinha show, eu estava. 

- Amidem foi então o primeiro a sair, do primeiro para o segundo disco?

- A primeira grande mudança em O Terço foi a saída do Jorge Amidem.

- E o "Som Livre Exportação"?

-Era o programa do Ivan Lins e  a gente o fez duas vezes. Inclusive, nós saímos em dois volumes daqueles discos do "Som Livre Exportação". 


- Entre o primeiro disco e o segundo, que só saiu em 1973, vocês fizeram muitos shows. Aquele segundo disco já representou uma guinada, né? 

- Sim, foi eu, Vinícius e César das Mercês, naquele disco que saiu pela Continental. Inclusive ele já tinha uma viagem legal de progressivo, com aquela música Cores.

- Taí a grande diferença para o primeiro disco. Essa mudança deve-se a quê? 

- Toda vez que a gente mudava a formação, também mudava um pouco o formato. Porque todo mundo vinha com uma contribuição musical, de composição e tal. Normalmente era assim. Por exemplo, César de Mercês era uma cara que tava meio em casa, compondo pra caramba. Na hora em que entrou para o grupo, veio com uma bagagem de composição. Flávio Venturini a mesma coisa. Ele tava lá em Minas, só compondo; e, na hora em que entrou para a banda, veio cheio de música. Então aí O Terço ficou a cara do Flávio, naquela época. Ele veio com uma bagagem musical enorme...


- Por quê vocês saíram da Forma? O primeiro disco teve problemas de distribuição?

- A gente saiu por uma bobagem. A gente ia fazer uma excursão pelo Brasil inteiro e eles programaram fazer um compacto. Nós viajamos, caímos na estrada e não tinha o compacto em lugar nenhum. Não foi chegando e não chegou.

- Ele nunca saiu?

- Não. Nem me lembro se ele saiu depois... Na verdade, a briga foi essa. Nós saímos de lá por causa disso. Esse foi o motivo.

- Mas Tributo Ao Sorriso ainda saiu pela Forma. Como é que foi a experiência de tocar no FIC? Ele parecia ter muita importância naquela época.

- Tinha, revelava mil artistas e compositores. Era um negócio muito forte do cenário musical... mundial até, porque vinham os caras internacionais.

- Aquilo rendeu algum fruto de início de carreira internacional?

- Ainda não, (...) Minto, minto. Tributo Ao Sorriso foi gravado na Alemanha, teve uma coisa interessante com essa música: ela foi considerada a melhor música do ano. Tá lá no Museu da Imagem e do Som.

- Ela foi considerada em 3º lugar, tendo sido a primeira com a qual vocês participaram do FIC.

- Visitante já foi no ano seguinte. 

- Adormeceu tem influência de Bach e no próprio compacto-duplo vocês tocam um minuto e pouco da "Suíte em Ré Maior". Fale um pouco sobre essa influência da música clássica.

- Cara, eu acho que a gente sempre gostou do progressivo, que na verdade é um passeio por vários estilos. Na Europa, o rock progressivo é chamado de rock sinfônico, né?


- Quem influenciava naquela época?

- Eu ouvia música clássica... porque meu pai ouvia música clássica. Então a gente curtia música clássica. Eu sempre achei que na verdade o clássico tem a ver com o rock, porque essa coisa de você pesar o som e ser agressivo em determinados momentos não existia na MPB. A Bossa Nova nunca tinha agressividade, ela era sempre uma coisa suave. O rock tinha agressividade e o clássico também. Eu sempre imaginei essa união e já tinham grupos começando a desenvolver esse trabalho - Yes, Pink Floyd e o cacete. Eles faziam aquelas putas viagens, faziam frases eruditas. Yes, Pink Floyd, Genisis e Emerson, Lake and Palmer, eles tem um monte de frases eruditas no trabalho deles. Se vocês forem ver... Pega qualquer maestro , que o cara vai falar. Essa paixão pelo rock progressivo vem desde essa época, pois naquela época a gente nem tinha noção do que estava fazendo. Não tinha nem título de rock progressivo. Ninguém sabia exatamente o que estava fazendo. Todo mundo pesquisava, inventava coisas. Era uma liberdade musical total.

- No segundo disco, constam algumas parcerias com um certo Ezequiel. Era o Ezequiel Neves, né? Além disso, você gravou  coisas do Guarabyra e do Renato Correa. Além disso, a formação clássica de O Terço tem uma forte ligação com Sá & Guarabyra, né?

- É. Independente das condições artísticas e de show, a gente foi pra São Paulo porque existia uma proposta do estúdio do Rogério Duprat e de Sá & Guarabyra. Eles estavam juntos num estúdio e a ideia era a gente gravar jingles, para ganhar uma grana extra durante a semana.

- Nessa época vocês já gravaram os vocais em falsete. Antes mesmo da entrada do Flávio Venturini. Será que ele entrou exatamente porque cantava neste estilo?

- Não, o negócio dele foi assim. Nós ligamos pro Milton Nascimento, pedindo recomendação de um tecladista. Ele recomendou o Flávio. Só que nessa época nós já o conhecíamos. Nós já havíamos defendido sua música e já tinha ganho o festival. Só que nós nunca mais havíamos visto o cara. Dois anos depois, ele o recomendou. Nós não ligamos o nome à pessoa. Ele chegou em São Paulo, de malinha e cuia e tal. Ele foi pro estúdio onde nós estávamos ensaiando e ficou que nem um mineirinho, esperando acabar o ensaio com sua malinha. Quando nós fomos falar, lembramos de tudo. Era ele e ele ficou. 

- Aí vocês já saído da Continental?

- É, mas eu não sei porque a gente saiu da Continental. A Copacabana foi super-legal pra gente. 

- O "Criaturas da Noite" já estava pronto, né? Parece que vocês bancaram o projeto...

- Isso mesmo, a gente gravou e já chegou na Copacabana com o disco pronto. Quem negociou foi um empresário, na época o Mário. Eu acho que ele contribuiu muito para o sucesso de O Terço, naquela época. Eu acho que o empresário tem uma função super importante, é ele que leva o artista pra outros lugares dentro do país. O Brasil é um país muito grande. 

- Este disco fez com que vocês fossem eleitos pela crítica especializada como o melhor conjunto de 1974. Nessa época, surgiu a notícia de que havia um interesse de ver o disco gravado em inglês, para lançamento internacional.

- Na época, logo em seguida, a gente já o gravou e inglês. Só a voz foi gravada. As diferenças existentes são devidas à masterização. Foi lançado no Chile, na Argentina e na Europa - Itália, Portugal e, anos depois, um selo chamado Vinyl Magic o relançou em CD juntamente com "A Casa Encantada". A gente fez um show no Luna Park de Buenos Aires, para 11 mil pessoas.

- As pessoa já o conheciam bem? 

- Foi uma loucura, porque a cultura do argentino é copiadada Europa. Enquanto a gente copia americano, eles copiam o europeu. Eles leem muito e tinha uma revista que dissecava a nossa carreira, falando tudo. Tanto é que no camarim ficou uma puta de uma fila. O pessoal veio conversar com a gente, perguntando mil detalhes de coisas que nenhum brasileiro perguntava. A gente ficou espantado com isso.

- Vocês voltaram?

- O mercado não estava tão aberto quanto está agora. A gente também fez show em Rosário. Mas foi só na Argentina, apesar de ter saído na imprensa um monte de coisas que não se concretizaram. Chegou a sair que a gente tinha ido fazer uma excursão pela Europa, mas a gente não tinha ido porra nenhuma. Eu me lembro bem disso.

- Na época do "Criaturas da Noite", quando vocês já estavam sob nova formação, vocês estavam fazendo turnês com os Mutantes. Numa delas, após os sets de cada banda, vocês se reuniam para tocar músicas dos Beatles? Foi gravado pela TV Bandeirantes. 
- É, e um áudio disso chegou a ser gravado. Mas eu não sei onde é que foi parar. Foi uma coisa do Estúdio Vice-Versa, uma iniciativa de Marcus Vinícius - técnico de som que virou diretor comercial da Warner, durante um tempo. Ele morreu de overdose... Eu não sei onde é que esta fita foi parar.  Ninguém nunca a procurou, não houve interesse de nenhuma das partes. 

- Como é que eram estas excursões com os Mutantes? 

- Naquela época, aconteciam muitos festivais de rock. Era costumeiro você pegar um ginasião e botar Mutantes, O Terço, Som nosso de cada dia e Secos & Molhados. Depois que Rita se separou dos Mutantes, também tinha Rita Lee. Existia um bando que andava junto e fazia shows em conjunto. Um dos incentivadores e produtores destes eventos era o próprio Mário, nosso empresário. Ele montou vários shows grandes. Dava o maior pé, enchia e chapava. 


- E quanto a saída do Vinícius Cantuária? 

- Ele tinha umas propostas e oportunidades, como foi a proposta do Caetano - que foi uma puta oportunidade. E a  gente não estava numa fase muito boa, não tava rolando muita coisa. Isso também é um problema. No Brasil, você sobe e desce morro um monte de vezes. 

- O quê acontece? 

-Se você está num grupo e de repente param os shows e não rola grana nem nada, você começa a olhar para o outro lado. Eu ainda consegui manter o grupo porque eu sempre mexi com outras coisas. Desde 1972 eu mexo com publicidade. Então eu sempre tive uma alternativa de sobrevivência, independente do grupo, o que não acontecia com a maioria dos músicos. Se O Terço ficava parado, o cara ficava puto porque não tinha trabalho e nem como sobreviver. Ele ia procurar outra alternativa, tentar outras coisas.

- Principalmente porque vocês levavam um longo período entre cada disco.

- A nossa média era de dois em dois anos. 

- A saída de César rolou antes do "Criatura da Noite", mas o disco ainda trouxe parcerias com ele.

- Na verdade, a maioria dessas mudanças não rolou com briga. Por exemplo, o Franklin também tocou no disco que a gente fez na Warner. Depois, ele saiu de O Terço e agora voltou, pra fazer dois discos com a gente: "Time Travels" e "Live At The Palace". Ele saiu de novo... porque eu não aguentava as duas horas que ele nos fazia espera! (risos) Mas ele continua super-amigo da gente. São contingências da vida, né?


- "Mudança de Tempo" é o único disco da Copacabana que não foi relançado em CD na Itália. No Brasil, a Movieplay aproveitou apenas a capa, para fazer uma coletânea. Você acha que isso é devido às críticas da época, em função das mudanças decorrentes da saída de Flávio Venturini? 

- Eu acho que sim. Eu também não curti muito ele como disco, eu acho que não foi um puta disco. Então eu acho que ele não deu certo em nenhum sentido. Quer dizer, não deu certo nas vendas, na divulgação... 

- Porque de repente a Copacabana talvez também não estivesse mais dando certo...
(risos)

- Também! Já existia um desgaste com a própria gravadora. 

- Naquela época, rolou um boato de que vocês gravariam um disco ao vivo com a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro. 

- Isso, existia um projeto. Este projeto é muito antigo. Inclusive, eu falei mele em São Paulo, quando a gente tava trabalhando para fazê-lo. Eu estava com este projeto engavetado, morto mesmo. Na época, a gente não conseguiu tocá-lo no Rio. Paulo Moura estava envolvido e Júlio Medaglia também. A gente vinha tentando, vinha buscando patrocínio mas não conseguia. Não conseguíamos nem orquestra. Só viríamos a realizá-lo anos depois.

- Por que somente em 1983 você voltaria a lançar um disco de O Terço? Você havia abandonado O Terço, como um projeto de banda?

- Não. Na verdade, quando O Terço parou em 78-79, foi um desgaste geral... de cansaço mesmo. Naquela fase, a gente fazia uma média de 150 a 200 shows por ano. A gente estava de saco na Lua, eu não sabia onde é que eu morava. Eu não aguentava mais. De 74 a 79, a média foi de 150 a 200 shows por ano. Foram muitos anos seguidos de vida na estrada, o tempo todo.

- As gravadoras não estavam pressionando naquele final dos anos 70, para que vocês mudassem um pouco o estilo?

- Nada disso. Olha, veja bem, no finalzinho a gente presenciou o começo da dance. Talvez por isso tenha ficado esse espaço em branco.Não tinha mercado para eu aparecer de novo com O Terço. E aí eu inclusive tentei - na verdade, nem tentei, apenas tive vontade de fazer - algumas coisas. Fiz um negócio, que foi uma puta cagada musical. Eu morava no Rio de Janeiro, na Barão de Macaúbas - que é uma ferradura debaixo do Morro de Santa Marta. Fui criado ali e tinha um envolvimento com o samba, porque as escolas-de-samba desciam para ensaiar na minha rua. Os meus primeiros instrumentos foram percussão e tal. Aí, porra, eu sempre tive vontade de misturar. Quando eu entrava no meio de uma bateria de escola-de-samba, aquilo me contagiava... Era emocionante e eu também achava que aquela porra tinha a ver com rock' n' roll. Eu falava: "pô, vou misturar essa merda". Mas eu fiz uma grande cagada porque - veja bem - o público inteiro esperava que Sérgio Hinds se lançasse sozinho fazendo o som de O Terço, que era sua característica. Afinal, o grupo tinha uma forte contribuição minha: o som da guitarra, o jeito de compor etc. Então eles esperavam que eu fizesse aquele som... e não que eu viesse misturando samba com o cacete! (risos) Foi aquele delírio e naquela época eu tava cagando pra marketing, tava cagando pra tudo. Eu fazia o que dava na veneta. Aí eu fiz um disco completamente fora...

- O que você achou do 14 Bis, grupo que Flávio Venturini lançou naquela época?

- Ah, eu gostei... Eu sempre gostei do 14 Bis.

- Você nunca foi convidado para o grupo?

-Não, não. Porque aquilo até envolvia um sonho do Flávio de tocar com seu irmão na guitarra. Na verdade, a história de bastidores que eu sei é que o Flávio ia lançar um disco solo e na última hora tirou o pé do acelerador. Eles resolveram montar um grupo, pois ele achava que ainda não estava pronto pra lançar-se sozinho. Sua carreira solo viria a concretizar-se mais na frente.

- Por quê então O Terço voltou em 1983? 

- Na verdade, na minha cabeça, O Terço nunca havia acabado. Eu sempre achei que eu ia continuar com O Terço o resto da vida. Eu sempre amei fazer grupo e em tocar em grupo, muito mais do qualquer coisa. Eu sempre achei que eventualmente poderíamos mudar. Eu sempre vou estar com O Terço vivo, fazendo shows e discos. Até porque, como eu sempre fui super-honesto nos discos - com relação à musicalidade - e todo mundo sempre respeitou isso, apesar das mudanças de O Terço, nós sempre fomos respeitados... pelas gravadoras e pelo público. Nunca fomos grandes vendedores de discos, nunca fomos um puta sucesso, mas sempre existimos no meio. Sempre conseguimos um patamar legal. Eu tenho uma abertura legal nas gravadoras, não tenho grandes dificuldades em gravar e lançar discos e nem em fazer shows. Sempre temos público. Vou seguindo.


- Quando vocês voltaram em 83, o disco contou com uma parceria desconhecida. Mas teve uma série de parcerias com Vinícius e Amiden. Eram sobras ou durante a parada vocês encontraram para compor? 

- Não, foram feitas especialmente para o disco.

- Mas só Vinícius fez uma participação. Vocês nã tiveram vontade de aproveitar para remontar o grupo?

- Nesse meio de campo também teve vezes em que a gente se encontrou com o Flávio e o Magrão. A gente chegou a falar em voltar àquela formação "original", que não era a original mas que foi a que ficou. Mas todo mundo tava sempre fazendo coisas. O momento já tinha passado, seria difícil voltar a ser o que era. 

- Depois você levou mais um monte de anos para lançar o próximo disco. De 83 a 90, mais um espaço enorme. Você não estava tão cansado do grupo, estava? 

- Foi mais por falta de oportunidade. Agora tá mais frequente, tá mais regular! (risos)

- E o De Bone? Quando entrou?

- Ele entrou no "Time Travels", idéia que surgiu do André - um cara que sempre foi nosso amigo e que sempre esteve com a gente na década de 70. Uma vez a gente estava conversando e ele falou que estava querendo montar um selo, para distribuí-lo no mundo inteiro. "Pô Serjão, por que você não faz um disco bem progressivo mesmo?" Eu falava:  "No Brasil não tem mercado pra isso!" Ele disse: "A gente faz um disco só pra lançar no exterior!" Eu estava sem tecladista, então ele me apresentou a um amigo seu - o De Bone, que eu já conhecia de vista. Quem havia feito a capa do "Mudança de Tempo" é Zé de Bone, irmão dele. (...) Aí a gente remontou O Terço, voltando o Franklin.

- E quanto ao disco?

- Quando o De Bone entrou e a gente fez os primeiros ensaios, Flávio Pimenta pirou. Não achou que o projeto era legal, havendo uma dissidência. Ele saiu, o outro saiu e aí a gente teve que reformular O Terço. No primeiro dia de ensaio, rolou tudo isso. O "Time Travels" foi algo que nós sempre quisemos fazer, só que teve que ser voltado totalmente para o mercado internacional. (...) Entrou legal na Europa e no Japão, mas nos Estados Unidos nada. O mercado Americano é muito difícil.

- Alguma possibilidade de show na Europa?

- A gente tentou, cara. Mas não rolou.

- Depois rolou o "Live At The Palace"  depois "Compositores". (...) E quanto aos relançamentos dos discos originais de O Terço em CD?

- Sabe o que é que é? O negócio é o seguinte: o mercadodo disco nunca me deu grana. Nunca. A grana sempre foi rídicula, mesmo naquela época. Então eu nunca me preocupei. Todo mundo tem a consciência de que grava disco para usá-lo como argumento para fazer shows e ganhar dinheiro. Ninguém nunca ganhou dinheiro com disco. Ganha-se dinheiro com disco se ele vende milhões de cópias. E no Brasil, como toda empresa subfatura tudo e a gente não tem controle sobre número de discos, o lojista liga pra gravadora e pede: "Olha, me veja aí 50 discos do fulano!" O Vendedor pergunta: "Você quer nota de quanto?" "Ah, de dez!" Vai pagar o artista em cima de quê? Dos dez, né? O grande rolo de que todo mundo reclama é o subfaturamento.


Discografia 

O Terço - 1970
1. Nã
2. Plaxe voador
3. Vesúvio
4. Longe sem direção
5. Flauta
6. I need you
7. Antes de você... Eu
8. Imagem
9. Meia noite
10. Saturday dream
11. Velhas histórias
12. Ho Suzana


Compacto - 1971 
1. Visitante
2. Adormeceu
3. Doze avisos
4. Mero ouvinte
5. Trecho da ária extraída da suíte em ré maior de Bach


Compacto - 1972
1. Ilusão de óptica
2. Tempo de vento


Terço - 1973 
1. Deus
2. Você aí
3. Estrada vazia
4. Lagoa das lontras
5. Rock do Elvis
6. Amanhecer total


Criaturas da Noite - 1975
1. Hey amigo
2. Queimada
3. Pano de fundo
4. Ponto final
5. Volte na próxima semana
6. Criaturas da noite
7. Jogo das pedras
8. 1974



Teatro Philadelphia Ao Vivo - 1975 
1. 1974
2. Sangue novo
3. Solaris
4. Velho silêncio
5. Suíte
6. Rock do Elvis
7. Pano de fundo
8. Ponto final
9. Queimada
10. Imensidão azul
11. Tributo ao sorriso
12. Rock do Elvis (Reprise)
13. Hey amigo


Casa Encantada - 1976
1. Flor de la noche
2. Luz de vela
3. Guitarras
4. Foi quando eu vi aquela lua passar
5. Sentinela do abismo
6. Flor de la noche II
7. Casa encantada
8. Cabala
9. Solaris
10. O vôo da Fênix
11. Pássaro


Compacto - 1976 
1. Field on fire
2. Shining days, summer nights


Creatures of the Night - 1976 

1. Friend
2. Fields on fire
3. Back drop
4. Ending
5. I’ll come back
6. Shining days, summer nights
7. Stones
8. 1974


Compacto - 1977 
1. Amigos
2. Barco de pedra


Mudança de Tempo - 1978 
1. Não sei não
2. Gente do interior
3. Terças e quintas
4. Minha fé
5. Mudança de tempo
6. Descolada
7. Pela rua
8. Blues do adeus
9. Hoje é domingo


Som Mais Puro - 1982 
1. Viajante noturno
2. Linda imagem
3. Asa delta
4. Suíte
5. Coração cantador
6. Tambores da mente
7. Nunca duvidar
8. Luzes


O Terço - 1990 
1. Última geração
2. Alienígena
3. Metamorfose ambulante
4. Prisioneiro
5. Tudo muito simples
6. Sonho
7. Hey Joe
8. Rap
9. Liquidação
10. Girando lâmpada


Time Travellers - 1992 
1. Space
2. The last journey
3. Time travelers
4. Crucis
5. Lost in time affaire
6. The rhythm of the universe
7. Marear
8. The guardians
9. Suíte


Live at Palace - 1994 
1. Space
2. 1974
3. The last journey
4. Lost in time affaire
5. Criaturas da noite
6. The rhythm of the universe
7. Crucis
8. Luzes
9. Metamorfose ambulante
10. Hey amigo
11. Suíte


Compositores - 1996 
1. Time
2. PS apareça
3. Sangue latino
4. Folhas secas
5. Poeira
6. Mágica
7. Quem mata a mulher mata o melhor
8. Mundaréu
9. O braço da minha guitarra
10. Deus
11. Mãe Terra
12. As vezes
13. Menino da rua
14. Prazer e fé
15. Elza


Spiral Words - 1998 
1. Smile in a wave
2. Sete
3. The song
4. Beyond the real
5. My universe
6. Crucis
7. O homem do tempo
8. Spiral words
9. Balão
10. Pregnant
11. 1974


Tributo a Raul Seixas - 1999 
1. Eu nasci há dez mil anos
2. Roxixe
3. Maluco beleza
4. Sociedade alternativa
5. Rock das aranha
6. Al Capone
7. Como vovó já dizia
8. Gitã
9. Aluga-se
10. Mosca na sopa
11. Metamorfose ambulante
12. Trem das sete


Ensaio - 2005
1. Intro
2. 1974
3. Tributo ao sorriso
4. Guitarras
5. PS apareça
6. Jogo das pedras
7. Queimada
8. Quando eu vi aquela lua passar
9. Pássaro
10. Flor de la noche II
11. Casa encantada
12. O vôo da Fênix
13. Ponto final
14. Sentinela do abismo
15. Criaturas da noite
16. Suíte
17. Cabala
18. Hey amigo


Ao Vivo - 2007 
1. Introdução
2. 1974
3. Tributo ao sorriso
4. Guitarras
5. PS apareça
6. Pássaro
7. Casa encantada
8. O vôo da Fênix
9. Ponto final
10. K
11. Sentinela do abismo
12. Criaturas da noite
13. Suíte
14. Cabala
15. Antes do sol chegar
16. Entrevista com Sérgio Hinds
17. Entrevista com Sérgio Magrão
18. Entrevista com Flávio Venturini


O Terço 3D - 2015 
1. Hey Amigo
2. Tributo ao Sorriso
3. Criaturas da Noite
4. Flor de la Noite
5. 1974
6. Cabala
7. Casa Encantada
8. Foi quando eu vi aquela Lua passar
9. Jogo das Pedras
10. Queimada
11. Pássaro
12. Suite
13. PS: Apareça
14. Antes do Sol chegar
15. Ponto Final

Atualizado em 03/10/2015

Alguns vídeos do Youtube












2 comentários:

  1. O outro cara que Sergio se refere nos Libertos sou eu rsrsrs...em Corumbá,MS..a formação era : eu no baixo, Sergio no teclado, Jorge Amiden na guitarra e Vinícius Cantuária na bateria.
    Antes também toquei no Joint Stock Com., entrando o Magrão.
    Antes,ainda, toquei no Os Medievais,cuja formação cera Jorge,eu, Cantuária e De Sá..este também tocou no Joint.

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  2. O BATERIA VINÍCIUS CANTUÁRIA HOJE VIVE EM NOVA IORQUE EM CARREIRA SOLO E COMPÔS PARA CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL E MUITOS OUTROS E FEZ MUITO SUCESSO NOS ANOS 80 COM A CANÇÃO SÓ VOCÊ E AINDA É AMAZONENSE DA GEMA COMO EU.

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