A Aratanha Azul surgiu em 1973, como uma espécie de banda de colégio. Thales Silveira (contrabaixista) e João Maurício (guitarrista) estudavam juntos no Colégio de Aplicação e eram aficionados por rock’n’roll. Zaldo Rocha Filho (tecladista) conheceu a ambos, de olho nas coleções de discos deles: a de Thales, dos Beatles, e a de João, dos Rolling Stones. Daí, para se juntarem e formarem uma banda foi uma conseqüência não mais que ‘supernatural’ – só para lembrar Carlos Santana.
Todos eram muito novos na época. O mais velho, João Maurício, tinha 18 anos de idade, seguido por Zaldo, 17, e Thales, 14. A bateria, inicialmente, ficou a cargo do colega Flávio Menezes, 15. Mas não por muito tempo.
Com a saída de Flávio, e já com a proposta de levar o projeto a sério, o trio inicial buscou outro baterista. Paulo Daniel, primo de Zaldo de apenas 12 anos, vivia “batendo lata para mim”, como lembra o tecladista. Fizeram uns testes e decidiram incorporá-lo à Aratanha.
Esta formação foi responsável pelos quatro anos de trajetória do grupo, e pelo ressurgimento, agora em 2000. “Paulo era tão pequeno que a bateria o encobria, junto com o cabelo”, conta o primo.
A estréia oficial do grupo se deu em outubro de 1974, durante a Semana de Arte do Colégio Padre Abranches. Apesar da sombra da ditadura estar sempre presente, era um período especial para o que se poderia chamar de a gênese da música pop pernambucana. Laílson e Lula Côrtes haviam lançado o Satwa, um ano antes; e o grupo Ave Sangria o LP homônimo, no mesmo ano. “A gente era fã do Ave Sangria”, afirma Thales.
Seguiram-se diversos espetáculos pela capital pernambucana e, depois, por outras cidades do Nordeste. Zaldo recorda que, antes de se apresentar, a Aratanha ensaiava pelo menos uns três meses. “Cada show tinha que ter coisa nova, porque a gente tocava muito no Recife”, explica Thales.
As canções mostradas por várias escolas (São Bento, em Olinda; São Luís, no Recife, quando da inauguração da quadra de esportes) e teatros (do Parque; Valdemar de Oliveira), formaram um repertório com mais de 50 composições. Destas, apenas três contam com registro fonográfico – o compacto duplo Aratanha Azul, prensado pela Rozenblit em 1979, que traz ainda uma releitura do choro Escorregando, de Ernesto Nazareth.
“As músicas eram super-censuradas, principalmente as que tinham relação com sexo, religião e drogas”, relembra Zaldo. “Numa delas, eu apenas falava a palavra ‘Deus’ e eles (os censores) não acharam adequado ao contexto”.
Zaldo Rocha, que além de tocar piano e órgão também cantava, revelou-se o principal compositor da Aratanha Azul. Quando da formação do grupo, ele havia chegado recentemente dos Estados Unidos – onde fizera um ano de intercâmbio – e se encontrava sob forte influência do que escutara lá fora (Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Beatles e Stones). “Eu havia parado e voltei a tocar piano. Curtia muito Rick Wakeman e o Yes também. Yes era ‘a’ banda. Mas eu curtia muito o piano de Chopin”, ressalta.
A banda que mais influenciava a Aratanha, contudo era a Rolling Stones. Não apenas no aspecto musical, mas também no que dizia respeito a performance e cenários no palco. Em alguns shows, Thales e João iniciavam com um duo de violão. O Teatro do Parque era o local preferido, “a casa do Aratanha”, como define Zaldo. “Foram os melhores shows”, lembra.
Além dos músicos da banda havia uma ‘galera’ de amigos que ajudava na produção, fazendo luz, cenário e espalhando cartazes pela cidade com um balde de grude. “No último ano (1978), a gente fez uma turnê até Salvador (passando por Maceió), com esses amigos, sem pagar nada”, conta Zaldo.
O tecladista lembra que dois componentes da equipe de apoio viajavam em uma Kombi com toda a parafernália, enquanto os músicos seguiam de ônibus regular. “Como eu era aluno do Conservatório, gostava mais de tocar com piano (um modelo ‘de armário’). A gente andava o Recife todo com ele na Kombi. Uma vez, subimos o Pelourinho (na Bahia) com um piano de (meia) cauda”.
Tamanha produção resultava, segundo Zaldo, João Maurício e Thales – que hoje vivem no Recife – em ótimo retorno por parte do público. “Em 1976, no aniversário da banda”, diz o baixista, “colocamos no Parque mais gente do que (Raimundo) Fagner, que se apresentou uma ou duas semanas depois”.
No ano seguinte, eles viriam a tocar na primeira edição do festival Vamos Abraçar o Sol, ao lado de Cães Mortos e Flor de Cactus. Em 1978, gravariam o único disco da carreira, e dariam por encerrada a trajetória da Aratanha Azul.
O (Quase) Fim – Em janeiro de 1979, quando a gravadora Rozenblit colocara o compacto duplo da Aratanha no mercado, o grupo já não existia mais. Zaldo decidira ir estudar Música na Universidade de Campinas, onde permaneceria para cursar mestrado e doutorado em Lingüística; João Maurício, já formado pela Faculdade de Direito do Recife, seguira para a capital paulista onde faria mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo; e Paulo Daniel, pouco tempo depois, fora ao Rio de Janeiro – onde vive até hoje –, para trabalhar como músico.
Thales continuara no Recife, ministrando aulas no Conservatório. A música, contudo, permaneceu o principal elo de ligação entre os amigos. Nos anos 80, João chegou a tocar com Zaldo em alguns festivais, interpretando inclusive frevos do conterrâneo Nelson Ferreira.
E foi com a volta de Zaldo para o Recife, em 1997 – João já havia retornado para lecionar na Faculdade de Direito –, que eles começaram a amadurecer a idéia de reativar o quarteto. Pelo menos para registrarem em CD o repertório da Aratanha e (quem sabe?) fazer um show de lançamento. “Era para comemorar os 25 anos da banda”, diz Zaldo. Paulo Daniel virá exclusivamente do Rio de Janeiro para este feito. A trupe entra em estúdio em janeiro de 2001.
Texto: UOL Fonte: http://armazemdorocknacional.blogspot.com.br/
Discografia
Aratanha Azul (1979)
01. A História de Vicente Silva
02. Escorregando
03. Tema
04. Como os Aviões
Aum
Aum foi um grupo instrumental formado por cinco músicos de Belo Horizonte, na década de 80. Nadando contra a corrente, eles faziam um som híbrido, um ‘fusion’ de jazz com rock progressivo que desafiava o desinteressado público ‘new wave’ daquela década. Mesmo assim eles conseguiram chegar ao único lp. Gravaram de maneira independente na Bemol, em 1983, este álbum que hoje se tornou uma jóia rara, cotada bem cara nos sebos e mercados livres por aí.
Passados mais de vinte anos, a música do Aum continua intacta, causando-me surpresas.
Texto: Toque Musical.
Belorizonte é o único disco da carreira da banda mineira de rock progressivo Aum. Lançado em 1983, o disco gravado de maneira totalmente independente hoje é relíquia, e por isso se tornou muito valioso nas mãos dos colecionadores.
Em um período onde era muito difícil gravar e lançar sem uma gravadora por trás, além de ser epóca onde a new wave vendia milhões no Brasil, os 5 mineiros do Aum, lançaram um belo disco misturando rock progressivo com jazz fusion, criando um bela obra longe das mãos das grandes coorporações da indústria fonográfica, num período onde os ganhos estratosféricos das gravadoras se fazia muito presente.
Início dos anos 80, as rádios FM’s, programas de auditório na TV e as revistas especializadas em música estavam focadas na invasão da New Wave em nossa terra tupiniquin. Muito mais do que um estilo musical a New Wave se tornaria um estilo de vida, de se vestir (e de lucro) dominando praticamente quase toda uma juventude.
Sim, quase…
Em Belo Horizonte, 5 músicos resolveram se reunir e formar a AUM, banda instrumental que fazia um requintado e cristalino som progressivo/fusion da qual felizmente chegaram a registrar a sua obra.
“Belorizonte” foi seu único registro e gravado de forma independente em 1983 no Bemol, primeiro estúdio de BH e na ativa até os dias de hoje por onde já gravaram Milton Nascimento,Toninho Horta, Roberto Menescal dentre outros.
Hoje “Belorizonte” é a agulha (de ouro) no palheiro dos grandes sebos e mercados livres da vida.
Texto: Edson Kah Fonte: http://redesina.com.br/
Discografia
Belorizonte (1983)
01. Tema pra Malú
02. Serra do Curral
03. Belo Horizonte
04. Nas Nuvens
05. 4 e 15
06. Tice
Muito bom seu blog.
ResponderExcluirQuer fazer parceria com https://portrasdavitrola.blogspot.com.br/ ?