sexta-feira, 26 de agosto de 2016

KEITH RICHARDS: UNDER THE INFLUENCE (DICA DE CINEMA)













Vou falar de um filme que estreou o ano passado mas só agora eu consegui ver, trata-se de "Keith Richards: Under the Influence ", produzido pela Netflix e dirigido por Morgan Neville. Gostei bastante do documentário, diria até que ele é um filme um tanto sóbrio se levarmos em conta seu protagonista. Antes de escrever eu li algumas críticas, que levando em conta o fato do filme ser de certo ponto muito comportado, frustrou aqueles que esperavam por polemicas e histórias bizarras desta lenda do rock. É um filme feito para fãs de música, para músicos e afins, eu já disse por aqui mais de uma vez, quê não me agrada mais ver apenas as porra-louquices tragicômicas de astros da música e por isso o filme me agradou bastante.

Ontem eu completei mais um ano de vida, e nestas datas eu tenho uma tendência em ficar mais introspectivo e reflexivo do que o normal, fazendo em minha cabeça uma análise fria sobre minha vida, entendi o quanto amadureci, ainda mais nos últimos cinco anos. Durante e após o filme, essa ideia de maturidade bateu forte em mim e pensando na coisa do rock hoje, cheguei a certa conclusão, de quê esse gênero de música que já é um senhor de mais de sessenta anos, diga-se de passagem, tornou-se aquilo que o jazz de certo modo preencheu na história, com o papel de "música requintada e metida a besta" se é que me entendem. Nesse nosso Brasil, já ouvi coisas do tipo: "Só Nerd e coroa é quem ouvem rock", era exatamente o que eu pensava quando mais jovem, sobre as pessoas que ouviam Jazz. E por isso, ouvindo Richards falar no filme, é fácil entender que sua jornada é maior do quê as bobas polemicas em que se envolveu, o qual os críticos tão bobos quanto, não conseguem entender.













Realmente esses caras são como pedras que ainda teimam em rolar, ensinando como é fácil e simples fazer um som bom, são os verdadeiros mestres do rock and roll.

Ver Richards tomando uma surra na sinuca do bluesman Buddy Guy já valeria um ingresso no cinema, ou o tempo na frente da TV, mas ver Richards falando da infância, de uma Inglaterra triste, ainda em escombros da Segunda Guerra, e de ser salvo pelo blues de Muddy Waters, o country music de Hank Williams e o rock'n'roll de Chuck Berry e Elvis Presley, é o que torna o filme emocionante. Aliás, a gratidão mutua entre os medalhões do blues de Chicago e os Stones ficou bem evidenciado no filme:

"Em outra passagem marcante, Richards vai a Chicago, à sede da gravadora Chess (onde se espantou, nos anos 60, ao ver Muddy Waters pintando as paredes do prédio) e encontra o bluesman Buddy Guy, que fala da importância dos Stones para a popularização do blues no mundo.

Guy conta que chorou ao saber que os Stones exigiram, num programa de TV nos anos 60, a presença do bluesman Howlin' Wolf. "Foi a primeira vez que vi Wolf na TV. E foi tudo culpa desses caras", diz, apontando para Richards". (Trecho da matéria da folha ilustrada: ANDRÉ BARCINSKI EM ESPECIAL PARA FOLHA 23/09/2015/http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada)















O filme serviu para que Richards divulgasse seu último álbum "Crosseyed Heart", mostrando o músico e banda em ação no estúdio. Um pouco do processo de Richards para compor, dos gêneros musicais que o marcaram, como o blues, country e o reggae e trazendo na lembrança os amigos que se foram como Gram Parsons e Muddy Waters. Também para mostrar o lado pacato do astro vovô.

Para quem queria ver o mais do mesmo de histórias de sexo, drogas & rock and roll, aguardem o músico partir desta para melhor, se é que este Highlander da vida real chegará lá, para que façam da vida do cantor o circo que quiserem em algum filme póstumo.

Mais um filme que eu recomendo, principalmente para os fãs de música e cinema, aqui neste meu humilde blog.

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